Yellow (Seulrene)

Dois

Seulgi não conseguia dormir sabendo de tudo tinha acontecido mais cedo. Então, ao invés, gastou a maior parte de sua noite com música estridente através de seus fones de ouvido enquanto ela estava deitada de costas, olhando para o teto e tentando bloquear seus pensamentos. Não ajudou muito, no entanto.

Ela não podia ajudar, mas se perguntou o que Joohyun estava pensando. Joohyun tinha feito toda sua vida um inferno por quatro anos, como ela poderia esperar que seja tudo menos amargo para ela? Seulgi tinha tantas emoções acumuladas em direção a garota mais jovem que ficou surpresa por não ter conectado seu punho ao rosto de Joohyun assim que a viu de pé em sua porta.

Mas houve uma mudança de Joohyun, também. Seulgi tentou continuar dizendo a si mesma que Joohyun estava apenas apedrejando fora de sua mente, mas que não foi uma explicação a mais a contribuir para esta mudança na menina, e Seulgi desejou que ela pudesse descobrir o que era, apenas para alimentar sua curiosidade.

De volta a escola todo mundo sabia o nome de Joohyun. Ela era a garota que você ia amar ou odiar, e tudo dependia da forma como ela te trataria. Se Joohyun gostasse de você, sua vida seria fácil. Mas, se ela tivesse alguma coisa contra você, bom, você estava ferrado. Joohyun tinha os meios e os recursos para transformar sua vida um inferno. E isso foi exatamente o que ela tinha feito para Seulgi.

Notícias se espalharam rapidamente após o indecente no refeitório. Seulgi chegou e foi recebida por inúmeros olhares, insultos, e às vezes, violência física. E o pior de tudo, Seulgi não tinha sequer começado a sair do armário por conta própria. Alguém tinha feito para ela. Alguém que ela odiava com cada fibra do seu ser.

Após o incidente, Seulgi foi forçada a dizer para seus pais o que tinha acontecido antes que a notícia chegasse para eles de outra forma. Sua mãe estava um pouco confusa no início, mas eles estavam aceitando. Seulgi era eternamente grata que seus pais não estavam com muitas dificuldades em relação a sua sexualidade. Ela estava grata por ter todo esse apoio em casa.

Seus pais ficaram furiosos quando Seulgi disse o que Joohyun tinha feito. Eles informaram a escola, mas Seulgi sabia que isso não ia adiantar nada. Joohyun viveu com seu tio, mas ela sempre se gabou como ele não se importava com o que ela tinha feito. A menina poderia fugir com o que ela queria, e fez com que todos ficassem cientes disso. 3

Então, Seulgi era praticamente impotente. Ela passou o resto dos seus anos de colégio almoçando fora para evitar insultos que recebia no seu caminho para o refeitório. Yeri, Wendy e Joy eram suas únicas amigas. Seulgi sabia que, sem elas, esses anos seriam dez vezes mais dolorosos do que já eram.

Se mudar para Nova Iorque fez uma grande diferença na vida de Seulgi. Ela decidiu se abrir sobre sua sexualidade, já que agora ela teria controle sob si mesma. Ela ficou surpresa quando ninguém realmente se importou em relação a isso. Foi legal. Ela disse que era gay e eles aceitaram, mudando para outro assunto na conversa. Era totalmente diferente do que tinha sido na escola.

Seus pensamentos foram interrompidos naquela noite. Seulgi saltou quando viu algo se mover fora de seu quarto. Ela apertou os olhos, vendo que a porta tinha sido aberta rapidamente. A luz do corredor era a única coisa que iluminava o quarto dela, e observou como a figura se moveu para perto de sua cama. A menina dos olhos castanhos tirou os fones de ouvido.

"Wendy?" Ela perguntou, sentando e levantando uma sobrancelha. Não houve resposta e Seulgi ficou ainda mais confusa.

"Oi." A voz sussurrou. As mãos de Seulgi se fecharam em punho e ela respirou lentamente. O que Joohyun estava fazendo aqui?

"Estou dormindo. Vá embora." Disse com firmeza, rolando para longe da garota. Suas companheiras de quarto com certeza teriam várias explicações a dar na manhã seguinte. Seulgi puxou seus cobertores sobre a cabeça e tentou se convencer de que ela estava apenas tendo um pesadelo fodidamente horrível. Ela não precisava de Seulgi assombrando-a mais do que já tinha assombrado.