teacher's pet - ferlane.

Capítulo 21

Já fazia algumas horas que Fernanda estava em casa.

Haviam muitas chamadas perdidas de Yasmin e diversas mensagens ameaçando ir até lá e perguntando como tinha sido as aulas. Se Fernanda ao menos soubesse responder aquilo, deixaria sua amiga lhe infernizar, mas ela não sabia. O que havia acontecido naquela mesa de cozinha não era algo que Fernanda pudesse explicar. Ela gostaria, mas não sabia mesmo. Alane não era Alane ali, não era Dias, não era Alane Dias. Era outra pessoa, só podia ser. Ou talvez ela só fosse frouxa para admitir que seu tiro havia saído pela culatra.

Saiu de perto da janela, pegou o telefone dentro da bolsa e discou o número que recorria recentemente, ignorando mais uma chamada de Yasmin implorando para ser atendida.

— Senhora Camargo? Está atendendo?

A terapeuta era uma companhia corriqueira de Fernanda, Yasmin com toda certeza iria desaprovar.

— Olá Fernanda, boa noite. — falou sonolenta. — Conseguiu botar em prática o que conversamos?

Silêncio. Fernanda mexeu nervosa na bainha da roupa e respirou fundo.

— Não, eu... ela estava diferente.

— Não existe diferença Fernanda, é sua aluna e você devia ter feito o que eu mandei se quiser ser menos suja pelo que faz.

O impacto daquelas palavras deixaram Fernanda sem fala por um segundo, mas ela tratou de tentar conversar.

— Eu sei, eu só-

— O que? Foi fraca de novo? Já conversamos sobre mudar de escola para não ter contato com essa menina!

— Yasmin jamais deixaria.

— Yasmin não manda em você! Ela mal manda nela! Se fosse uma mulher com integridade e decência, teria lhe dado um bom corretivo pelo que você fez!

— Yasmin é minha melhor amiga, ela só quer o meu bem.

— YASMIN NÃO- — a mulher se impediu de continuar gritando e respirou fundo, Fernanda podia sentir a impaciência dali. — Yasmin não tem absolutamente nenhuma moral, me ouviu? Você precisa se afastar.

— Ela iria atrás de você para acertar as contas pessoalmente se ouvisse isso.

— Pois que venha. — falou sem medo. — Seria outra para eu consertar e botar no lugar.

— Yasmin não precisa de conserto, não vou admitir que fale assim dela.

— Você e sua corja toda precisam, se não precisasse, não teria recorrido a mim.

Fernanda se calou, apertando a bainha da roupa com força. Seus olhos marejaram e ela engoliu o choro o tanto que pôde.

— Eu não quero continuar machucando Alane com palavras ou com ações, nem mesmo suas amigas. Não sei porque fiz isso em começo, acho que só estava com ciúmes. Ela recorria a mim às vezes e-

Fernanda afastou o telefone do ouvido e agarrou o sofá com força, forçando o choro o máximo que podia para dentro até conseguir pegar no telefone de novo.

— Você está se ouvindo!? Está admitindo o quão suja está sendo e acha que não merece um corretivo!? Amanhã você vai comparecer aqui e eu vou te ensinar novamente como deve de portar! Me ouviu?

— FERNANDA! — a senhora Camargo gritava. — VOCÊ-

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— Mas como assim não tem nada para contar!?

Yasmin perguntou indignada ao celular, enquanto as meninas assistiam o filme e tentavam responder ao questionamento dela.