capitulo 1

296 37 4
                                    

YOUR LIPS, MY LIPS
APOCALYPSE

•─────────★•♛•★────────•

Hoje é um dia surpreendentemente frio isso pode ser um sinal de que o inverno esteja chegando, sinto a ponta de meus dedos gelados como um picolé, mas priorizei meu irmãozinho e claro, colocando as luvas nele, as vezes, passo tanto tempo preocupado com o bem estar dele que esqueço que também preciso fazer algo para mim.

- Está sentindo frio? - Troy balançou a cabeça negando, dando um sorriso brilhante que por si só aquecia meu coração.

Mas quem poderia me culpar? Estamos sozinhos desde o início, ou melhor quase, nosso pai, fez de tudo e mais um pouco para nos proteger quando tudo começou, uma das coisas que ele fez foi não ir para Atlanta, ele era um homem sério e seus instintos eram na maioria das vezes certeiros, ao invés de entrar em pânico, ele priorizou a segurança da a casa em que eu e meu irmão atualmente vivemos.

Nos mudamos depois da morte de nossa mãe na cidade que um dia foi Atlanta, enfim, nosso pai era um faz tudo muito exemplar, sabia agricultura, culinaria carpintaria, e até um pouco de medicamentos, ele era o candidato número um para ser um sobrevivente perfeito nesse mundo, mas ele escolheu nos salvar, em um fatídico dia em que decidimos sair para buscar suprimentos, uma orda simplesmente absurda de mortos-vivos apareceu, e estávamos um tanto longe de casa, então ele correu, nos levando em seus braços pelas várias quadras até que chegássemos a nossa rua.

Mas os andantes chegaram e viram meu pai, então ele me escondeu e me entregou meu irmão que nessa época ainda era só um bebê que mal sabia andar tinha três anos, dentro nossa casa no porão escondido de baixo da escada, é pediu com as palavras que ainda ficam gravadas na minha memória. "Cuide do Troy até eu voltar!" E ele saiu, os mortos já batiam desesperadamente no portão, famintos por um pedaço de carne saudavel, ele pegou a arma que ele escondia no armário da cozinha e pulou o muro do quintal atrás da casa.

Correndo até a rua ao longe, chamando a atenção dos mortos para ele, o que havia sim funcionado, o enorme grupo o seguiu rua a fora, e ele correu e correu para longe virando a esquina, eu sei por que vi ele fazer isso, eu me arrisquei, só queria saber se ele estava bem, eu sai do porão e subi uma escada mal colocada no muro, que fazia com que eu, que na época era só uma criança, pudesse olhar por cima dele. E eu vi meu pai correndo da orda de mortos, um grito, e por fim um silêncio ensurdecedor.

Quando ele virou a esquina e eu o perdi de vista, foi a última vez que o vi, já fazem tantos anos e ainda não posso esquecer, na época eu devia ter um pouco mais que a idade atual do meu irmão ele tem nove, então... dez, talvez onze, ainda me questiono de como consegui sobreviver até hoje, mas aí, vejo meu irmão conseguindo brincar como uma criança comum, com um sorriso grande no rosto, se divertindo até com os brinquedos mais simples. Esse foi todo o combustível que eu precisei pra me sustentar por todos esses anos.

E agora eu o protejo, talvez meu pai estivesse orgulhoso do que eu fiz, espero que esteja cuidando bem dele por vocês, mãe e pai... dou tudo de mim para que ele sabia se virar e ainda tenha um boa infância.

- Troy cuidado com o balanço, as cordas não estão bem apertadas.

- Pode deixar! - Obviamente ele não se importa, não é a primeira e nem será a última que terei que amarrar novamente o balanço, as cordas estão ficando desgastadas, ter amarrado esse pneu com uma corda velha do porão pode ter sido uma má ideia.

Garoto sorriso - Carl GrimesOnde histórias criam vida. Descubra agora