Pode ter sido coisa da minha cabeça, algo querendo me enganar, me iludir, mas tenho certeza de ter visto suas pálpebras crescerem quando falou meu nome, digo isso pois prestei mais atenção nessa dizendo uma simples palavra do que em qualquer aula da graduação que fiz, até porque, a graduação não tinha cabelos dourados, pele de porcelana, olhos que tiram a sanidade de quem os vê por mais de alguns segundos, muito menos, eram simpáticos iguais a ela.
Lembro da vez que peguei meu celular no meio de uma aula, foi a única vez, peguei apenas para checar o horário, mas a minha desculpa não me salvou da aula que tive que dar. O professor pediu para que eu continuasse a aula, já que não precisava escutar sua explicação, e sinceramente, não precisava mesmo, dei a aula, eu prestava atenção, e com uma família de advogados, é bem difícil não saber uma matéria de direito civil se quer.
- Sou Sophie. – Ela diz com o sorriso no rosto, parece que alguém acabou de lhe dar a melhor notícia do mundo, mas apenas está dizendo seu nome, seu jeito me fascina. – Sophie Greene.
- é um prazer te conhecer Sophie. – Meu café já havia acabado a algum tempo, então apenas mexia na xicara, inquieto. – Tenho a impressão de já ter visto esse sobrenome.
- Talvez tenha mesmo, meu maior desvio de caráter é ser metade inglesa, mas não cota para ninguém, eles confiam em mim aqui. – O combo do sussurro com o dedo nos lábios me pedindo sigilo e o segredo que claramente era piada me fizeram rir.
- Irei pensar no seu caso, quem sabe te trago de volta aos ingleses.
-Nunca, só sou metade, sou nascida e criada aqui, sou totalmente americana.
- Acho que nunca conheceu o melhor da Inglaterra, senão não falaria isso.
- Eu acho que conheci.
O silencio toma conta de nós e a feição que ria a segundos atras me olha profundamente, sinto que ela consegue ver todos meus segredos, sei que não pode, mas também sei que ela pode tirar qualquer um deles se quiser.
- Como foi crescer na cidade mais movimentada do mundo? – quebro o gelo pois não aguentaria mais um segundo olhando-a.
- Foi ótimo, crescer aqui foi como crescer em um mundo magico, tive todas as experiências possíveis, os parques de diversões, patinar no gelo no pinheiro do rockefeller center era o que eu mais gostava, esperava o ano todo até o inverno, e não parava de encher o saco do meu pai até irmos. – O sorriso em seu rosto era tão real, tão sentimental que me dava vontade de abraçá-la e escutar ela falando sobre sua infância para sempre, então deixei que fizesse. – lembro de uma vez, meu pai se sentia culpado, éramos só nos dois, perdi minha mãe no parto, então ele tinha que se virar para cuidar de mim, por isso viemos parar aqui, o trabalho dele era corrido, mas sempre achava um tempo, me perguntava sempre se eu não preferiria morar no campo, com animais, sempre neguei, amava minha vida, era tudo tão tecnológico, a cidade encanta quem vem visitar, mas não faz ideia do que faz com uma criança que viveu aqui. – O olhar dela levava até a porta de fora, as luzes da avenida me permitiam ver ainda a pista de gelo fechada, amaldiçoo mentalmente pela vontade que sinto dela estar aberta para viver um dos cenários que ela mais gostava.
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UMA NOITE LONGA - a.s. Delgado
RomanceEm uma história de amor emocionante que diz muito sobre as peças que o destino prega em nossas vidas, Sophie Greene e Elijah James se conhecem por acaso em uma noite qualquer. Ao passar da noite eles se conhecem e se apaixonam, ou será que se apaixo...