Moral of the story
"Então eu nunca te conheci de verdade
Deus, eu realmente tentei
Surpreendida, viciada
Achei realmente que poderíamos fazer isso
Mas na verdade, eu fui uma tola
Pensando no passado, isso fica óbvio"
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Alissa Becker
Uma semana depois da festa eu ainda me encontrava em casa,me escondendo do mundo e de mim mesma.
Desde aquele dia não tive coragem de sair,me arrumar,limpar meu quarto,ver a única amiga que ainda me restava ou ainda fazer coisa básica como descer pra tomar café com meus pais.
Sai do banho e logo deitei na coberta,ligando minha televisão e colocando o ar condicionado no 18°C. Fechei os olhos lentamente e quando estava prestes a dormir alguém bateu na minha porta.
- Maninha - Jake falou abrindo a porta devagar - A gente pode conversar?Você não sai desse quarto há dias
- Eu não quero socializar - falei cobrindo meu rosto - Quero ficar aqui até as minhas férias acabarem e eu ser obrigada a voltar pro colégio - respondi e ele sentou na ponta da cama
- O que houve hein? - ele perguntou passando a mão no meu cabelo - Qual é,nós dois não temos segredos
Respirei fundo.
Ele merecia pelo ao menos uma explicação.
- Jake,isso é uma coisa que eu prometi não contar,entendeu? - falei e ele assentiu - Jura de dedinho que ninguém além da Sarah vai ficar sabendo
- Eu juro - ele selou nossos mindinhos
- Ward ameaçou eu e a Sarah,foi por isso que eu desapareci. Ele disse que se eu continuasse com o Rafe ele iria atrás dos nossos amigos,disse que eu sou uma ameaça pro filho dele,que posso fazer ele se virar contra o pai. Eu prometi pra ele que ficaria longe desde que ele não mexesse com os pogues - falei e Jake me olhava por alguns segundos sem reação - E ele disse praticamente as mesmas coisas pra Sarah,disse que se ela não se afastasse dos pogues iria ter "consequências maiores"
- Mas que merda,Alissa - Jake falou chocado e irritado - Perai,o papai sabe disso?
- Eu não sei,não tenho como saber - respondi e ele parecia pensativo e travado por longos segundos
- Escuta,eu tô aqui tá legal?!Eu vou te proteger do que quer que aconteça e tenho certeza de que nosso pai faz até mais do que puder pra proteger você - ele falou me dando um beijo na cabeça - Agora por favor,para de fingir que não tem o mundo real lá fora e que você não existe.
Olhei pra ele e assenti,mandando ele sair do quarto pra eu continuar assistindo minha série.
Preparei mais pipoca de tarde e deitei na sala,finalmente saindo do cubículo que eu estava e sentindo o "puro ar" nos meus pulmões.
Assisti mais filmes românticos que me sobraram pra ver,alguns me fazendo derramar lágrimas.
Eu não conseguia mais imaginar como seria ficar sem ele.
Apesar de eu ter me preparado internamente pra perda dele quando eu desapareci,ainda me doía saber que não poderíamos ficar juntosMas ao mesmo tempo que sentia tristeza eu também queria bater nele,fazer ele me pedir desculpas por ter me trocado de uma hora pra outro,tão rápido que eu mal tive tempo de respirar.
O que ele queria de mim?O que ele pensou que fosse acontecer quando eu visse ele com outra?O que ele realmente sente por mim?
Eu não aguentava mais pensar só nisso,era como se depois da festa minha vida só girasse em torno daquilo.
Ouvi a campainha e mesmo com o estado péssimo em que eu estava,resolvi ir atender.
Péssima ideia.
Abri e dei de cara com ele,vendo ele arregalar um pouco os olhos quando me viu e apenas ficamos em silêncio.
- Você tá bem? - ele perguntou e eu o olhei com raiva,seu olhar de pena me causava ódio
- Muito - menti - Meu irmão deve estar descendo,senta e espera se quiser - respondi e voltei pra sala
Meu irmão desceu as escadas e me deu um beijo na testa e um olhar do tipo: você sabe que agindo assim só fica pior.
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1 semana e três sem fazer nada direito. As aulas já iam começar logo e eu precisava fazer alguma coisa pra que não continuasse daquele jeito.
Levantei da cama,me arrumei pela primeira vez em dias e coloquei um conjunto que não fosse tão desconfortável pra limpar as coisas.
Comecei a organizar tudo que eu vi,joguei roupas pra doação,enchi caixas e mais caixas de coisas inúteis no meu quarto,arrumei meu closet,doei sapatos e ainda consegui limpar todo meu banheiro.
- Filha - meu pai me chamou e entrou no quarto
Ele analisou alguns segundos e sorriu satisfeito.
- Seu irmão e sua mãe não estão,quer sair pra jantar? - ele perguntou e eu assenti,levantando e colocando minha rasteirinha
Arrumei meu cabelo em um coque e tirei meus óculos de descanso pros meus olhos,descendo as escadas e entrando no carro com meu pai.
Fazia muito tempo que não fazíamos algo só nós dois,como melhores amigos.
O meu pai podia ter defeitos e segredos,mas ainda era um dos meus melhores amigos. O único que eu sabia que poderia contar,em qualquer situação.
Ainda que tivéssemos nos afastados depois do tempo morando fora,quando mudei muito,ele ainda era meu pai,alguém que eu confiava muito.