Novo jogo

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Depois de dois longos dias de discussões, finalmente chegaram à estrada que leva ao país do vento. Bem, não um estrada, exatamente, mas uma trilha na floresta.

É agora que eu devo começar o meu suposto trabalho de mapeamento, enquanto o albino fica como meu guarda-costas a cerca de 10 metros de distância.

Meu corpo está doendo um pouco, tenho forçado mais do que o comum, mas nada que me atrapalhe desde que não sofra um ataque.

Minha relação com o Tobi está um pouco melhor, imagino. Ainda brigamos, mas toda vez que jogo algo em sua cara percebo que, mesmo ganhando a resposta rude, ele pensa sobre o que eu disse por longas horas até desistir e voltar a me xingar. Isso é bom, pois significa que estou conseguindo plantar essas pequenas sementes.

Logo, chegará o momento em que todas elas se desenvolverão quase ao mesmo tempo, causando uma bagunça e tanto naquele cabeça-dura.

Foco minha mente no meu objetivo atual, que é gravar toda a paisagem em meu cérebro. De repente, sinto uma fraqueza conhecida e meus joelhos vão ao chão. Me sento com calma, esperando a sensação passar. Já estou acostumado com isso, quando o uso de chakra fica pesado meu corpo reage dessa maneira. Está melhorando, de qualquer forma, então já não me preocupo.

De longe, posso sentir a presença do outro ninja me observando cautelosamente, e faço um sinal de positivo para mostrar q está tudo bem. Logo, me levanto com certo esforço e volto ao trabalho.

QDT- 4 dias

Após uma semana em uma lenta viagem, paramos em uma cidade no meio do caminho para reabastecer o estoque de comida e outras coisas que viríamos a precisar.

Passaremos mais dois dias nessa cidade, enquanto passo todo o mapeamento para um pergaminho que acabei de comprar antes que a informação acabe se embaralhando com outras, já que meu controle ainda não se recuperou totalmente.

Nos hospedamos em uma pequena casa ao lado de um estabelecimento, onde teremos privacidade para discutir planos de emboscadas e qualquer outra coisa. A próxima parte do caminho é um tanto quanto perigosa, com muitos renegados e nukenins que esperam atacar algum comerciante rico ou shinobis transportando informações valiosas. Por isso, ter um plano de ataque previamente combinado é importante.

Paro para observar o albino que está sentado na beira da janela, voando alto em seus pensamentos. Ele tem feito bastante isso, ultimamente. Se perde em meio à sua própria consciência. Claro, sem se distrair do local ao redor.

E essa é mais uma coisa que me deixa preocupado, pra variar. Tobirama nunca descansa. Nunca para. Acho que a guerra deixou nele traumas mais fortes do que ele deixa transparecer. Será que outros detalhes também estão ali por isso? Como a dificuldade de convivência, aversão ao toque físico e, incrivelmente, a estranha inocência que ele carrega sobre relações íntimas.

Não que eu tenha perguntado diretamente, mas palavras de duplo sentido são constantemente jogadas para cima do outro por mulheres e homens claramente interessados. O senju, no entanto, não parece entender, e mascara isso como ignorância.

"É como se fosse um máquina de guerra", penso.

Na verdade, e se ele for exatamente isso?

-por que me encara a tanto tempo, uchiha?

"Com um monumento desses na minha frente, tem como não olhar?

-desculpe, só estava pensando em algo.

-visto que parece ter haver comigo, posso saber o quê, exatamente?

Hesito um pouco antes de responder, mas decido que está na hora de tentar avançar o plano.

-você tem pensado bastante ultimamente. Parece incomodado com algo, mas como não fez nada a respeito, imagino que esteja incomodado consigo mesmo. Qual o problema, tobi?

-e porque, de repente, esse interesse sobre o que eu penso?

-bem, me perguntou a mesma coisa, certo? Eu respondi. Agora é a sua vez.

Tento passar a ele um pouco de confiança, mostrando que não pretendo fazer piada sobre o assunto. Ele parece pensar um pouco no assunto, antes de dar de ombros.

-não sei porque me mandaram pra cá. Ou melhor, sei. Mas ser enviado em missões tão inúteis me faz sentir descartado. Fui criado para a guerra, não tenho utilidade na paz.

Utilidade? Acho que minha teoria estava certa.

-é exatamente por isso que foi enviado comigo, senju. Para ver como é a vida fora dos campos de batalha. Você precisa relaxar, há outras coisas para fazer que não seja lutar.

Ele me encara profundamente, antes de voltar a encarar a paisagem pela janela. Algum tempo depois, percebo que tinha voltado à sua bolha.

-e la vamos nós, você está pensando de novo.

Ele reage surpreso, como se só agora se desse conta do que fazia. Com isso, levanto de onde estava e o agarro pelo braço. Ele tenta se desvencilhar mas o seguro firme, e o arrasto até a cama.

-que merda você tá fazendo? Solta

-Não vi você dormir desde que começamos a viajem. Pode fingir à vontade, mas passou as noites em claro que eu sei.

-e o que você tem haver com isso?

Olho em seus olhos carmesim e reflito se devo ou não revelar porque estou aqui. Talvez ele colabore mais se tiver provas de que pretendo ajudar, mas por outro lado pode surtar a brigar com o irmão mais velho. Depois de uma pequena análise, resolveu arriscar.

-acontece que um dos motivos para eu ter vindo era te ajudar, porque seu irmão está obviamente preocupado e ver você tão mal está me deixando preocupado também. Então pare de dificultar e me ajude a te ajudar, por favor. Não estou fazendo isso em troca de nada, realmente quero ser seu amigo e quero te ajudar.

Quando acabo de falar, registro as reações do outro, que oscilam entre cooperar e ficar com raiva. No fim, ouço um suspiro de derrota.

-olha aqui, desculpe por preocupar vocês dois, mas não quero ninguém se intrometendo na minha vida.

A face contraída em irritação. O tom de indignação está nítido em sua voz....

-não pretendo arrombar as portas do seu espaço pessoal, tobi. Quero te deixar confortável o suficiente para me convidar a entrar. Não vou simplesmente me intrometer.

Ainda vendo receio vindo do albino, proponho:

-vamos fazer o seguinte. Eu tento ganhar sua confiança durante essa missão, e se funcionar eu te ajudo a passar por seja lá o que você estiver passando. Se não, quando voltarmos para a vila eu falo com seu irmão e o convenço a te deixar em paz.

Termino de dizer enquanto levo minhas mãos aos ombros alheios, como um gesto reconfortante de que vai dar tudo certo. Quando vejo que ele está realmente considerando e parece ter tomado uma decisão, me adianto. Envolvo meus braços ao seu redor e o puxo para um abraço. Ele não reage ou devolve o gesto. Sinto-o tenso. Talvez tenha exagerado um pouco, então me afasto levemente envergonhado.

-desculpe por isso.

Vejo-o virar o rosto para a janela novamente e soltar um suspiro de ódio, enquanto o empurro para se deitar na cama, como tinha planejado antes da conversa.

-agora, você precisa dormir. Estarei aqui o tempo todo acordado, então não precisa ficar tão vigilante, ok? Deite-se e descanse.

Percebo Tobirama surpreso com minha afirmação. Talvez porque eu sei que ele tem medo de baixar a guarda para dormir, e então ele se deita. 

Broken- Izutobi/ TobiizuOnde histórias criam vida. Descubra agora