CAPÍTULO 1

575 30 1
                                    

📍morro da pedreira
16 de abril de 2024 _ sexta feira

Isis Narrando

O pior sofrimento de uma mãe é vê o filho sofrendo com dor e não poder fazer nada começou só com uma febre pequena e hoje faz cinco dias que meu filho não come mal bebe água só sabe chorar e arde em febre já levei ele em várias postos mais só sabem falar que é virose quase fui presa tentando passar ele em um postinho do asfalto, não tenho condições de pagar um médico particular e se meu pai tivesse aqui tenho certeza que ele já tinha dado um jeito nisso eu só sei chorar e o infeliz do pai dele disse que não pode fazer nada que eu sou a mãe como se eu tivesse feito o molque com o dedo

- mamãe dói muito - ele fala apertando a barriguinha, eu nunca fui mulher de ficar indo na porta da casa do pai dele pra ter que cobrar o minimo, sempre dei meus pulos e nunca deixei faltar nada mais agora eu não sei o que fazer tô sem saída eu não ficar sentada vendo meu filho se contorcendo de dor - cadê meu papai mãe

- filho vou deixar a Tia Dri um pouquinho contigo e já volto tá bom - dou um beijo na testa dele e vou pra cozinha onde Dri tava fazendo sopa pra nós comer, ela não saiu do meu lado nenhum minuto e sei se ela pudesse ajudaria mais posso tá errando apostando na nossa amizade mais acho que entre todas ela foi a minha melhor aposta única amiga que restou e ficou do meu lado no momento bom e nos momentos de dificuldade só eu sei que tudo que passe depois que meu pai foi preso perdeu o comando do morro e foi na época que eu descobri a traição e a gravidez tudo junto foi um choque pra mim, mais nada me machucou mais do que vê meu filho nessa situação

- eu vou lá amiga nem se for pra acabar com a vida dele de novo o Sam não para de chamar ele, quem sabe ele não resolve agir como pai e faz alguma coisa pra ajudar odeio ter que me humilhar mais pelo meu filho eu faço qualquer coisa  - eu sei que ela não aceita isso mais também não me questiona - é rapidinho tenta dá comida pro Samu pra mim é mais fácil ele comer contigo do que comigo

- tá bom amiga já tô terminando de fazer, qualquer coisa me liga cuidado viu agora ele não é qualquer um ele tem gente do lado dele - só assinto pegando a chave do carro que foi parcelado em trezentas vezes e que tá com os documentos tudo atrasado

A casa dele não era muito longe da minha mais como eu imaginava ele não tava então fui na casa da mãe dele bati na porta várias vezes, a mãe dele abriu a porta e assim que me viu bateu a porta na minha cara

- eu só quero saber onde o Dinho tá, O Sam tá doente e precisa do pai dele eu não queria vim aqui ok ? Eu só preciso de ajuda não sei mais o que fazer meu filho não melhora, a senhora é mãe entende o que eu tô falando por favor - falo sentindo minha mão tremer e as lágrimas escorrer, ninguém abre a porta eu já tava desistindo e voltando pro carro quando a porta abriu mais não era a mãe dele e sim o irmão dele - não vim arrumar problema

- vai pra tua casa eu tô indo logo atrás - ele fala montando na moto que tava estacionada na calçada, eu entro no carro e pego caminho de casa e ele vem logo atrás dirigindo, nunca tive contato com esse cara sei que ele e o Dinho vivem que nem cão e gato ele é fechado vive de cara amarrada se eu troquei três palavras com eles nesses anos foi muito meu pai gostava dele não sei porque mais gostava

Ele desce da moto e eu do carro ele me segue pra dentro da casa vou direto pro quarto Dri tava tentando fazer ele comer a sopa e quando vê nos dois arregala os olhos surpresa, Sam parece ficar feliz com a presença do tio ali e eu sei que os dois tem contato

- eai moleque na paz ? - ele fala sentando do lado do Samu - tu sabe que tu tem que comer né, se tu não comer como tu vai ser forte que nem eu ?

- mais minha barriga dói tio dói muito quando eu como, olha - ele ergue a blusa mostrando a barriga inchadinha - meu papai não veio ?

Coração Vagabundo Onde histórias criam vida. Descubra agora