Capítulo 1

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CAPITULO 1: COTIDIANO

Sentada no sofá, Ketero sente um peso no colo enquanto ainda está mergulhada em um sono profundo

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Sentada no sofá, Ketero sente um peso no colo enquanto ainda está mergulhada em um sono profundo. Com dificuldade, ela abre os olhos e é recebida pelo brilho intenso do sol que invade a sala. Uma careta amarga se forma em seu rosto enquanto esfrega os olhos, tentando afastar o cansaço.

Olhando ao redor, Ketero nota o caos instalado na sala. O peso em seu colo revela-se uma grande vasilha de alumínio repleta de pipoca, espalhada por todo o chão em um mosaico bagunçado e crocante. A luz do sol dança sobre os grãos dourados, criando um espetáculo de sombras e reflexos.

Ao tentar se levantar, o cheiro de álcool impregna suas narinas, como se tivesse se infiltrado em cada fibra do sofá e das cortinas. Bocejando, ela ergue o pé para dar o primeiro passo, mas algo macio interrompe seu movimento. Curiosa, Ketero desvia o olhar para baixo e se depara com o corpo adormecido de B.

Ele está deitado de bruços no chão, com o rosto voltado para o piso frio. Sua camisa de xadrez está desalinhada, enquanto a calça preta revela a pele pálida através dos buracos feitos por moda. Os fios de cabelo castanho caem sobre o rosto emaranhado, e sua respiração lenta e pesada preenche o ambiente. Ao seu redor, um monte de latinhas de cerveja vazias está espalhado pelo chão.

Isso lembra a Ketero que, na noite anterior, seu primo adotivo havia convidado um amigo de infância para casa. Como ambos já estão na faculdade, a bebedeira foi inevitável, o que explica o forte cheiro de álcool que impregna a sala.

O que arrepia Ketero mais do que o cheiro de álcool e o estado de embriaguez de B é o fato de seus olhos estarem abertos, fixos em algum ponto distante do teto. Eles não piscam, não se movem, como se estivessem presos em um transe silencioso.

Um calafrio percorre a espinha de Ketero enquanto ela observa a cena sinistra, questionando o que poderia estar passando pela mente de B enquanto ele dorme com os olhos abertos.

"Os insetos não se aproveitam para colocar larvas nos seus olhos?" ela sussurra, desviando o pé dele. Uma sensação de repulsa a percorre ao imaginar essa possibilidade perturbadora. Finalmente, pisando no piso grosso, ela caminha até a TV, que ainda está ligada em um filme de terror. A luz intermitente da tela ilumina fracamente a sala. Na noite anterior, houve uma verdadeira maratona; embora Ketero não tivesse bebido, apenas refrigerante, os jogos e os filmes sinistros fizeram a noite valer a pena.

Ela nem liga mais para o cheiro de cachaça que exala dos dois amigos. A garota não consegue evitar que seus lábios se curvem em um sorriso enquanto olha para Dani, que dorme sentado em uma cadeira, com a cabeça apoiada na mesa de madeira suja de pizza. O amigo, com seus cabelos bagunçados escondendo parcialmente o rosto tranquilo, respira calmamente, contrastando com a tensão do filme de terror que ainda ecoa na sala.

Na hora de apertar o botão vermelho do controle para desligar a televisão, um barulho súbito faz Ketero pular de susto. O som estridente de um despertador ecoa pela sala, cortando o silêncio com sua insistência irritante. Seus olhos rapidamente se dirigem à estante da TV, onde o relógio digital pisca em vermelho, indicando a hora com números digitais brilhantes.

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