Capitulo único

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Aquilo era como uma despedida, e estava me matando por dentro, me destruindo e a saudade já me consumia.

"Eu prometo que um dia estarei por perto
Te manterei a salvo
Te manterei segura
No momento, as coisas estão meio loucas
E eu não sei como parar ou diminuir o ritmo disso"

Eu o encarei e senti uma tristeza enorme inundar meu frágil coração. Novamente.

- Quanto tempo? - perguntei já sentindo meus olhos lacrimejarem

- Três meses - ele falou vagarosamente, como se não quisesse pronunciar aquelas malditas palavras

- Três longos e terríveis meses? - perguntei retoricamente, sentindo meu coração ficar cada vez mais apertado, mais doído, mais sofrido. A sensação era a mesma de ter alguma coisa dentro de você esmagando seu coração com a intenção de quebra-lo em milhões de pedacinhos

"Olá
Sei que existem algumas coisas que precisamos discutir
E eu não posso ficar
Só me deixe te abraçar um pouco mais, agora"

Fechei os olhos e mordi meu lábio inferior que tremia um pouco. Logo depois senti dois braços - que haviam crescido um pouco desde a primeira vez que me envolveram -, me rodearem e me apertarem com uma leve força. O canadense colocou seu queixo em cima da minha cabeça e se curvou um pouco - eu não era baixinha, mas ele era um poste -, e logo em seguida beijou carinhosamente o topo de meus cabelos castanhos escuros que as vezes ficavam claros ou arruivados.

- Você sabe que também me dói te deixar, mas eu não posso ficar. Tenho que sair em turnês, lembra? E além do que, você nunca vai estar sozinha. Sempre terá meu coração com você

"Pegue um pedaço do meu coração e o faça seu
Então, quando estivermos separados
Você nunca vai estar sozinha
Você nunca vai estar sozinha
Você nunca vai estar sozinha"

É lógico que eu lembrava que ele tinha que sair em turnês assim como eu também, as vezes, tinha que viajar por conta de gravações de filmes ou qualquer coisa do tipo. Mas mesmo assim, mesmo sendo talvez egoísta da minha parte, doía muito, principalmente porque, todo ano pelo menos tinha uma, ou duas, ou três. E sempre tinha uma bem longa. E isso sempre me matava por dentro. Ele era meu abismo, e ficar longe dele só me fazia mal.

Me aconcheguei em seus braços, ficando ainda mais encolhida. Senti uma lágrima solitária escorrer pelo meu rosto e uma vontade enorme de chorar, molhando levemente a camisa branca pólo que ele usava.

"Quando sentir saudades feche seus olhos
Eu posso estar longe, mas nunca fui embora
Quando você adormecer à noite
Lembre-se que nós deitamos sob as mesmas estrelas"

- Quando você vai? - perguntei receosa, querendo distância da resposta

Ele deu um suspiro longo - triste também - e novamente me apertou em seus braços, como se já estivesse com saudade e quisesse me segurar mais um pouco.

- Semana que vem - foi tudo que sua voz rouca ousou dizer, tinha certeza que sua boca estava tremula - Ei, por que não vem comigo? - ele perguntou com certa alegria e esperança

Dessa vez foi eu que suspirei pesadamente, ri sem emoção alguma e me aconcheguei ainda mais em seus braços. Minha vontade era que aquele momento durasse por toda eternidade, e meu coração não fosse partido com a saudade de ter quem amo distante, quase intocável, ou talvez, realmente intocável.

- Você sabe que eu não posso, ainda tem muita coisa para gravar do filme, não vamos terminar em uma semana ou em menos de três meses - falei com um fio de voz, um sussurro quase inaudível (talvez, fosse menos doloroso dessa maneira), não queria que aquilo fosse verdade, mas era

Ele me apertou mais um pouco contra seu corpo e suspirou, como se quisesse jogar fora toda a tristeza que sentia.

