radioactive

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05/05/2024

O céu estava coberto por uma camada densa de nuvens, mesmo que não passassem das 18:30, ainda assim, não conseguia ver nada a minha frente, nem as estrelas e a lua eram visíveis para que pelo menos me ajudassem a caminhar. A floresta era um labirinto de sombras, e eu não sabia por quanto tempo vinha andando. Tudo parecia distorcido, como um pesadelo, mas eu sabia que devia continuar em frente. Havia uma luz à distância, um ponto brilhante entre as árvores que me atraía como uma mariposa ao fogo. Eu precisava chegar lá, precisava encontrar meus amigos que tinham conseguido sobreviver a esse inferno.

O frio aumentava a cada passo, penetrando meus ossos. Meus pés moviam-se de forma hesitante, como se o corpo não estivesse completamente sob meu controle. Mas eu tinha uma missão: encontrar eles. Nós éramos amigos há tanto tempo, antes de tudo isso acontecer. Antes do caos, antes dos gritos, antes do sangue. Antes dos zumbis.

- Puta merda ela voltou - era a voz de Henrique, só poderia ser ele, o seu jeito espalhafatoso demais, era unicamente dele - Achou alguma coisa?

Ele gritou, ou apenas falou... Eu não comseguia destinguir, minha audição parecia apurada demais, meu estintos pareciam apurados demais.

Quando finalmente os vi, eles estava parado ao lado de uma cabana, com uma expressão de descrença. Mavie segurava uma arma, mas não apontava para mim. Eu queria dizer algo para ele, explicar que eu estava ali para ajudar, para trazê-lo de volta para casa. Mas as palavras não saíam, apenas um murmúrio rouco.

- Henrique longe - Mavie gritou - HENRIQUE CARALHO LONGE!

Mas ele parecia em choque, tão em choque quantos os outros, eu tentei analisar, mas de repente, uma dor intensa explodiu em meu peito, como se algo tivesse perfurado meu crânio. Minha visão escureceu, e eu senti minhas pernas fraquejarem. A luz à distância começou a apagar-se, e eu caí no chão, um peso morto, desamparada.

A última coisa que vi foi o olhar de Gelado, uma mistura de pena e horror. Eu queria gritar para ele que estava tudo bem, que era eu, Icce, mas de nada adiantou, nada saia.

Todos morrem uma hora, pensei comigo mesma, todos aqui irão morrer, tive certeza antes.

Mas a escuridão tomou conta de mim, antes que o pensamento acabasse de se concretizar, eu olhei no reflexo do vidro a minha direita, meus olhos piscavam de maneira estranha, meu corpo se contorcia, eu era um zumbi.

De repente me lembrei da mordida que havia levado enquanto pegava algumas frutas, dos gritos e em como senti que iria morrer, antes de sentir um enorme alívio, eu tinha me transformado e estava fechando os olhos enquanto meus fones ainda tocavam alguma música idiota, eu estava apenas desmaiando, mas já estava morta... E naquele momento, me senti como se estivesse no primeiro dia.

*Seis meses antes*

Camel estava algumas fileiras à frente no ônibus, rindo alto com seus amigos. Ele sempre era o centro das atenções, seja com piadas ou com atitudes ousadas. Mavie, Zoe e eu estávamos no fundo do ônibus, tentando ignorar o barulho. Mas Camel era um daqueles caras difíceis de ignorar.

- Ei, Pietro! Está animado para passar mais um verão nesse lugar? - Camel gritou para Pietro, com um sorriso de escárnio.

Pietro deu um sorriso forçado e encolheu os ombros. - Claro, mal posso esperar para te afogar naquele lago, Camel.

Camel fingiu uma expressão de espanto. - Nossa, que agressivo! Mas pelo menos vai ter garotas por lá, né? - Ele piscou para Pietro, que finalmente sorriu de verdade - Fiquei sabendo que gosta mais delas do que gosta de coca.

Ele fez um gesto com as mãos passando o indicador pelo nariz rindo, foi quando ele olhou para o lado e Gelado o encarava de cima para baixo.

- Não preciso falar nada não é?

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