XXIV

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- Eu não deveria ter deixado isso acontecer - Murmuro olhando o homem de cabelos grisalhos e uma barba recém aparada escrever algo em sua prancheta - Faz tempo que não me sinto assim

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- Eu não deveria ter deixado isso acontecer - Murmuro olhando o homem de cabelos grisalhos e uma barba recém aparada escrever algo em sua prancheta - Faz tempo que não me sinto assim.

- Pode me descrever que sensação é essa?

Respiro fundo encarando a sala perfeitamente organizada, mas que de alguma maneira me incomodava pelo excesso de tons claros.

- Deveriam pintar alguma parede, aqui é tão sem graça - Falo descontraída - E está tão frio, quando saí de casa juro que uma parte de mim congelou...

- Não precisa desviar do assunto, Carolina. Pelo menos, não comigo, se lembra? - Sr Collins cruza as pernas, deixando sua prancheta de lado - Se não estiver confortável em me contar agora tudo bem, estamos em um processo de...

- Ele me faz lembrar de casa. O jeito que me trata, me toca... É confortável?!- Desabafo um pouco incerta e um tanto surpresa por confessar aquilo em voz alta.

- E isso é uma coisa ruim? - Vejo um sorrisinho querer escapar do mais velho.

- Vai ser ruim quando eu quebrar ele. Marjorie já explicou pra você, Collins. Essa merda toda está bagunçando ainda mais a minha cabeça - Murmuro - Eu odeio ter que mentir, odeio ter encontrado uma pessoa legal e ter que estragar tudo. E se ele descobrir? Se alguém mais descobrir? Não confio em mim mesma pra levar isso a frente, eu vou estragar uma hora ou outra - Suspiro.

- Você está tomando os novos remédios com qual frequência?

Sinto vontade de xingar o homem a minha frente. Finalmente decido me abrir e ele só quer saber dos malditos remédios?

- Preciso saber porque esse remédio é muito importante para o seu tratamento, Carolina - Ele fala com um certo receio e cuidado, como se estivesse orientando uma criança com algum problema de entendimento básico - Seu humor pode oscilar e as dores de cabeça podem aumentar como da última vez. Sua cabeça precisa estar em ordem pra que consiga passar por essa situação sem problemas.

Sem problemas, que ironia dos infernos.

- Por favor, consiga outro cérebro, ou o que quer que me faça ser desse jeito e arranque o erro que está em mim - Suplico como se existisse essa possibilidade - Eu não quero ficar assim pra sempre...

Minhas pernas balançavam freneticamente, querendo sair logo dali. Aquelas sessões só me deixava mais estressada e ansiosa, a sensação que eu tinha referente as psicoterapias era que aquilo era só dinheiro mal gasto.

- Você pode ter uma vida confortável, Carolina. Só precisa levar a sério os remédio e a mim. Eu quero te ajudar, mas também preciso que queira me deixar te ajudar...

- Sr Collins, obrigada pela sua vinda mais uma vez - Marjorie abre brutamente a porta com a sua falta de delicadeza, como de costume - Já deu a hora, temos uma agenda cheia hoje.

Carolina | HSOnde histórias criam vida. Descubra agora