XLIV - Amargura

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22/05/1888 - Terça-Feira


- Bom dia, Jovem Mestre!

- Bom dia, Jovem Mestre!

- Bom dia, chefinho!

- ...

- Amelia! - A voz de Mey-Rin me fez tirar a atenção do livro, olhando para cima. Amelia parecia avoada, olhando para o nada. Ela estava com olheiras, cabelos mal presos e desgrenhados, péssima. - V-você precisa falar "bom dia", lembra?

- Sim, é claro. Bom dia, Jovem Mestre.

- Bom dia. Agora, Sebastian vai ditar as tarefas do dia.

Ao invés de voltar ao livro, o fechei. Queria prestar atenção em como ela se comportaria.

- Bom dia a todos. Mey-Rin, passe as roupas lavadas, limpe os instrumentos da sala de música, passe pano nos corredores, limpe a sala de estar e principalmente a lareira. Baldroy, receba a encomenda de legumes frescos feitos na semana anterior, prepare pernil de cordeiro no alho para o almoço, limpe a fornalha e organize o armário de temperos. Finnian, o gramado está alto e precisa ser cortado, o canteiro precisa ser regulado e as tulipas, regadas. E, senhorita Amelia... - Ela se manteve olhando para o chão o tempo todo, mesmo depois de ouvir seu próprio nome, ela não moveu um músculo. - troque os lençois dos quartos, limpe o escritório, espane a poeira de toda a adega. Isso é tudo. Agora, todos ao trabalho!

Sem questionar, os quatro reverenciaram, saindo do escritório, nos deixando a sós.

- Sebastian, vá ao teatro e inspecione a área. Se vamos até lá, precisamos estar preparados. E, - Abri minha gaveta e peguei alguns documentos da Funtom. - entregue isso a Lau, depois.

Ele pegou os papéis e reverenciou.

- Yes, my Lord.

Sem mais palavras, Sebastian sumiu em um vulto.

Respirei fundo e olhei em volta, me deleitando com o lugar vazio.

Finalmente sozinho. Agora posso matar minha curiosidade.









[...]










- Aí, Amelia, pra mais tarde eu pensei em fazer um bolo. Quer ajudar?

- Não, Baldroy. Mas, obrigada.

- Ah, vai! Já faz tempo que a gente não prepara nada doce. O Jovem Mestre vai gostar, né?

- Hoje eu não posso, estou ocupada. - Ela pegou um pano de chão de uma das gavetas. - Inclusive, você também deveria estar.

Ela foi até o corredor, cruzando com Mey-Rin no caminho, que encarou desconfiada e depois olhou pra mim.

- Será que aconteceu alguma coisa?

Dei de ombros.

- Vai ver foi uma noite de sono ruim. Eu já tive várias.

- Não sei, Bard. Eu já vi ela cansada antes eu não costumo ser assim, sabe?

- Tenta passar um tempo com ela então! Vocês são mais próximas, vai que, com você, ela se diverte um pouco mais e muda essa cara.

- Será?

- Mey-Mey, ela gosta de você. Óbvio, - Cruzei os braços. - não mais que eu, mas ela gosta.

As bochechas dela ficaram vermelhas que nem tomate, eu adorava ver ela desse jeito!

- Eu ainda tenho minhas próprias tarefas pra fazer, mas eu vou tentar animar ela!

Serva Infernal - KuroshitsujiOnde histórias criam vida. Descubra agora