2 CAPÍTULO

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O Bristol Gazette não era o meu jornal preferido quando comecei a trabalhar logo depois que sai da universidade há quatro anos.

Eu havia planejado morar em Londres e estava desesperada para trabalhar em um dos jornais de circulação nacional, mas os candidatos precisavam ter uma boa experiência de trabalho. A única experiência de trabalho que eu tinha era catar morangos nas férias, e devo ser a única pessoa do mundo que realmente sentia prazer nisso e trabalhar de garçonete.

Deduzi que teria baixar o facho quando abri a vigésima carta me recusando, e teria aceitado QUALQUER COISA quando apareceu esse emprego em Bristol. Tive muita sorte, pois vocês não têm idéia do tipo de mentira que precisei contar pra conseguir o cargo de repórter esportiva.

Realmente, nem queiram saber.

Quando Joe chegou à brilhante conclusão que eu não entendia absolutamente nada de esportes, que deve ter sido exatamente quando eu perguntei se Tiger Woods, imagina, o gênio do golfe, havia se classificado para o torneio de Wimbledon, ele me colocou como repórter para qualquer evento. Eu sou a mais moça da equipe dos repórteres, o que significa basicamente que cubro todos os acontecimentos que ninguém quer cobrir.

No momento, minha especialidade é a coluna funerais de bichinhos de estimação. Mas é muito dificil mostrar uma boa capacidade de escrever quando se tem de falar sobre um gato: "... e o pêlo de Persil, de um branco virginal, parecia neve contra..." Sim. Exatamente isso.

É sexta-feira e estou atrasada par o trabalho, como sempre. Embora o jornal fique apenas dez minutos de carro da minha casa, nunca consigo chegar na hora.

Enquanto espero o elevador que me deixará no segundo andar, tento desesperadamente não pensar no incidente do dia anterior no hospital. Só de ver um paletó branco fico nervosa.

O elevador chega ao andar e a porta abre. Eu entro e dou um encontrão em Pete Presunçoso, o repórter policial que está carregando uma caixa enorme de papelão.

O encontrão é tão forte que meus peitos quase passam para as costas. Pete Presunçoso e eu não dos damos bem. Eu o acho presunçoso e ele me acha uma chata, bastante justo, é provável que eu seja mesmo. Felizmente, não fingimos que gostamos um do outro.

— Pete! — digo sobressaltada, resistindo à vontade de ficar de joelhos para segurar meus peitos — Para que essa caixa? Você não está indo embora, está? — pergunto, toda esperançosa.

Pete Presunçoso mostra um sorriso de satisfação. Não costumo fazer isso com frequência, mas dessa vez parece que inadvertidamente acertei em cheio.

Dane-se.

Pete sorri com superioridade.

— Acabei de dar o meu aviso prévio. Arranjei um emprego no Daily Mail. Como eles disseram que não preciso trabalhar durante o aviso prévio, já estou saindo.

— Certo. Então, boa sorte. — consigo dizer.

— Obrigado.

Entro no elevador e Pete sai.

— A propósito, Holly — ele diz quando a porta começa a fechar — Joe quer ver você.— Dá mais um sorriso e o elevador começa a subir.

Ao chegar ao terceiro andar, viro à esquerda para ir ao escritório de Joe e bato na porta logo abaixo da placa "Editor". Como sempre, ele grita: "ENTRE!"

Joe está falando ao telefone e fico olhando em volta do escritório, ouvindo-o dar uma bronca em algum pobre coitado. Esta é a sala mais impessoal que já vi. Eu me espanto quando penso como um homem tão grande, em temos metafóricos e físicos, pode criar tão pouco efeito no seu ambiente. Ele não tem uma única foto em cima da mesa, apenas pilhas e pilhas de papéis. Não tem fotos nas paredes nem qualquer indício de objetos pessoais.

Um Amor De DetetiveOnde histórias criam vida. Descubra agora