Inicio da terceira temporada de EUTHANASIA
O vento da noite fria soprava as cortinas inquietantes do quarto da princesa, essa que estava em sua cama deitada escrevendo algumas coisas em seu caderno.
A única fonte de luz vinha de seu abajur, assim ninguém descobriria o fato da princesa continuar acordada mesmo depois das dez horas.
São meia noite.
Ela se sentou cruzando suas pernas, fechando seu caderno e deixando a caneta de lado.
Olhando para trás ela engatinhou até o abajur e apagou a luz.
Ela se cobriu com suas cobertas e se deitou.
Foi uma noite reflexiva, ela manteve a esperança até o dia acabar, mas nada da chegada de seu pai. Ela só precisava de um olá ou um como vai para tudo ficar bem, não que já não estivesse, mas poderia ficar melhor.
Foi mais um ano do qual mentiam para ela, sempre usavam as mesmas desculpas.
"Sua majestade está ocupado"
E ela sabe muito bem oque ele faz em todos os anos, ele não é muito diferente de Siegfried.
Roupas ou joias, aquilo não poderia preencher o vazio da falta que ela sentia 'deles'.
Tanto Claude quanto Siegfried compravam bens materiais para ela, como se isso pudesse amenizar a falta de afeto no dia em que se comemorava o seu nascimento.
. . .
Ela sempre se perguntou oque seu pai fazia trancado em seu próprio quarto todos os anos no dia de seu aniversário, e com doze anos ela decidiu descobrir por si só.
Ela andou pelos corredores vazios durante a noite enrolada em uma mantinha com seus pés descalços para abafar qualquer som eminente.
Ela espiou pela fresta da porta do quarto do imperador e a abriu devagar, apenas para encontrar um Claude dormindo no sofá rodeado de garrafas de vinhos, álcool, e outras bebidas.
Foi como um deja vu seguido por nostalgia.
Ela não se aproximou, ficou parada e encostada na porta por um bom tempo.
Analisou cada detalhe daquele cenário, estranhamente semelhante ao de sua vida anterior.
Tinham garrafas quebradas, outras jogadas pelo chão do quarto, e outras esperando para serem abertas.
Uma situação deprimente.
Ela não se moveu, não até pelo menos ouvir um estalo vindo do corredor e sair o mais rápido que podia, claro não antes de fechar a porta.
. . .
O vento soprou mais forte e ela tremeu, puxando seus cobertores para perto de si, ela se virou para a direção das janelas e com um suspiro leve que abafou o tecido das cobertas se levantou da cama sem calçar suas pantufas.
Porém, ela sentiu um arrepio e logo em seguida uma luz a cegou fazendo com que ela fechasse os olhos como reflexo. E abrindo-os novamente, percebeu um ambiente familiar na qual ela estava um pouco familiarizada.
Uma torre rustica, bonita e aconchegante, ela sabia bem quem tinha a sequestrado.
Olhando para o lado ela viu seu querido amigo, Lucas. Ele estava encostado no parapeito da janela da torre enquanto a luz da lua iluminava seu cabelo negro e dava um toque especial ao brilho dos seus olhos vermelhos.
ー Tá bancando o charmoso parado ai que nem uma assombração?ー Ela debochou fazendo ele soltar uma risada que mais parecia um bufo.
ー Feliz aniversário.ー Ele falou caminhando para perto dela.
ー Não acha que está um pouco tarde?ー Ela o questionou.ー O dia três de dezembro já passou faz um tempo.
Ele a olhou de cima abaixo com uma expressão séria. Notando o comportamento do amigo, que normalmente retrucaria o deboche dez vezes pior do que ela, Athanasia ficou séria também.
ーTem algo de errado?ー Ela perguntou preocupada.
Com um suspiro cansado, caminhando até uma mesa repleta de poções, bolas de cristal, livros que pareciam mais velhos que ela e algumas joias. Ele pegou um colar de ouro simples que estava em destaque dos outros objetos, guardou em uma caixinha de presente e a entregou.
Ela analisou os detalhes da caixa.ー Oque é isso? Meu presente?~
ーPode-se dizer que sim, é o seu presente.ー Ela ia abrir a caixa mas sua ação foi impedida quando sentiu a mão de Lucas tocar a sua. Sentindo um arrepio repentino.ー Mas não é para abrir agora~.ー Ele juntou as suas mãos com as dela e uma luz surgiu. Depois disso, um "manto" brilhante de magia revestiu o objeto que parecia ter se tornado cristal.
ーO-oque?ー Ela olhava cada detalhe daquela caixa reparando que agora existia um selo no meio dela.ー Pra que isso?
ー Por enquanto não vai abrir, não até o momento certo.
A princesa encarou o mago confusa, ela definitivamente odiava enigmas.ー Momento certo??
ーVocê faz perguntas de mais, quando for a hora certa esse selo irá quebrarー Ele apontou para a marca que brilhava em vermelho na caixa.ー Quando isso acontecer quero que use esse colar e não tire por nada.
Ela se espantou.ー Lucas, você está me assustando...ー Seus ombros tensos foram acalmados pelo toque do mago que a confortou.
ー Só...só confia em mim, ok? Não se preocupe com nada.
Com hesito, Athanasia acenou nervosa.ー Eu vou te mandar de volta, boa noite.ー Ele soltou os ombros da garota e se afastou dela.
E com um estalo de dedos ela estava em sua cama novamente, com as janelas fechadas e a caixinha brilhante em cima de seu criado mudo ao lado do abajur.
Ela encarou o teto.
ー É tanta coisa pra processar... Amanhã é o meu grande dia.ー Ela suspirou, se virando para finalmente poder dormir, com uma sensação de perigo apertando seu coração.
Continua...
VOCÊ ESTÁ LENDO
EUTHANASIA
Fanfiction⁜EUTHANASIA⁜ Kiana Kaslana se tornou a Herrscher do Vazio, mesmo após assassinar sua mentora e figura materna, ela não esperava oque estava por vir. Reencarnada em um corpo novo, mantendo suas antigas memórias, ao menos era isso que ela pensava. Sua...