CAPÍTULO DOIS - SERENA

348 8 0
                                    

Puta que pariu. É a única coisa que consigo pensar ao subir as escadas segurando aquele presente. Marcos é o homem mais gostoso que já conheci. Aquela voz rouca e baixa ao falar fez coisas em mim que eu – com certeza – aproveitaria mais tarde.

Para sua idade, ele é um pedaço de mau caminho. E aquele presente ? Ele não fazia ideia de que eu faria um bom uso dele. Quem sabe eu não o mostre ? Como será que ele reagiria ?

Deixando o presente no quarto que eu estava ficando até encontrar um apartamento para mim, virei o resto da cerveja tomando coragem e voltei para a festa. Como só conheci uma garota na faculdade há umas semanas atrás, deixei nas mãos dela chamar a galera para minha festa. Luna e eu viramos amigas assim que sentamos lado a lado na sala de aula.

Então, como não conhecia ninguém e não era fã de socialização, evitei ficar no meio das pessoas, me contentando em assistir a farra em um cantinho confortável. Fazendo as contas, recusei cerca de 3 caras e 2 meninas até agora. Primeiro ponto: eu não iria ficar com ninguém na casa do meu pai e segundo ponto: eu não fico com pessoas da minha idade. Simplesmente não curto essa insegurança que a maioria as pessoas dessa idade tem na hora do sexo.

Trabalhando com o que eu trabalho, o sexo para mim não é um tabu e como sei o que quero, quando tento impor isso com as pessoas, elas parecem recuar ou forçar algo que eu não to afim e acaba tornando a transa uma merda. Automaticamente minha mente me leva à pergunta se com Marcos o sexo seria bom. Ele tem cara de que fode gostoso, e bem, sua idade é o ponto alto para mim.

Bem nessa hora, em meio a pensamentos safados que tenho sobre como ele reagiria me assistindo trabalhar, sinto alguém tocar meu antebraço por trás. Me virando já preparada para recusar mais alguém, dou de cara com o rosto inexpressivo do homem que passou a se tornar meu oficial objeto sexual imaginário da noite.

- Você não deveria, sei lá, estar brincando de dançar com seus amigos ? - Marcos me pergunta.

- E você não deveria, sei la, estar andando por aí segurando uma bengala ? - retruco usando seu jogo de palavras. Ah se ele soubesse...

- Ah Serena... sorte sua que não me ofendo fácil e meu senso de humor é igual ao seu, mas não vou responder o que queria em respeito ao seu pai.

- Vamos fazer uma brincadeira rapidinho então: fingindo que eu não sou a filha do seu melhor amigo, como você me responderia então ? - insisti querendo saber o que ele não estava falando.

Olhando para ele com o ar mais inocente que consegui, não esperava a resposta que saíra de sua boca depois de ele dar um sorriso discreto enquanto olhava para minha boca.

- Se você não fosse filha do meu melhor amigo, eu responderia que não quer dizer que eu não esteja segurando, que não tenha uma bengala comigo agora mesmo.

Levantando suas sobrancelhas várias vezes e rindo do choque momentâneo em meu rosto, tentei me recuperar rapidamente e nesse momento eu juro que ganharia um desafio de strongman apenas pela força de vontade de não olhar para onde seu pau está. Porra, eu gozaria gritando seu nome hoje.

- Touché, querido Marcos. - Disse enquanto brindava nossas cervejas rindo baixinho.

Depois de um momento de silêncio enquanto observamos a festa rolar, Ouço Marco falar:

- Eu te conheço de algum lugar. Só gostaria de saber de onde.

Dando um longo gole da minha cerveja, começo a pensar as infinitas possibilidades de já nos conhecermos, mas eu, com certeza me lembraria de alguém como ele. - Sinto muito, mas receio em dizer que infelizmente nunca nos vimos antes.

- Não sei, essas curvas... digo, seu corpo... ai merda, eu só acho que já te vi. - vejo seu desespero em disfarçar que reparou em meu corpo. - você trabalha com o que mesmo ?

Merda ! Será que ele já assistiu algum vídeo meu ? Ele não poderia me reconhecer... eu nem mostro meu rosto ! É sempre do pescoço para baixo e não tenho tatuagens para que alguém possa revelar à minha família o que eu faço. Tudo bem, que tenho mais curvas que o padrão das mulheres que trabalham com a mesma coisa que eu, mas meu corpo é normal !

- Eu, ham... trabalho com cinema ! É por isso que vim para o Texas... a faculdade de artes cênicas aqui é espetacular ! - Disse me enrolando com as palavras. Porra se ele descobrir vai contar meu pai e estarei fodida pra caralho, e não do jeito bom.

- Interessante. Faz muito tempo que trabalha na área ? Você faz o que exatamente ?

- Trabalho há 7 anos. - respondi evitando a segunda pergunta propositalmente. - e você, faz o que da vida ? Papai fala sempre de você mas nunca entrou em detalhes – tentei mudar de assunto.

- Sou advogado de uma empresa de consultoria – Marcos responde olhando para mim. Se ele notou que troquei de assunto assim, do nada, ele não demonstrou.

- Que legal ! Qualquer dia pode me contar os casos mais inusitados que trabalhou. Adoro o fora do obvio – respondi interessada de verdade.

Nesse momento, Luna chegou por trás de mim e me deu um tapa na bunda me assustando e tirando um gritinho abafado de mim.

- Vamos logo aproveitar seu aniversário garota ! Já já vamos cantar parabéns – Luna disse já me puxando para a pista de dança que foi montada em cima da piscina de forma a parecer que as pessoas estavam flutuando na água. Com um olhar de desculpas pela saída repentina da conversa, deixo Marcos e acompanho Luna.

O que não entendi foi o choque na cara de Marcos depois de gritei de susto.

DÊ-ME UM PRESENTEOnde histórias criam vida. Descubra agora