Capítulo 4

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Naquela noite, Severus não dorme. Ele deita na cama que divide com Draco há quase dois anos e deixa sua mente vagar.

Ele pensa na guerra e em todas as coisas que perdeu.

Ele pensa nas coisas que, milagrosamente, não perdeu.

Ele pensa nos dias, semanas e meses após o julgamento que passou escondido em seus quartos sob o castelo, recusando qualquer companhia, exceto Minerva. Afinal, ela permitiu que ele voltasse. Ela o recebeu de volta em Hogwarts de braços abertos metafóricos e não exigiu nada dele. Sem desculpas ou explicações. Nenhuma promessa de ajudar na reconstrução ou compromisso de retomar o seu antigo posto – embora o tivesse feito em Setembro, quando os estudantes regressaram.

E ele pensa em Draco. Draco que, sozinho em sua turma de Sonserinos, havia retornado para terminar seu sétimo ano adequadamente. Que, quando saiu da sombra vigilante de Lucius e do Lorde das Trevas, tinha fala mansa e era humilde. Que passava todos os momentos de seu tempo livre - desde que não estivesse assombrando a sala de estar de Severus - na biblioteca, revisando primeiro para os NIEMs e depois para os exames de admissão para Medibruxo. Draco que, de alguma forma, silenciosa e determinadamente, abriu caminho para o coração de Severus.

Não aconteceu instantaneamente. Não. Demorou quase cinco anos para Severus sequer considerar a possibilidade, e depois mais dois anos para ele agir de acordo. Mas isso aconteceu. E agora, quando Severus se permite pensar nas poucas vezes em sua vida em que foi verdadeiramente feliz, ele fica um pouco surpreso que tantas delas fossem com Draco.

Ele não pensa em Potter. Mas ele se pergunta o quão tolo deve ser para jogar fora tudo o que tem.

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No domingo, Severus termina todos os seus pedidos de poções pendentes. Quando termina, ele lava as conchas, as facas. Ele vasculha seus caldeirões e cuidadosamente coloca todos os ingredientes secos em seus devidos lugares. Em seguida, ele esfrega todas as superfícies do laboratório até que as superfícies de trabalho, o chão de pedra, os armários e as prateleiras fiquem imaculados.

Depois, ele prepara um bule de chá fresco e se senta à mesa da cozinha pensando no que vai fazer.

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Draco e Scorpius voltam na hora do almoço. Severus faz sanduíches de queijo grelhado e sopa de tomate e, juntos, eles sentam e comem. Scorpius tagarela sem parar sobre o Crup que Narcissa mantém e como talvez, apenas talvez, sua mãe finalmente lhe permita um animal de estimação. Draco responde distraidamente e Severus ri.

— Eu não prenderia sua respiração — ele diz ao menino. Será um dia frio no inferno, pensa Severus, antes que Astoria permita a Scorpius algo mais do que, talvez, um Pygmy Puff. — Abelard, no entanto — diz ele, referindo-se a uma das três corujas que tem para entregas, — tem estado menos inclinado ultimamente a entregar meus pedidos em tempo hábil. Talvez seja hora de ele se aposentar. E, se seu pai aprovar, ele pode ser sua coruja para cuidar quando você visitar.

Scorpius sorri para Severus e então olha ansiosamente para Draco.

— Posso pai? Posso? Eu cuidarei bem dele, você sabe que sim.

— Conversaremos sobre isso esta noite, antes que sua mãe chegue — Draco diz evasivamente. A julgar pelo sorriso do homem, Severus acha que ele já concordou. — Agora, vá embora e brinque um pouco enquanto eu converso com Severus.

Scorpius sai correndo da cozinha. Alguns momentos depois, Severus ouve seus passos na escada enquanto ele sobe para seu quarto.

—Você faria isso?— Draco pergunta quando o garoto está fora do alcance da voz. —Dar Abelard para Scorpius?

A dampening of heart | SnarryOnde histórias criam vida. Descubra agora