☀︎
Estava praticamente pulando em cima de minha mala para ver se a mesma resolvia querer fechar quando meu irmão gêmeo, Steven, passa pela porta do quarto, se escorando no batente.
- Mamãe mandou avisar que saímos em cinco minutos. Eu dirijo, então acho bom você estar lá em dois antes que eu resolva te largar.
Ele diz com um sorrisinho e desce correndo, o que me faz acelerar ainda mais. Olho pela janela e vejo que minha irmã mais nova, Belly, já estava entrando no carro. Pego a mala, que finalmente resolveu fechar, e desço as escadas.
- Atrasada de novo Percy? Não me obrigue a te chamar de Perséfone por favor filha e entre logo no carro. Belly vai entrar em coma se não chegarmos lá logo.
Minha mãe fala assim que me avista deixando minhas coisas no porta-malas e logo o fechando-o e sentando no banco de passageiro, ao lado de Steven.
- Eu ainda não acredito que você deixou o papai escolher o nome dela.
- Steven!
Enquanto minha mãe briga com meu irmão por zoar meu nome pela milésima vez em dezessete anos, lhe mostro discretamente meu dedo do meio, o que faz Steven me retribuir esse gesto carinhoso.
- Vocês dois podem por favor parar de brigar e ir logo? Desse jeito vamos chegar lá à tarde.
Isabel, Belly como nós a chamamos, vulgo minha irmã quase dois anos mais nova comenta, se esgueirando entre os bancos da frente para colocar uma música no rádio.
- Ela só está animada assim por causa do...
- Cale a boca Steven!
Desde que eu me lembre, todos os verões eu e minha família íamos para Cousins Beach, uma cidadezinha praiana em Massachusetts. Passávamos esse tempo todo na casa de praia da família Fisher, praticamente nossa segunda família.
Susannah e minha mãe sempre tiveram uma ligação que ninguém nunca soube explicar. Melhores amigas desde o colégio, cresceram juntas e nunca se separaram até então.
Costumo dizer as duas que elas são almas gêmeas incompreendidas. Susannah é claramente a pessoa mais doce que eu já conheci na vida, é como se fosse uma segunda mãe para mim.
- Ei, terra chamando? Vamos fazer uma parada para abastecer. - Steven anuncia, enquanto sai do carro. O acompanho, vendo que as outras duas foram sem mim.
Poderia dizer que estava dormindo o caminho todo, mas isso seria uma enorme mentira. O caminho para cá é definitivamente o mais mágico do mundo, sempre me entretenho com a vista incrível que a janela do carro me proporciona.
Quando entro na lojinha de conveniência do posto mais próximo da cidade, avisto minha irmã falando com um garoto. Já devo ter visto ele por aqui, mas não me lembro de seu nome. Nunca fiz questão de saber.
As únicas pessoas legais daqui sempre foram Conrad e Jeremiah Fisher, os filhos de Susannah. Os dois garotos que eu vejo todo o verão há quase dezoito anos.
- Pensa rápido!
Steven joga uma latinha de refrigerante em mim, o que me obriga a pegá-la. Conviver sendo sua irmã gêmea me fez criar um sexto sentido ou algo assim. Entramos no carro e meu irmão dá partida, o que me faz instantaneamente abrir a janela para sentir o ar daqui direto no rosto.
- Vê se dirige direito Steven. Já estamos chegando.
- Belly, dá pra esperar mais um pouquinho? A menos que você queira que eu bata o carro e todos nós morramos.
- Steven! Vira essa boca para lá garoto. Ninguém vai morrer hoje, não antes de eu publicar meu segundo livro, pelo menos.
- Relaxa mãe, eu fico de olho no bebezão no volante. - digo, olhando para minha mãe e com uma das mãos no ombro de Steven.
Meu irmão me encara feio, provavelmente deve ter me xingado também, mas não prestei atenção. Estava mais focada em observar a paisagem que nunca muda, o cheiro, o ar, as pessoas.
☀︎
Assim que passamos pelo portão dos Fishers, avisto Jeremiah nos esperando bem em frente a porta. Meu irmão desce correndo do carro assim que estaciona e abraça o loiro, que por sinal, parecia maior e ainda mais loiro.
Jere sempre foi o raio de sol, como se olhar para ele me fizesse feliz instantaneamente. E ele acha importante ressaltar que é o mais engraçado.
Belly e Jeremiah se abraçam como se não se vissem à anos enquanto minha mãe apenas esperava por sua vez. Desço do carro logo em seguida e recebo uma olhada de cima a baixo de Jeremiah, com um sorriso enorme no rosto.
- Olha só quem cresceu!
Ele diz com os braços abertos, me envolvendo em um abraço de tirar os pés do chão. Quando nos soltamos, empurro seu ombro de leve e digo:
- Jere, você é apenas um mês mais velho. Se controle.
- Não era isso que eu estava dizendo! Você está diferente, mas ainda não sei por quê.
Abro um sorriso para o mesmo e olho em volta, enquanto Jeremiah abraça minha mãe. Está faltando alguma coisa. Está faltando alguém.
- Procurando por alguém específico, Pers?
Quando ouço essa voz e esse apelido vindo por trás de mim, meu rosto se enche de alegria e meu coração começa a bater mais forte.
Me viro e o vejo aqui, parado bem na minha frente com seu clássico sorriso tímido. Esse definitivamente é um dos seus melhores sorrisos, contando com o fato de que eu não o vejo faz um ano. Ele está mais alto, com o cabelo um pouco mais curto do que no verão passado.
Nos encaramos com um desses sorrisos tímidos e calorosos por alguns segundos até finalmente ficarmos a poucos passos de distância. Seus olhos azuis me encaram profundamente, até seus lábios se entreabrirem e ele dizer:
- Parece que surgiram mais pintinhas no seu rosto desde o verão passado. Está parecendo uma criancinha.
Conrad aponta para meu rosto, com os lábios se curvando para cima, formando um sorriso. Ele sabe o quanto eu odeio minhas sardas e obviamente tira proveito disso.
- Eu não reclamei quando você ficou com cara de camarão queimado há dois verões por causa de uma insolação.
O de olhos azuis solta uma risada sincera, o que me faz rir também. Conrad sempre conseguiu me fazer sorrir, mesmo que não devêssemos.
Um movimento e gritos atrás de nós interrompem esse momento e a única coisa que eu consigo ouvir antes de alguém me pegar por trás e ver Conrad segurando minhas pernas foi:
- Sabem do que é hora?
- Da barrigada das garotas!

VOCÊ ESTÁ LENDO
𝘛𝘩𝘦 𝘈𝘳𝘤𝘩𝘦𝘳 - 𝘊𝘰𝘯𝘳𝘢𝘥 𝘍𝘪𝘴𝘩𝘦𝘳
Fanfiction- Você parece conseguir ver através de mim... Eu não sei como explicar, mas sempre foi assim. Eu e você. Onde Conrad Fisher se sente como o arqueiro, tentando proteger os outros em sua volta de seus sentimentos profundos, principalmente da Conklin m...