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Narradora.

Maya passou pelos corredores da escola
pisando pesado, tinha lágrimas em seus olhos mas não eram de tristeza e sim de pura raiva, ela saiu da escola e atravessou a rua, sentou em um ponto de ônibus que havia ali e por incrível que pareça, não havia ninguém esperando o veículo.

Ela discou o número de seu pai em seu celular, o único objeto que ela lembrou
de pegar antes de sair da escola, suas mãos tremiam e ela enxergava embaçado por conta das lágrimas,
quando finalmente conseguiu ligar caiu na caixa postal, era óbvio que cairia seu pai não estava mais ali para atender as ligações da garota sempre que algo dava errado na vida dela.

Mas ela não pareceu se importar, até porque deixar recados para alguém que nunca os ouviria era algo frequente na vida dela agora.

Maya- Oi pai, como estão as coisas aí? -As lágrimas que antes eram de raiva,
se tornaram lágrimas de tristeza.

Maya-Você disse para eu perdoar ela mas eu não consigo.. - qualquer pessoa que passasse ali e olhasse aquela cena
podia sentir a dor de Maya - Eu sinto tanto a sua falta, você nem tem noção.

A garota olhou para a estrada e viu o ônibus que ela pegaria se aproximar
do ponto, ela suspirou e tentou limpar suas lágrimas, mas não adiantaria
muito, seu rosto estava vermelho e inchado qualquer um a quilômetros podia perceber que ela chorou.

Maya- Eu tenho que ir pai, se cuida eu te amo.. - ela disse encerrando aquela
ligação.

Quando o ônibus parou no ponto ela subiu, tirou dinheiro de sua capinha para pagar a passagem e passou pela roleta, ela agradeceu mentalmente pelo ônibus não estar lotado, ela tinha medo de andar em veículos públicos Sozinha, Maya se sentou em uma das cadeiras e encostou sua cabeça na janela, deixando que aquele ônibus a levasse a qualquer lugar.

Maya não era uma garota tão forte e Corajosa como aparentava ser, na verdade ela era frágil.

Ela evitava fazer novas amizades porque tinha medo de ser deixada, mas era ela quem sempre os deixava
primeiro.

Ela não confiava nem nela mesma e não criava expectativas para não
quebrar a cara, a única pessoa em quem confiava estava morta.

Ela ainda não tinha ido visitar o pai dela no cemitério, nem mesmo no dia de seu enterro ela foi, ela não aceitava aquilo, não aceitava que aquela fosse a última vez que ela o veria.

Maya a viu um parque mais a frente pela janela, agradeceu o motorista e desceu
do ônibus, ela se arrependeu de não ter trocado a roupa do treino ou ao menos ter pegado seu casaco antes
de sair do colégio quando sentiu uma brisa de vento fria que fez os pelos de
seu corpo se arrepiarem.

A garota apenas Cruzou s braços tentando se esquentar e andou em direção ao parque, havia crianças brincando por toda parte, pessoas passeando com seus cachorros, casais andando juntos.

Maya se aproximou de um balanço, sentou no mesmo e ficou observando uma família que estava fazendo um piquenique, ela desejou estar na pele da criança que parecia ser muito amada pelos pais, ela foi tirada de seus pensamentos por um garotinho que aparentava ter uns sete anos de idade.

-Se você não vai se balançar, libere o balanço né!

Ela olhou para o garoto com uma das sobrancelhas arqueadas, que moleque abusado, ela pensou.

Maya- Sua mãe não te ensinou a não falar Com estranhos?

-Ensinou. Qual seu nome?

O garoto indagou anulando oque Maya havia acabado de dizer.

Maya- Maya e o seu?

Maya não se importaria de conversar Com aquela criança, na verdade ela adorava crianças, adorava como elas eram puras e incapazes de machucar alguém.

-Eu me chamo Daelo! - ele estendeu a mão e ela a pegou cumprimentando o garoto cujo nome era Daelo - Meu irmão tem um uniforme igual o seu.

Maya- Que coincidência não? - ela disse olhando para sua própria roupa - Qual o nome do seu irmão?

dae- Te conto se você liberar o balanço?

Maya- Que pirralho esperto, gostei de você- Maya sorriu e se levantou do balanço. Não porque ela estava interessada em saber o nome do garoto que jogava vôlei em sua escola, mas sim porque provavelmente ele só estava falando com ela porque queria se balançar.

Daelo não perdeu tempo e sentou no balanço pedindo que Maya o ajudasse a se balançar, e assim ela fez, balançou o garoto com cuidado pra não derrubar ele de lá.

dae- O nome do meu irmão é Javon. - o garotinho disse enquanto se divertia no balanço.

Maya- Javon Walton?

dae- Esse mesmo! Como você sabe, vocês são amigos?

Maya riu e negou com a cabeça, mesmo que o garoto não visse já que o mesmo estava de costas pra ela.

Maya- Nem de longe, mas eu conheço ele de vista, me fala um pouco sobre ele.

dae- O que você quer saber?

Maya- Qualquer coisa anão de jardim, - Daelo fez uma careta como apelido, mas deixou pra lá.

dae- Ele tem dezessete anos, luta boxe, joga vôlei como você já sabe, é atriz, bom ele tem muitos talentos não dá pra dizer todos.

Maya- Isso é bajulação ou ele realmente faz tudo isso?

dae- Ele faz mesmo, a é esqueci da parte mais importante, ele está solteiro!

Maya- Porque isso seria relevante? - Daelo parou de se balançar por un momento e virou de frente pra Maya

dae- Não tá afim dele? - Maya negou se segurando para não rir do vocabulário do garotinho - Então porque tá fazendo tantas perguntas sobre ele?

SECOND CHANCE - JAVON WALTON Onde histórias criam vida. Descubra agora