Capítulo 2

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Darius subiu apressadamente as escadarias, indo em direção ao escritório de Lucien. Ao chegar diante as grandes portas, ele bateu duas vezes.
– Mestre Lucien?
– Entre.
Girando a maçaneta, ele entrou com cuidado, seus olhos procurando pelo homem.
Lucien estava recostado na janela, olhando para o jardim morto.
– Aurora Evans. Ela não tem a aparência uma mulher comum.
– Realmente senhor. - Darius concordou - A pele dela é muito delicada para alguém que se diz pobre. Não achei um só calo ao tocar suas mãos.
– Você acha que ela pode ser uma nobre fugitiva? - ele perguntou, voltando-se para Darius.
A imagem de Aurora lhe veio a mente. A jovem possuía um ar adocicado, mesmo por baixo do cheiro de roupa mofada, além de ser capaz de o deixar envergonhado.
– Senhor, sinceramente. Por baixo do cheiro de mofo eu sinto o aroma de rosas. - Darius declarou, olhando pela janela - Possivelmente ela veio de uma família rica.
– Então o sangue dela será o mais puro possível.
Lucien sentou-se em sua e pareceu se perder em pensamentos.
– Você apenas esqueceu de me avisar o quão bela ela é. - Lucien suspirou, irritado - Nem todas as prostitutas que com quem eu já me deitei tem a beleza dela.
– Devo concordar com o senhor. - Darius desviou o olhar - Até agora a moça foi o mais respeitosa possível, e o sorriso dela é cativante. Ela possuí uma aura inocente.
– Aurora Evans... Com o tempo vou descobrir quem ela realmente é.

Aurora lavou o rosto e arrumou suas coisas na cômoda. Havia muitas roupas das antigas criadas, o que a preocupava. Onde estariam essas mulheres?
Vestindo algo mais discreto, ela seguiu para começar a limpeza.

Com o tempo, ela se acostumou ao tamanho do lugar, por mais que fosse bastante cansativo.
Mas estranhava os hábitos do dono do sclhoss.

Lucien não saía do seu quarto antes das 9 horas da manhã, e não falava quase nada com ninguém.

O castelo parecia um cemitério de tão silencioso que era. Só haviam ela, Darius, Jozeph, Rowena e Lucien, a qual ela não via se não de relance.

Mas ele a via. E muito.

Involuntariamente, Aurora causou efeito em todos no sclhoss.
Jozeph se afeiçoou da moça, que fazia questão de o visitar pela manhã, no seu alojamento, perto do estábulo.
Embora seu jeito fosse abrutalhado e desajeitado, ele tirava gargalhadas sinceras da jovem.

Darius não tinha do que reclamar. Nunca o castelo esteve tão limpo antes. Além de ser discreta, ela era muito dedicada na faxina.

Rowena não tinha muito contato com a garota, exceto quando essa ia lavar a louça, diminuindo o trabalho da cozinheira.

Aurora acordava ao raiar do dia, lavava o rosto, vestia um vestido largo e amarrava um turbante na cabeça. Corria até a cozinha, onde Rowena já deixara a comida dela e de Jozeph separada, e então ia entregar ao rapaz, que a recebia ainda sem camisa, com um sorriso no rosto.
Ela não se importava com a forma que Jozeph se vestia. Ele era seu amigo, e ela gostava dele.
Eles comiam juntos, e bebiam o café que ele fez, se esquentando do frio matinal.
– Jozeph, você que trabalha aqui jamais tempo... Pode me explicar uma coisa?
– Depende. - ele pousou a caneca, a olhando fixamente.
– O senhor Lucien sempre saí de madrugada ou tarde da noite, e simplesmente desaparece! - ela exclamou - Você sabe o que ele faz?
Jozeph parou. Ele estava confuso.
– Na verdade, nenhum de nós sabe. Talvez seja apenas para relaxar um pouco.
Jozeph mordeu um dos pães, sorrindo. Finalmente ela notou. Ele tinha caninos afiados, mas discretos.
– Seu sorriso é muito bonito. - ela disse - Você deveria sorrir mais.
O rapaz parou de mastigar, e rapidamente desviou o olhar, escondendo um sorriso tímido. Suas bochechas queimavam.
– Eu...uh... Eh... Obrigado.
Seus lábios de curvaram em um sorriso gentil.
– Bem. - Ela se ergueu, juntando suas coisas - É melhor eu ir. Não quero causar problemas. Te vejo depois, Jozeph.
Ela saiu, deixando o pobre rapaz completamente envergonhado.

Ela tirava o pó dos quadros nas paredes do corredor, quando pela janela, avistou Lucien, caminhando sozinho pelos jardins. Parecia solitário e pensativo.

Mas, quando se menos espera, ele vira o rosto e a encara. Envergonhada, a moça voltou a trabalhar, fingindo que não o olhava. Aquele homem fazia o sangue dela gelar.

Lá de baixo, ele riu da figura nervosa da moça. O efeito que ele tinha sobre as pessoas era sempre o mesmo.

Fascínio e medo.
O mistério que era Lucien Axford deixava Aurora desconcertada. Ela o evitava com todas as forças que tinha, e o faria para sempre.

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