Ivy || EvelynCelia

Capítulo Único - Your touch brought forth an incandescent glow

Valencia, Spain. August 13th, 1970;
06h13 AM.
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Narrator's Point of View

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— Queridíssima Evelyn,
Ler sua carta foi como voltar a respirar depois de ficar muito tempo embaixo d’água.

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A luz suave da manhã começava a infiltrar-se pelas persianas semiabertas, preenchendo o quarto com uma luminosidade dourada. Os primeiros raios do sol refletiam-se nos cachos loiros de Evelyn, que acordara pouco antes das Sete Horas. Ela se virou lentamente na cama e observou sua amada, Célia, dormindo ao seu lado. Havia uma serenidade na expressão de Célia, um contraste com o tumulto que ambas viviam diariamente

Evelyn apoiou-se em um cotovelo, permitindo-se um raro momento de vulnerabilidade enquanto estudava cada detalhe do rosto de Célia. Ela adorava esses momentos silenciosos, onde o mundo exterior parecia não existir e tudo o que importava era a presença uma da outra.

Enquanto o mundo lá fora via Evelyn Hugo como uma das maiores estrelas de Hollywood, uma mulher que havia se casado sete vezes e que era o objeto de desejo de muitos homens, aqui, neste pequeno refúgio em Valência, ela era apenas Evelyn, a mulher apaixonada por Célia. No entanto, esse amor tinha que ser escondido, disfarçado por uma série de falsidades e encenações.

Evelyn suspirou, o som baixo ecoando no quarto tranquilo. A realidade cruel era que, na década de 1970, uma revelação desse tipo poderia destruir suas carreiras e reputações. Hollywood não perdoava, e a sociedade em geral não estava preparada para aceitar um amor como o delas. Evelyn lembrava-se vividamente das conversas em que planejaram cada encontro clandestino, cada momento roubado.

A casa em Valência era um santuário, um lugar onde podiam ser elas mesmas sem medo de julgamento ou exposição. Era uma morada temporária, uma bolha de felicidade em meio à opressão do preconceito e das expectativas sociais. No entanto, essa bolha era frágil, e Evelyn sabia disso.

Ela se inclinou levemente e pressionou um beijo suave na testa de Célia.

— Se ao menos o mundo pudesse ver o que vejo agora. — Pensou Evelyn, com um aperto no coração.

Havia tantas coisas que queria compartilhar com o mundo: as risadas, os sonhos compartilhados, os momentos de carinho e até mesmo as brigas passionais que vinham do amor profundo que sentiam uma pela outra. Mas ao invés disso, tinha que viver em silêncio, escondendo a verdade do maior amor de sua vida.

Os pensamentos de Evelyn a levaram a refletir sobre o futuro. Haveria algum dia um tempo em que poderiam andar de mãos dadas em público, onde Célia poderia ser reconhecida não apenas como uma talentosa atriz, mas também como sua parceira de vida? A incerteza a consumia. Ela sabia que o mundo estava mudando, mas essas mudanças eram lentas e dolorosamente insuficientes para as necessidades imediatas de seus corações.

Ela se deitou novamente, puxando Célia delicadamente para mais perto. O calor do corpo de Célia era reconfortante, um lembrete constante de que, apesar de tudo, elas tinham uma à outra. Evelyn fechou os olhos por um momento, sentindo a respiração tranquila de Célia contra seu pescoço, prometendo a si mesma que, de alguma forma, encontraria uma maneira de viver esse amor sem medo.

As pausas entre seus trabalhos cinematográficos eram as únicas ocasiões em que podiam se permitir tais luxos, e cada despedida era dolorosa. Ainda assim, esses momentos roubados eram suficientes para manter o fogo aceso, para lembrar a ambas que o amor, por mais difícil que fosse, valia cada segundo de luta.

Evelyn sabia que, no fundo, elas eram guerreiras em uma batalha silenciosa, lutando por um amor que não podia ser plenamente revelado. Mas enquanto houvesse esses momentos de paz, de pura felicidade, ela estava disposta a continuar lutando, disposta a manter a chama viva até que, um dia, esperava, o mundo pudesse finalmente ver e aceitar a beleza de seu amor.

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O primeiro trauma safico literário a gente nunca esquece 😫

Capítulo Não Revisado!