Capítulo 7

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O sol já brilhava forte no céu, forçando a apertar os olhos aqueles que andavam no lado de fora do castelo.
A mureta de pedra que se estendia por toda a propriedade se abriu em um amplo portão de grades, que parecia enferrujado, enquanto os galhos das árvore  cobriam boa parte do caminho.
Ao longe, era possível ver as torres góticas do castelos, em sua imponência e beleza.

Um padre vinha trotando pela estrada, seu chapéu Panamá sendo a única coisa que protegia a sua cabeça grisalha do sol, amenizando um pouco o calor.

Ele parou o cavalo perto do portão e, ao avistar Darius andando pelo vasto jardim, observando as estatuas, arreou da montaria e correu para a entrada, acenando vigorosamente até ser notado.
– Senhor! Senhor! Pelo amor da Santissima Virgem Maria, poderia me informar algo?
– Sim, senhor padre.
– Há que distância fica a hospedaria mais próxima? Tudo o que quero é descansar um pouco e lavar o rosto, e o sol está escaldante hoje.
– Sinto lhe informar, padre, porém a hospedaria mais próxima fica há uma légua daqui.
– Deus do céu! - juntou as mãos, olhando para o céu - A minha viagem perdura há um dia inteiro. Tanto eu como o meu cavalo estamos exaustos.
Darius fitou o rosto apreensivo do padre, e então, teve um vislumbre.
– Espere aqui, senhor. - gritou, enquanto corria - Fique na sombra do pinheiro.

O mordomo irrompeu na sala de jantar, onde a figura delicada de Aurora se curvava para servir o café do barão, cujos olhos fitavam na curva de seu pescoço exposto.
– Senhor Lucien. - Fez uma pausa, recuperando o fôlego - Tem um padre que vem de viagem, provavelmente da capital. Está sob o pinheiro, junto de sua montaria.
– O quê você está esperando? Mande-o entrar!

Darius então, correu para chamar o padre.

Logo, o clérigo se viu acomodado diante de uma farta mesa. Lucien lhe fazia várias perguntas sobre sua viagem.
– De onde o senhor vem? Qual o motivo da sua viagem?
– Ah, eu venho da capital. Estava visitando o meu sobrinho, Theodore Sullivan. - respondeu, pondo o guardanapo no colo - Ele está passando por um grande flagelo.
– Ah! O conde de Sullivan? Sim, ouvi boatos de que ele estava para se casar. Mas, diga-me, o que houve?
– Sim. A noiva dele era uma mocinha mui graciosa, e extremamente caridosa. É uma lástima o que aconteceu. - Baixou o olhar - Ela foi assassinada quando estava a caminho do casamento.
– E quem era a pobre criatura? - perguntou, sem conter a curiosidade.
– A filha do governador Turner. O nome dela era Odette. - declarou, Foi um golpe cruel. Era muito estimada por todos a coitadinha.

Lucien, que não recebia notícias da capital com frequência, continuou a conversa com mais questionamentos.

Após o meio dia, Lucien já havia mandado Aurora limpar o quarto em que o padre ficaria.
Abrindo as janelas para que o sol entrasse, ela viu Darius e ele, em seus cavalos de pelo escuro e porte magnífico, saindo pelos portões, fazendo a poeira subir, desaparecendo na floresta.
Suspirando, ela voltou a limpeza.


Os animais galopavam de forma feroz, ameaçando sair do chão, os cascos faiscando com o atrito nas pedras de cascalho, perseguindo freneticamente a corça, que saltava por sua vida, sentindo o bafo quente do cão em seus calcanhares, enquanto a floresta ficava mais densa e escura ao seu redor.

O cão saltava e rosnava, salivando enquanto se aproximava cada vez mais, com um fogo assassino nos olhos.

A corça gritou desperada quando dentes afiados se cravaram na carne do tornozelo, derrubando-a ao chão. Ela esperneava, tentando fugir em agonia, mas a força daquelas presas a arrastavam para trás, lentamente rasgando sua pele.

Um tiro foi o suficiente para acabar com o seu tormento, e não restaram resquícios de sua luta, exceto pela terra mexida.

