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Nolan Blake

O mal habita em mim, por isso fui escolhido para conviver com a marca da besta. As cicatrizes e os traumas estão aqui, e nunca irão embora.
10 anos, eu perdi a minha vida e agora sou apenas uma alma suja no mundo. Eu sou conhecido como o Ceifador, aquele que faz o trabalho sujo, o que vive nas sombras.

Tudo aconteceu numa tarde chuvosa de setembro, e assim como aquela noite, a dor ainda permanece.

Encaro o homem grisalho e sorrio, envenenado pela fúria. Eu o odiava, odiava ainda mais a sua fodida vontade de vender as suas filhas para os piores homens do mundo. Do nosso mundo.

— Nolan, escute, a minha bambina Chiara é uma moça linda e virtuosa...

Ele traga o charuto e comemora ao ver o seu time de basebol acertar mais uma tacada.

— Ela irá ser uma boa esposa e lhe dará frutos! Não quis fazer o mesmo que fiz com Cecília, por isso esperei até os seus 21 anos...

Nicolo Romano é um dos mais perversos chefes da máfia italiana. Após a guerra entre os Romano e os Ferrari em Nova York, Nicolo decidiu fugir para Chicago e desde então o crime só aumentaram.

Eu não o julgo, eu amo a guerra e o sangue derramado, mas assim como amo tudo isso, amaria ainda mais vê-lo numa poça de sangue com as entranhas para fora, sendo comido pelos corvos e abutres.

Meu pai, o falecido Edgar Blake, era um homem inteligente e astuto. Ele era o contrário de Nicolo, mas isso não o impediu de fazer negócios com ele. E agora, eu estava aqui.

Ou ele estava aqui. Negociando com o diabo.

Arrumo a maldita máscara em meu rosto e olho para a foto da garota.

— 21 anos. Inocente como as flores recém colhidas.

Não era a primeira vez que Romano vendia algo importante. Ele já havia feito isso há 5 anos, com a filha mais velha, Cecília. Ela agora era objeto do reinado de Rafael Vassalo. Ele apenas a comprou como um objeto antes de usá-la ao seu bel prazer.

— Escute rapaz, sabemos que foi tudo uma grande bagunça no passado, mas o nosso império precisa do seu auxílio

Dinheiro e influência, ele realmente quis dizer. 

— E para mim, será uma honra vê-lo se casando com o meu mais puro tesouro.

E para mim seria uma honra foder com oda aquela inocência bestificada. Eu poderia me divertir com ela, há muito tempo, eu não fodia mulheres "limpas" e decentes e agora teria uma esposinha para servir de banquete para a minha fome.

Sua beleza não era impressionante aos meus olhos. Loira, olhos verdes, pálida como o papel. Magra e curvilínea.

A única coisa que seu pai não sabia, era que as histórias de Chiara Romano não eram histórias decentes.

Mas, seria engraçado vê-la se contorcer embaixo do homem amaldiçoado com a feiura. Adoraria comê-la enquanto observava a sua expressão do mais profundo horror ao ver as cicatrizes.

— Romano, no futuro o senhor precisará encontrar outra moeda de troca, pois as suas filhas já foram todas vendidas.

Ele pigarreia e engole em seco, o seu olhar se torna mortal. Ele sabia que eu não o respeitava e não fazia a mínima vontade disso.

— Trato feito!

Ele só não esperava que não era bem um trato que ele havia assinado. Mas sim um pacto.

O ar gelado fez carícias em meu rosto pela metade. Observo pequenos ratos passarem pela porta do covil e piso em cima de um. Eu odeio ratos, sempre comendo o resto e denegrindo doenças por aí.

As pessoas eram assim, todas, sem exceção! Sujas, podres e doentes. Eu odiava cada uma delas.

— O senhor está pronto? Meu motorista, Porter, pergunta. Ele apenas mantém a porta aberta e me entrega um bilhete, com o símbolo dos Romano.

Entro em meu carro, e sorrio ao constar que o pacto já estava sendo decorrido.

"Avenida Westminster, 55."

Era o maldito endereço da minha futura esposa.

Uma semana havia passado desde o almoço com os meus futuros sogros e eu estava faminto de outra coisa. A minha noivinha, não era nada divertida e parecia fria como a neve. Ela evitava olhar em minha direção, mas quando olhava, eu via o nojo estampando em seus olhos. A sua aversão me fazia gritar de prazer. Ela era igual a todas as outras. Nada especial.

Seus olhos apenas brilharam ao ouvir a palavra milionário. Sim, querida Chiara, irei comprar a sua carne, a sua pele e seu corpo. Você é apenas uma mercadoria que logo estará nas mãos de outro. Eu gosto da revenda. Torna tudo mais excitante.

Seu olhar ao responder o "sim" do padre, foi impagável. Eu queria gargalhar, mas mantive a pose de noivo normal e feliz.

Não nos beijamos, pois a última coisa que eu queria era beijá-la. Agora era assim, ela só faria o que eu mandasse.

A deixo se divertir pelo resto da noite, com os seus familiares e amigos, mas assim que decidir ir embora, ela estará pagando por todos os seus pecados.

Irritado pela escolha de música de minha esposa, me escondo no lugar mais isolado e escuro da mansão da máfia. O escritório de Romano.

Me sento em sua enorme cadeira de couro e observo intrigado ao vislumbrar uma silhueta saindo do banheiro ao lado.

Eu poderia ter fechado a porta, mas na hora não me passou pela cabeça, mas agora notando que a silhueta caminhava em minha direção, eu queria apenas ter trancado a maldita porta.

— Olá, você deve ser o Nolan!

A voz feminina me tira do momento raivoso. Não havia nenhum sinal de zombamento em sua voz.

Voz rouca e alegre. Juvenil.

Antes que eu a mande voltar pro inferno que veio, ela acende a luz e eu poderia ter morrido ali.

O diabo trouxe o melhor demônio dele.

Caralho! Linda...

Cabelos negros como a minha alma, longos e eu não precisava tocar para saber o quão sedoso era. Imaginar puxando aquele cabelo enquanto ela me chupa, é impagável.

Corpo maravilhoso, não igual ao da minha maldita noiva. Gostosa pra caralho. Curvas deliciosas.

Mas o melhor de tudo, eram aqueles olhos. Que merda de olhos são esses?

Um olho azul como o oceano, enquanto a outra íris era castanha como as montanhas.

— Eu deveria ter chegado antes para o casamento, mas o voo demorou...

Ela continua a falar coisas sem sentido, enquanto eu apenas a observo estático. Era a porra da mulher mais linda do mundo.

— Quem é você?

Ela sorri e meu corpo acorda pra vida. Um sorriso ingênuo. Talvez o seu sorriso morresse assim que eu acendesse a luz da mesa e ela pudesse ver o quão monstruoso eu era. Apenas eu a via.

E eu queria continuar assim. Apenas eu.

— Alessia Romano, sua cunhada!

Eu iria matar Nicolo Romano por ter me dado a filha errada.

JUST PRETEND - Nolan ( Filhas Da Máfia )Onde histórias criam vida. Descubra agora