Capítulo 20

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Alane se encostou na porta e respirou fundo quando Fernanda foi finalmente embora. Suas mãos formigavam e ela as esfregou com força, tentando apagar as sensações que cresciam de uma vez em seu peito. Estava ofegante, não acreditava que estava dando certo.

— Brasil do Brasil, você foi demais amiga! Deu até umas certas emoções!

Beatriz falou animada, descendo as escadas com Vanessa logo atrás dela, que balançava a cabeça em negação.

— Como assim certas emoções? — perguntou ainda nervosa.

— Deixa essa doida, Alane. Sobraram biscoitos? Enfia na boca dela enquanto eu procuro o frango. — Vanessa respondeu já arrastando ambas até a cozinha.

— Bia, come esses com recheio de morango. — Beatriz não reclamou, apenas se sentou na mesa e começou a comer alegremente os biscoitos. Vanessa serviu um copo de água para Alane e tirou o frango da geladeira.

— Mas aí, conta direito. Como foi? Vanessa e eu não conseguimos ver vocês, só ouvir.

— A linguagem corporal dela mudou? — a brasiliense de cabelos castanhos escuros perguntou concentrada no que estava fazendo.

— Mudou, mas... Não sei meninas, eu estava tão ocupada em não deixar transparecer meu nervosismo que não posso dar tantas informações agora.

— Eu passei por isso tudo para não ter um plot twist no final? Você deve me odiar muito mesmo. — Beatriz reclamou, pegando a água dela também.

— Fica quieta Bia! — Vanessa bradou. — O que a gente escutou já deu perceber que a mulher ainda é caidinha na sua.

— Caidinha na minha? — Alane perguntou confusa. Beatriz e Vanessa olharam para ela como se fosse um ET no mesmo instante.

— Ai amiga, me ajuda a te ajudar. Vai me dizer que você não percebeu que a mulher te idolatra e não é no sentido acadêmico? — Alane negou, abismada.  — Jesus, me ajude.

— Meninas, não! Ela-

— Lane, amiga. Para. Talvez você não queira ver para não tornar a situação pior, mas ela está. E-

Foram interrompidas pelo barulho da campanhia. Alane se levantou e foi atender enquanto Vanessa e Beatriz se olhavam.

— Você acha que ela realmente não percebeu?

— Vanessa, olha para nossa amiga. É claro que ela não percebeu.

— Vanessa, pode ver se temos alguma comida congelada, por gentileza? — Alane perguntou distraída, chegando na cozinha. Vanessa foi até o freezer e tirou de lá uma caixa de macarrão com queijo congelada.

— Aqui, Lane.

— Obrigada. — ela agradeceu e se virou para o corredor. — Leidy, tenho macarrão com queijo. Você quer?

— Pode ser, não tenho escolha mesmo. Tem cerveja aí?

Vanessa foi a primeira a arregalar os olhos horrorizada quando ouviu o comentário. Uma garota alta, com cabelos pretos e rosto marcante apareceu na luz da cozinha vestida inteiramente de preto, argolas de ouro e maquiagem leve. Estava com ambas as mãos para trás do corpo. Beatriz fez uma careta para ela e o olhar de Leidy foi diretamente até a outra garota. Ela analisou Beatriz de cima para baixo e deu um sorrisinho de escárnio.

— Hm, não. Desculpe. Meus pais só bebem vinho ou conhaque.

— Imaginei. Claro, coisa de gente rica e soberba. — ela revirou os olhos.

— E você não está longe, afinal. Mora neste bairro que não é barato.

Leidy olhou Beatriz imediatamente. A garota não estava contente, algo naquela mulher lhe fez ter raiva. Pura raiva.

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