Darius ofegava com o coração bombeando acelerado no peito. Lucien simplesmente balançou a cabeça.
– A coloque sobre a montaria e amarre bem. Por hoje é o bastante.

A caça seria a carne principal do jantar.
Rowena estava tratando o animal, removendo o pelo e órgãos em uma bacia, deixando a função de preparar a refeição para Aurora.

Seus dedos ágeis picavam os ingredientes com cuidado. No entanto, por um deslize ela feriu a ponta do indicador.
– Droga.
Correu rapidamente para lavar a ferida com água. Olhando mais atentamente, não foi um corte profundo.

Virando-se para voltar a mesa,  deu de cara com Lucien, que estava a pouco de encostar nela. Os olhos dele foram rapidamente de seu dedo machucado até seus olhos e então para a pele exposta de seu colo.

A cozinha estava abafada pelo vapor que subia das panelas, portanto, ela deixara alguns botões do vestido abertos, revelando a curva tímida de seus seios.

Não disse nada, apenas saiu, deixando uma incômoda sensação de seu olhar cortante.

Durante o jantar correu tudo bem.

Todos estavam em seus devidos quartos. Aurora  carregava uma jarra com água, a qual iria entregar ao padre.

Bateu a porta e foi recebida.
Deixou a jarra sobre a mesa de cabeceira e virou-se para sair, mas o padre agarrou o seu pulso. Seu rosto tinha sinais de aflição paternal.
– Eu tenho uma mensagem para você.

Tirou do bolso um pequeno envelope de carta. Entregou-a em suas mãos, apertando-as carinhosamente.
– Como o senhor sabe quem eu sou? - perguntou ela, confusa.
– A jovem D'Dharma me informou sobre você.
– L-Louise? Mas ela... Ela desapareceu do mapa... E todos pensam que eu estou morta.
– E nem por isso ela deixa de saber sobre os acontecimentos. - riu.

Soltou as mãos dela, dando passagem para que ela se fosse.

Escondendo o papel no seio, ela saiu, com cautela para não ser vista.

Passando em frente a porta trancada do quarto de Lucien, ela ouviu um grunhido baixo.
Aproximando-se da porta, pode ouvir melhor.
– Aurora...

Sua curiosidade só aumentou. Espiando pelo buraco da fechadura, ela viu algo que não esperava.

Lucien estava sentado em uma poltrona, com a camisa desabotoada, uma fina camada de suor marcando seu rosto, respirando com dificuldade.
Sua mão estava dentro da calça, os olhos cerrados com força, os quadris se movendo para cima lentamente enquanto ele suspirava.
– Aurora... - gemeu

Ela congelou, suas bochechas ficaram vermelhas.

Atordoada pela visão, ela recuou, se afastando dali com passos ligeiros.

Lucien, inconsciente do que a jovem viu, continuava o seu ato. Flashes da imagem da moça passavam pela sua mente. Os dedos delgados dela, o pequeno vislumbre dos seios pequenos, os lábios vermelhos... E os olhos azuis...

Imagens de sua forma submissa abaixo dele, aberta para a sua invasão alimentavam o seu desejo, a medida que as estocadas se tornavam mais fortes e ele sentia o corpo ficar mais rijo, enquanto sentia o êxtase se acumular.

Tentou abafar mais um gemido, mas novamente o nome dela escapou de seus lábios:
– Aurora!
Sua mão se cobriu com o líquido viscoso, e ele recaiu ofegante sobre a poltrona, satisfeito de certo modo.

Ao amanhecer, o padre abençoou o seu anfitrião e seus criados e partiu, trotando pela estrada de terra.

Dias de passaram desde que o padre se fora, quando ao castelo chegou um mensageiro, com expressão austera.
– Que trazes? - perguntou Lucien.
– Trago notícias do padre Urias. Seu cadáver foi achado em uma encruzilhada, desfigurado e começando a apodrecer. - declarou, friamente - Foi morto por lobos.

Aurora tropeçou e deu um passo para trás. A notícia à atingiu como uma tijolada.

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