como coelhinhos entocados | único ♡

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— ki? ki! ki, ajuda!

— quê?

killua mal está acordado o suficiente para encontrar a corda do abajur, tateando tolamente até enrolar seus dedos nela e colocar o quarto em penumbra. segundos depois, um raio faz todo o trabalho das lâmpadas em clarear o rosto completamente amedrontado de gon por alguns segundos, seguido rapidamente de um trovão estrondoso que faz com que ele choramingue ainda mais e cubra os ouvidos com as mãos, encolhendo-se em si mesmo e soluçando pelo susto. mesmo sem os óculos, killua vê que a postura do moreno não é a usual e tenta pensar num motivo para isso, o qual teria encontrado infinitamente mais rápido apenas pelo apelido que era chamado se não estivesse bêbado de tanto cansaço.

— ei, gon, o que tá havendo?

— medo! — ele protesta enfaticamente, dando um gritinho quando outro raio clareou a noite, prevendo o trovão. — bauio!

finalmente o albino desperta do estado sonâmbulo que estava quando o trovão sacode o vidro das janelas do quarto e sente que seus neurônios voltam a funcionar ao reparar na fala simples, porém objetiva, de gon: é óbvio que em uma noite de trovoadas tão fortes estava completamente amedrontado do som e de estar sozinho. suas pelúcias o protegem dos males debaixo da cama e apenas eles; tecnicamente, a única coisa que podia o salvar de todo e qualquer mal meteorológico era ficar seguro no abraço de killua, o que demorara a pedir por estar dividido entre seu terror gigante e saber que o zoldyck está exausto das coisas que gente grande vive fazendo.

— opa, garotinho, não precisa chorar enquanto eu estiver aqui. — gon vai até o encontro dos braços estendidos amavelmente e recosta sua cabeça no ombro de killua, encolhido em seu colo de olhos firmemente fechados enquanto ele os cobre e balança de um lado para o outro, fazendo carinho no braço moreno. — tá tudo bem agora, lembra do que eu falei?

— tudo bem se o ki tiver aqui...

— isso mesmo, garotinho, muito bem! tudo bem enquanto eu, o ki, estiver aqui. vamos respirar bem fundo agora? você lembra de como é? — ambos falam "cheira a florzinha, assopra a velinha" juntos e killua deixa um beijo suave na testa de gon para logo o confortar mais ainda em seu abraço. — é isso aí! você é muito inteligente, sabia? vamos respirar outra vez, hein? cheira a florzinha...

— assopra velinha.

— muito bem, garotinho, muito bem. está tudo bem, não está? — freecss balança a cabeça que sim e olha de relance para seu cuidador por pouco tempo, escondendo-se rapidamente ao anúncio de um raio. — calma, bem. nada vai acontecer de ruim, você está seguro comigo na nossa casinha. quer tentar voltar a dormir? — o "não" é pontual quando ele nega em silêncio várias vezes, agarrado à blusa do pijama de killua como se fosse a última coisa certa que conhece. — tudo bem. o que você quer que eu faça pra você?

— lê?

— leio. mas olha, você vai precisar ficar um pouquinho sozinho pra eu pegar um livro, certo? tudo bem pra você?

gon faz uma careta de incerteza e quase se funde ao zoldyck ao ouvir as palavras "ficar sozinho", levando o dedão à boca ao tentar decidir se está bem o suficiente para ficar no quarto sem killua por mais que seja pouco tempo. ele pensa e pensa e pensa enquanto o outro aguarda fazendo carinho em suas costas pacientemente até que respira muito fundo e diz baixinho que sim, porém não faz movimentação alguma para sair de seu colo ou soltar sua blusa; mesmo que os trovões parecessem se afastar gradativamente e não balançassem as janelas de um lado para o outro audivelmente mais, é inevitável que gon queira ficar colado a killua como uma pequena garantia de que realmente não havia mais problemas ou que por ventura algum barulho alto demais possa acontecer do nada e o assustar quando não tivesse ninguém para ele abraçar até passar. a única coisa boa que vinha de deixar killua ir era ouvir uma história, e todas as vezes que killua conta histórias são legais o suficiente para que freecss o solte devagarinho mas continue no seu colo.

✧ TEMPESTADE, killugonOnde histórias criam vida. Descubra agora