Prólogo

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(Beatrice)
Lembro-me como se fosse ontem da solidão pesando sobre mim como uma sombra. Naqueles dias sombrios da minha infância, embora eu fosse apenas uma criança, já sentia o peso esmagador do desprezo de minha mãe. Minha mãe, Maria, era uma pessoa dura e implacável, cujo olhar frio e palavras cortantes penetravam profundamente em minha alma jovem e sensível.
Ela não me poupava de sua raiva e me punia impiedosamente por cada pequeno erro, por mais trivial que fosse. Tornei-me uma criança tímida e retraída, sempre com medo de incomodar minha mãe. Cada olhar duro, cada palavra dura feriu minha alma frágil, deixando uma cicatriz que eu sabia que nunca iria desaparecer completamente.
Não tinha amigos ou companheiros com quem compartilhar minhas alegrias e tristezas. Eu era uma ilha num mar de apatia, navegando nas águas agitadas da minha própria existência sem propósito ou direção. E a surra... ah, a surra. Aparecia com dolorosa regularidade, lembrando-me constantemente de minha insignificância aos olhos de minha mãe. Cada pequeno insulto foi suficiente para provocar sua raiva, e eu tive que juntar os pedaços de uma alma ferida e despedaçada.
Então cresci em silêncio e dor, envolta em uma névoa de tristeza e desespero que nunca foi embora. Ansiava por amor, aceitação, um raio de luz que brilhasse através da escuridão que me cercava, mas tudo que encontrei foi vazio e abandono.
E neste mundo sombrio e solitário, carrego uma marca indelével de desprezo e crueldade, mas ao mesmo tempo carrego uma leve chama de esperança no fundo do meu coração, uma esperança tímida de que algum dia poderei encontrar o amor e a felicidade. Cresci com essas crenças. Eu ansiava tanto por isso.

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