Roda Gigante | Simoraya

Mais um drink

_ Você deveria mesmo, Simone. Aproveitar... o sol...o dia.

Não satisfeita com a cadeira, ela se levantou e pude acompanhar os sapatos exóticos dela contornando a espreguiçadeira, até que se sentou em outra cadeira, na mesinha com o guarda sol, de frente. Entrelaçou as próprias mãos nos joelhos e se curvou um pouco, o que deixou seu rosto na mesma direção do meu, distante alguns metros, provavelmente com a visão da cabeça aos pés de uma Soraya de bruço com um coque frouxo na cabeça e rosto vermelho, mais por conta da caipirinha que do sol. Fiquei nervosa. Pensei em levantar, mas logo pensei que seria pior. Coloquei o celular na sombra em baixo da espreguiçadeira.

"Por que tão nervosa, Soraya?"

Minha deusa interna estava um pouco preocupada. Peguei a caipirinha que já nem existia mais, enquanto pensava que deveria agir normal, como se ela não fosse assunto do WhatsApp minutos antes. Só restava um pouco de gelo no copo.

"É só fingir normalidade..."

Suguei o gelo com o canudo e o barulho da sucção  me deixou mais nervosa ainda.
Simone umedeceu os lábios.
Minhas bochechas queimaram de vergonha, tentei disfarçar. Prestes a entrar no modo da Soraya que fala demasiadamente e desnecessariamente, tentei desviar meus desejos.

_Acho que preciso de mais um drink! Impressionante como as caipirinhas desse hotel são boas. - vi um meio sorriso no rosto de Simone e desviei o olhar, levantando a mão para chamar o garçom - E o que te levou a fugir do auditório do hotel para a área da piscina ainda de terno, Simone?

_ Estava completamente desinteressada em ouvir os mesmos discursos. Toda essa reunião de hoje poderia ser um e-mail.

O garçom conversava com a garçonete, e ao contrário da mulher a minha frente, parecia ignorar completamente meus movimentos. Então resolvi me levantar. Abaixei para pegar a toalha, o copo vazio, o celular e o óculos jogado ao lado da espreguiçadeira.

A sensação do olhar dela me queimar mais que o sol só podia ser coisa da minha cabeça. E eu não estava desconfortável, mas estava com vergonha de estar ali quase sem roupa na frente daquela mulher que sempre encontrava de maneira formal.

"Você tímida, Soraya? Essa vergonha é por ter escolhido esse biquíni que mal te cabe, ou dos sinais que seu corpo pode mostrar de imaginar ela mais perto?"

Como se lesse meus pensamentos, ela tirou o terninho, pendurou na cadeira, e começou a arregaçar as mangas da camisa social que tinha por baixo.

_Sshiu! - falei alto pra mim mesma, tentando me repreender antes de deixar minha imaginação livre.

Simone me olhou confusa e ia perguntar algo mas o momento foi interrompido por uma moça com uniforme da cantina do hotel.

_ A senhora deseja experimentar o drink da casa agora?

_Quero! E você vai caprichar para mim? - pisquei e sorri gentilmente para a moça.

_Com toda certeza! Vai ser o melhor drink que a senhora irá experimentar aqui no Pallace. - a moça sorriu mostrando todos os dentes e saiu apressada.

Ainda sob o olhar de Simone, acomodei-me na outra cadeira de plástico da mesa. Reparei nas gotículas de suor que desciam dos meus seios cobertos apenas pela cortininha do biquíni. Quando subi meu olhar, encontrei o dela subindo também.

_Então você também gosta das garçonetes?

_Eu? -fiquei confusa até me lembrar da noite anterior e das minhas brincadeiras com o garçom - Ahh sim! Gosto... as vezes até mais do que dos garçons. Homens são bem mais bobos, né?