onde tudo começou (1)

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     Minho acordou no mesmo horário de sempre. Ficou alguns minutos deitado em sua cama, tentando achar algum vislumbre de esperança, algum motivo para desligar aquele maldito despertador e sair da cama.

     Respirou fundo e tampou os olhos. Sinceramente, nada no mundo iria prepará-lo para encarar a sua vida. Uma vida triste, num trabalho que ele não gostava, tendo que lidar com problemas fúteis de pessoas que eram muito mais bem sucedidas que ele.

     Tratou de logo afastar esses pensamentos de sua mente. Era a sua realidade, afinal, e poderia ser bem pior.

      — Eu poderia trabalhar diretamente com... o inominável.. – declarou em voz alta, como se o ato fosse o confortar pelo menos um pouco.

     Respirou fundo novamente e finalmente desligou o despertador. Seguiu sua rotina como sempre, evitando os infortúnios casuais que sempre o ocorriam – como derrubar acabar a água do chuveiro e ter que tomar banho de canequinha. Logo pegou a condução e seguiu seu caminho para a empresa que trabalhava.

     Sinceramente, o emprego de Minho não era tão ruim. Quer dizer, ele queria poder se dar ao luxo de ter alguma outra pretensão, mas toda vez que tentava algo lhe saía errado. Sentia um pouco de raiva do destino por tê-lo permitido ficar na sua última opção, ainda mais tendo que esbarrar casualmente com o seu "arqui-inimigo"; mas as coisas poderiam ser piores, não é? Ele poderia estar desempregado, por exemplo.

     Todos os dias o Lee repetia palavras de afirmação em seu caminho para o trabalho, um método que Felix, seu melhor amigo, lhe ensinou. Felix era uma pessoa muito positva, apesar da sua vida não ser muito mais fácil que a de Minho, e era isto que o mesmo admirava em seu amigo.

      Logo, chegou na empresa. Deu bom dia para as pessoas que se encontravam no hall de entrada e pretendia seguir diretamente para o seu departamento, mas... como esperado, ele havia esquecido seu cartão.

     Os idols conseguiam entrar com o reconhecimento facial, mas ele, um mero mortal, apenas conseguia registrar seu horário de chegada com a tecnologia mais ultrapassada do mundo: cartão.

     Ainda bem que a empresa tinha um sistema de cópias dos passes, que todos ficavam na recepção. Sentiu seu rosto ferver a cada passo que dava na direção do local. Já era a quinta vez no mês que isso acontecia, ele até tinha feito amizade com a moça da recepção.

     — Oi, Yunjin.. – ele disse baixinho, se sentindo ainda mais humilhado quando ela o lançou aquele olhar de "não precisa falar mais nada".

    — Bom dia, Minho! – foi tudo que ela se limitou a dizer, antes de acompanhar ele até o local de registro de horários.

     Depois que ele finalmente conseguiu entrar, prometeu para a amiga que lhe chamaria para sair como forma de recompensar. Se dirigiu ao elevador, apertando o botão de chamar. Aguardou alguns instantes, até que finalmente ele chegasse.

      Se já não bastasse o dia que estava tendo, a primeira coisa que viu quando a porta do elevador abriu foi o rosto de seu maior inimigo. Ele considerou seriamente ir de escada quando aquele energúmeno abriu o seu sorriso sínico e lhe desejou bom dia, mas não poderia se dar este benefício (já que estava atrasado). Entrou com certa relutância, ignorando de propósito o "bom dia" do outro.

      O elevador ficou em silêncio por um tempo. Minho fingiu estar mexendo no celular para não ter que encarar o outro, mas mesmo assim sentia o olhar dele sobre si.

     Minho desviou o olhar do aparelho e encarou os olhos do idol, como se perguntasse o que ele queria.

     — A gente quase não se fala, né? – o outro quebrou o silêncio. — Você parece ser bem tímido.

      Minho não era tímido, apenas não queria conversar com aquele indivíduo. Como ele podia falar assim, tão casualmente? Como se não lembrasse, ou ao menos percebesse, todo o sofrimento que causa na vida do Lee.

      Minho se limitou a sorrir educadamente, nem se dando ao trabalho de responder aquilo. Afinal, o que importava se ele era ou não tímido?! Vai a mer...

      — Você é do RH, né? Acho que seu departamento ta bem cheio hoje... Eu fiquei sabendo que alguém vai ser promovido! – ele continuou com aquele sorriso sínico no rosto.

     Porra, se o departamento estava cheio ou não, não era da conta dele! E daí se alguém ia ser promovido, o que impoertav ao grandessíssimo Han Jisung? Como Minho queria pular no pescoço dele e tirar na marra aquele sorrisinho, mas, no momento que ia responder algo, o pior aconteceu:

O.

Elevador.

Parou.

     — Caralho, não é possível! – Minho esbravejou, assustando um pouco o seu companheiro de elevador quebrado.

     Jisung sussurrou um "uau, você fala!" sínico, o que lhe resultou em um olhar mortal da parte de Lee.

    — Que estranho, eu sempre uso o elevador e isso nunca aconteceu... – ele apertou o botão de recurso, mas nada aconteceu.

     — Ah, cê jura?! – Minho respondeu irritado, ganhando um olhar confuso em resposta. — Não fica aí parado, liga pro seu manager, faz alguma coisa! Eu não posso ficar aqui preso, eu preciso trabalhar, eu...

     — Cara, calma... – ele colocou uma das mãos no ombro de Lee.

     — Calma nada! – Minho tirou a mão dele.

    Aquele dia não poderia piorar!

orddinary . - MINSUNGWhere stories live. Discover now