- Eu sei - o moreno falou em um sussurro tão melancólico, pesado e baixo quanto o meu de antes

"E olá
Sei que existem algumas coisas que precisamos discutir
E eu não posso ficar
Então me deixe te abraçar um pouco mais, agora"

- Eu vou sentir tanto sua falta - acabei desabafando mais manhosa do que queria, estava sendo tão frágil, parecia uma adolescente apaixonada e talvez realmente fosse

Peter - como eu carinhosamente gostava de chama-lo mentalmente e as vezes, oralmente - sorriu com meu comentário e então beijou novamente o topo de minha cabeça.

- Bom saber - ele falou já bem mais humorado, e antes que eu pudesse falar qualquer coisa ele continuou - Eu também morrerei de saudades - completou romanticamente e melancolicamente

- Bom saber - o imitei com leve desdenho e ele riu, me dando o prazer de escutar sua risada gostosa e verdadeira

- Você nunca vai estar sozinha, se lembre disso - ele sussurrou em meu ouvido e eu novamente tive vontade de chorar

- Claro que não, tenho o Maçã de todo jeito - retruquei e ele riu do meu comentário referente ao nosso gato alaranjado de olhos verdes que logo em seguida miou, como quem concordava o que fez eu e o Shawn cairmos na gargalhada

- Como você consegue ser tão incrível? Sou tão sortudo por ter conseguido seu coração - ele falou com o rosto meio afastado do meu e com o ar meio brincalhão, além de seu sorriso divertido e lindo

- Eu sei disso - falei em tom de brincadeira e um ar esnobe (muito falso), que fez com ríssemos e eu acabasse fazendo biquinho (não sei como)

Logo o moreno passou a me beijar, vagarosamente e docemente. Como se quisesse que aquele momento durasse para sempre e que o gostinho do beijo ficasse em sua boca por mais tempo.

"(Woah oh oh oh oh oh whoa oh
oh oh oh oh oh oh whoa whoh oah...)
Você nunca vai estar sozinha
(Woah oh oh oh oh oh whoa oh
oh oh oh oh oh oh whoa whoh oah...)
Você nunca vai estar sozinha
(Woah oh oh oh oh oh whoa oh
oh oh oh oh oh oh whoa whoh oah...)
Você nunca vai estar sozinha
(Woah oh oh oh oh oh whoa oh
oh oh oh oh oh oh whoa whoh oah...)"

Na verdade, eu que era a sortuda dali. Tive muita sorte de ter o coração partido e mais tarde ser fotografada comendo uma maçã - sou muito grata as maçãs na verdade - e pensando na vida; de ter sido chamada para participar de um clipe da Tay com o Edinho - como eu poderia agora, chama-los carinhosamente -; de ter continuado a ser chamada para participar de clipes; por ter ganho um concurso de crônicas; de ter saído na Vogue; por ter comido a última maçã do set e em troca, dar um encontro a um certo canadense; por ter conseguido o que consegui e ser chamada de fenômeno.

Mas na verdade, era muito sortuda por ter conseguido o coração dele e obviamente, tudo graças a àquelas maçãs que comi.

Quando o beijo acabou ele me deu aquele seu sorriso lindo e de "matar" qualquer uma. E então eu percebi, seria mais suportável ficar longe dele se eu tivesse aquele sorriso comigo todos os dias e a certeza que ele voltaria no final daqueles terríveis meses. Era a terceira turnê que ele fazia desde que estávamos juntos, e eu ainda não havia me acostumado, na verdade, acho que nunca me acostumaria ou me conformaria com sua falta. Não mesmo.

- Eu te amo branca de neve - o moreno falou docemente, verdadeiramente e com um sorriso enorme no rosto

- Eu também te amo Mendes - o respondi com todo amor que pude e seu sorriso só se alargou mais, logo voltando a me beijar

"E pegue um pedaço do meu coração e o faça seu
Então, quando estivermos separados
Você nunca vai estar sozinha
Você nunca vai estar sozinha"

- Shawn Mendes, 'Never be alone'

Never be Alone - Shawn Mendes FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora