Nas Sombras do Castelo

Capítulo II- Ameaças

A noite passou, e o jantar foi maravilhoso. Sentando-me na cama, reflito sobre o jantar de ontem, uma festa para os sentidos que deixou uma marca indelével em minha memória.

As cozinheiras haviam preparado uma variedade de pratos deliciosos, cada um mais tentador que o outro. Desde a entrada de sopa de legumes fumegante, perfumada com ervas frescas do jardim, até o prato principal de cordeiro assado lentamente, tão macio que derretia na boca, o banquete era verdadeiramente digno de realeza.

Os acompanhamentos não ficaram atrás: uma salada fresca com vegetais colhidos no mesmo dia, regada com um molho delicado de vinagre balsâmico, e batatas douradas e crocantes, temperadas com ervas aromáticas que elevavam seu sabor a novas alturas.

Para finalizar, as sobremesas eram uma obra-prima culinária por si só. Tortas de frutas recém-colhidas, com uma massa leve e aerada que contrastava perfeitamente com o recheio doce e suculento. E, é claro, não poderia faltar o clássico creme brûlée, com sua crosta caramelizada que se quebrava sob a colher, revelando um interior cremoso e delicadamente perfumado com baunilha.

Cada prato era uma obra de arte em si, uma celebração da abundância e da generosidade da terra. Enquanto saboreava cada garfada, não pude deixar de me sentir grato pela dedicação e talento das cozinheiras, cujo trabalho árduo transformou uma refeição comum em um banquete memorável.

No entanto, o que mais se destaca em minha memória não são os sabores exóticos ou as texturas exuberantes dos pratos, mas sim as palavras ousadas de Khaliel na noite anterior. Seu atrevimento em desafiar as convenções do palácio ecoa em meus pensamentos, como um lembrete constante de sua coragem incomum.

É verdade que Khaliel é um homem de bravura singular. Não são muitos que se atreveriam a flertar com um príncipe, especialmente alguém como eu, cujo poder pode facilmente decidir o destino deles. Sua audácia me intriga, deixando-me ponderando sobre suas verdadeiras intenções e motivações.

Enquanto me preparo para o dia que se inicia, não posso deixar de admirar a coragem de Khaliel, mesmo que suas ações me deixem desconfortável. Ele é um enigma envolto em mistério, e mal posso esperar para descobrir mais sobre o homem por trás da fachada de ousadia e sarcasmo.

Hoje é um daqueles dias em que Isabel vem ao castelo para trabalharmos em nosso futuro relacionamento. Levanto-me da cama e me dirijo à escrivaninha, onde minha agenda espera pacientemente por mim. Abro-a e passo as páginas, procurando pelos planejamentos do rei para o tempo que passaremos juntos como casal.

Entre as páginas repletas de compromissos e obrigações reais, encontro a seção reservada para os eventos relacionados ao meu noivado. Ali estão listados os detalhes meticulosamente organizados pelo meu pai, desde reuniões formais até encontros sociais e jantares de gala.

Faço uma rápida revisão dos compromissos do dia, anotando mentalmente as expectativas e responsabilidades que me aguardam. Por mais que eu deseje que meu relacionamento com Isabel floresça em algo genuíno e significativo, sei que a política e o protocolo devem ser seguidos de perto para garantir a estabilidade e a paz entre os reinos.

Com um suspiro resignado, fecho a agenda e me preparo para o dia que se aproxima, sabendo que, estou determinado a fazer o melhor possível para cumprir com minhas responsabilidades como príncipe e noivo.

Após revisar os compromissos do dia, troco-me rapidamente e desço para o café da manhã. Engulo as últimas mordidas apressadamente, sabendo que não posso me atrasar para o encontro com Isabel.

Com a mente repleta de pensamentos sobre o que esperar desse encontro, apresso-me em direção à sala do trono, onde sei que nos encontraremos. Meu coração bate um pouco mais rápido à medida que me aproximo, a antecipação e a incerteza dançando em minha mente.