Algo horrível

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O dia anterior passou quase rápido demais, nada como uma boa ressaca para te distrair das coisas. Já era umas dez horas da manhã quando a campainha tocou, Norte havia chegado para conversar.

São Paulo atendeu à porta com sua usual falta de animação, ainda mais tendo em mente o motivo da visita, mas quando viu o rosto do potiguar arregalou os olhos surpreso. O maior exibia um machucado roxo e inchado na boca. Estava sério. Perguntaria depois.

— Oi Norte, pode entrar. — Abriu espaço para o maior passar.

— Obrigado. — Murmurou olhando em volta, não enxergou o paranaense então perguntou sondando a situação. — Como ele está?

O sudestino deu de ombros sem saber bem como responder.

— Tá mais ou menos. — Torceu a cara em dúvida. — Ele fala que tá tudo bem, mas eu sei que tá sofrendo em silêncio. — Viu a expressão completamente séria do nordestino. Era uma coisa extremamente grave que o gaúcho fizera. — M-mas não pelo que você tá pensando. — Levantou as mãos em defesa de sua afirmação. — Mas é melhor deixar ele mesmo explicar porque eu também não sei se acredito muito.

Falou enquanto fechava a porta. Nesse momento o sulista aparece.

— Norte!? O que aconteceu com a sua cara? — Se aproximou preocupado estendendo a mão em reflexo.

O maior interceptou-o antes que o tocasse.

— Eu e o Sul conversamos.

O sulista arregalou os olhos quase desesperando.

— Não falou nada pra ele neh?

— Não. Foi sobre outra coisa. — Norte foi rápido em responder em sua defesa.

— Então ele lembrou de alguma coisa?!

— Também não. — Suspirou pesadamente lançando olhares para que se sentassem no sofá. — Mas essa é a tua chance de me convencer visse. — Apontou mais obviamente para os móveis fazendo com que finalmente todos se acomodassem ali. Massageou a ponte do nariz demonstrando estresse. — Ele fez algo horrível. Eu só não falei porque tu me pedisses daquele jeito. Eu ia chutar ele até aqui pra que se desculpasse sinceramente contigo.

Paraná o tocou no joelho demonstrando sua gratidão.

— Obrigado.

— Mas agora eu quero saber o motivo. — Norte complementou encarando severamente o menor.

— C-certo. — Recolheu a mão um pouco intimidado, o maior tinha muita presença afinal. — Primeiro de tudo o Sul não me e-estuprou. — Desviou o olhar constrangido. — Eu quero deixar isso muito claro, principalmente pra ti. — Voltou a olhá-lo sério.

— Se ele não te forçou então o que foi aquilo? — Encarava tristemente o menor. Ainda não estava muito convencido.

Viu Paraná cobrir o rosto com as duas mãos. Respirou fundo e murmurou alto o suficiente para os outros dois ouvirem.

— Eu gosto dele. — Lançou um olhar por entre os dedos. — E-era a minha chance de ficar com ele. — Admitiu com a voz embargada. — Todos nós sabemos o quanto ele me odeia.... P-por isso quando ele começou e me confundiu com alguém eu não resisti.... M-mesmo depois dele ver que era um homem. Daí não tinha mais volta mesmo. — Puxou forte o ar abortando um soluçar. De repente, mas ainda choroso, levantou a cabeça e olhou diretamente para o nordestino parecendo se lembrar de algo. — Tu sabe quem é Crystal? Uma mulher.... Ele me confundiu com ela primeiro. — Murmurou dolorido de lembrar.

Norte arregalou um pouco os olhos surpreso e depois sua expressão entristeceu.

— É-é uma puta que ele vai. — Falou entredentes desviando o olhar se sentindo culpado, pois também era freguês daquele tipo de serviço.

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