6 CAPÍTULO

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Um dos primeiros requisitos do acordo entre o Chefe e o meu jornal é que eu mantenha Robin completamente informada de todas as anotações do diário. Tendo isso em mente, passo no escritório dela na hora do almoço. Vamos conversando no percurso já familiar até a cantina, onde encomendamos um sanduíche.

— Por favor, um sanduíche de atum, sem maionese, em pão focaccia, com folhas de rúcula —  ela pede para a senhora que está por trás do balcão, olhando-a de forma cortante.

—  O que você quer, Holly?

— Só um sanduíche de atum, obrigada.

Qualquer coisa serve.

Nós nos sentamos em uma das mesas de fórmica e esperamos os sanduíches.

— Então, como foi o seu primeiro dia? — pergunta Robin enquanto isso.

— Ótimo — Conto sobre o incidente do rádio e ela ri.

— As coisas vão melhorar. Ele vai se acostumar com você. É. Como se acostuma com um fungo.

Comento então umas idéias que tive para o diário.

— Parece ótimo, Holly! Lembre da nossa parte do acordo. Faça um bom trabalho e nós duas sairemos daqui antes que você possa... — Ela pára no meio da frase e olha para mim, sabendo que falou demais.

Naquele instante a atendente da cantina traz os sanduíches e eu finjo que não percebi nada. Ela coloca dois pratos com sanduíches idênticos de atum com maionese em pão de fôrma à nossa frente e sai sem dar uma palavra. Robin sente-se derrotada diante da provocação.

— Como eu gostaria de estar em Londres monte de maionese no pão de fôrma sem rúcula — ela murmura, olhando para o monte de maionese no pão de forma sem rúcula.

Mas uma vez eu me pergunto por que ela saiu de Londres, se está tão ansiosa para voltar para lá.

Volto para o conforto da minha mesa meia hora depois. Callum acena para mim quando passo distraída. Aceno de volta. Ele está falando ao telefone com os pés em cima da mesa e comendo uma banana ao mesmo tempo.

Eu me preparo para escrever a introdução do diário. Fico pensando desesperadamente que tom devo usar. Deve ser uma introdução séria e profunda? Ou com um toque de humor? O que as pessoas realmente querem ler? Chupo a ponta do lápis, pensativa, e dou umas giradas na cadeira para que a minha massa cinzenta trabalhe melhor. As pessoas querem ler sobre pessoas. Então este diário vai ser um relato absolutamente honesto das minhas seis semanas com James Sabine, envolvendo até mesmo o seu sarcasmo. Como eu sei que ele não é muito entusiasta desse programa todo, vou mudar os nomes e chamá-lo de Jack.

Jack é um dos gatos da minha mãe, particularmente malvado.

Mas sabem de uma coisa? Todo o resto vai ser contado. Os defeitos, que na minha opinião são muitos, e tudo o mais. O problema é extrair o máximo de detalhes pessoais do sargento-detetive Sabine para que os leitores passem a conhecê-lo.

Olho para o espaço, pensativa. A minha frente, James Sabine equilibra o fone com o ombro, tentando ao mesmo tempo desembrulhar o sanduíche enrolado em papel celofane. Ele faz uma pausa de vez quando e continua conversando apaixonadamente e gesticulando com uma das mãos. Depois, frustrado com a péssima embalagem do fabricante do sanduíche, abre a gaveta, pega uma espátula e fica afundando-a no sanduiche com violência. Sorrio para mim mesma e refocalizo a tela do computador. O homem está realmente precisando de férias.

Trabalho umas duas horas na introdução do diário, enquanto o sargento- detetive Sabine cuida dos seus relatórios e das chamadas telefônicas. Num certo momento ele se levanta.

Um Amor De DetetiveOnde histórias criam vida. Descubra agora