Ele tem poder sobre mim

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Pietro

– Apenas... Tomem cuidado com ela. – Victor diz, olhando de relance para a Julie que estava segurando as mãos da Rany. – Loirinha, vamos, vou te deixar na porta do seu quarto.

– Ah não, eu quero ficar com a minha irmã. – Julie insiste.

– O Pietro já está cuidando dela, e se algum dos professores vier verificar os quartos amanhã cedo, o que você acha que vão pensar ao verem três pessoas no mesmo quarto? – ela fica em silêncio. – Que vocês estão fazendo uma suruba. Essa é a resposta. Agora se despede da sua irmã e vamos. – ela revira os olhos.

– Tchau, Rany. Vê se não morre, vagabunda. – Julie abraça a irmã e se levanta, vindo até a porta. – Boa noite, Pietro. Cuida dela direitinho, tá?

– Nem precisava pedir. Boa noite pra vocês dois. – digo e Victor me dá um aceno de cabeça, antes de sair do quarto com a Julie.

Fecho a porta novamente e caminho até a cama, me deitando atrás da Ranya. Passo as mãos pela cintura dela e a puxo para mais perto, ouvindo sua respiração calma e serena enquanto dorme.

Fiquei com medo quando vi ela naquele estado. Medo de perde-la. Mas agora, ver ela aqui comigo, bem mais calma, é reconfortante.

O que o Victor disse ficou na minha cabeça. A Milena foi a única que veio conversar comigo enquanto eu estava bebendo com a Rany, mas não vejo motivos para ela fazer algo tão perigoso. A Liliane também veio até nós em um momento, mas a Milena logo levou ela para longe.

Suspiro pesado apertando a Rany ainda mais em meu abraço.

– Quem fez isso com você, meu amor? – sussurro deixando um beijo suave em sua nuca antes de fechar os olhos e me render ao sono.

•••

Acordo sentindo a Ranya se mexendo na cama. Abro os olhos devagar e vejo que ela se virou e agora está de frente para mim, seus olhos me encarando.

– Bom dia, linda. Como está se sentindo? – pergunto erguendo a mão para acariciar sua bochecha.

– Bom dia. – ela sussurra com a voz sonolenta. – Eu... Estou com dor de cabeça, e um pouco confusa também. O que aconteceu ontem na balada?

– Bom, você estava dançando com a Luane, depois eu te puxei para um canto mais calmo e... – pauso por um momento. Eu não sei se ela se lembra do nosso beijo, ela pode ficar desconfortável se eu falar. – Você começou a passar mal e eu fiquei preocupado, então chamei o Charles e voltamos para cá, para cuidarmos de você.

Também não mencionei o ovo cru, não quero morrer de manhã cedo.

Ela fica em silêncio por um momento, processando as minhas palavras, mas de repente faz uma careta de dor.

– Ah, é! A sua dor de cabeça. Vou pegar um remédio para você. – me afasto dela e levanto da cama, me espreguiçando antes de ir até a cômoda ali perto e pegar algum remédio para dor na sacola que Charles me trouxe ontem.

Ranya

A visão do Pietro se espreguiçando sem camisa na minha frente quase me deixa hipnotizada, mas a dor de cabeça faz com que eu volte a realidade.

Eu não sei muito bem o que aconteceu ontem, mas foi um pesadelo, e estou feliz por ter acordado da sensação mais agoniante da minha vida.

Pietro volta para a cama e me dá um comprimido junto com uma garrafa d'água que tinha no criado-mudo.  Engulo o remédio com a água sem reclamar e ponho a garrafa de lado.

Olho para baixo, percebendo que não estou com as roupas de ontem – ainda bem, aquele vestido era meio desconfortável – e também não estava com o cheiro de cigarro e bebida da balada.

Eu acho que não estava em condições de tomar banho sozinha. Então o Pietro...?

Ai, meu Deus, minhas bochechas queimam só de pensar.

– Quer saber de mais alguma coisa, linda?  – Pietro pergunta me encarando.

– Hm... Não. – nego e Pietro franze as sobrancelhas, como se dissesse silenciosamente "não minta para mim". – Ontem eu... Você me... – A vergonha me impede de completar a frase.

Por que caralhos eu me sinto envergonhada? Não seria a primeira vez que ele me ajuda no banho. Claro, as condições eram diferentes, mas...

– Sim, eu te dei banho. – Ele responde como se pudesse ler minha mente. –  Não se preocupa, eu não me aproveitei de você ou te toquei sem concentimento. Você sabe que eu não sou assim. – Pietro se aproxima de mim e acaricia minha bochecha com o polegar.

– Eu sei, eu não quis dizer que você tentou algo, eu só... – antes que eu conseguisse concluir minha fala, ele me dá um selinho rápido.

– Eu entendi o que você quis dizer, Rany. – Ele diz em um tom baixo, dando um daqueles sorrisinhos perfeitos que só ele tem, antes de se afastar e ir até o banheiro.

Caralho, esse cara conseguiu me deixar molinha só encostando a boca na minha... Ele realmente tem poder sobre mim.

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Maratona 3/5

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