Entre sombras e segredos

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Elena acordou em um quarto luxuoso, mas sombrio, iluminado apenas pela fraca luz que penetrava pelas pesadas cortinas de veludo.
O silêncio era opressivo, quebrado apenas pelo som suave da respiração dela. Tentou se levantar, mas seus músculos ainda doíam da batalha da noite anterior.A porta do quarto se abriu com um rangido. Adrian entrou, sua presença preenchendo o espaço com uma aura de poder e mistério. Ele carregava uma bandeja com comida—a última coisa que Elena esperava de um vampiro.

“Você precisa se alimentar,” disse ele, com um tom que era mais uma ordem do que um convite.Elena manteve o olhar fixo nele, tentando decifrar suas intenções. “Qual é o seu jogo, Adrian? Por que não me matou ainda?”

Adrian colocou a bandeja sobre uma mesa próxima e se aproximou lentamente, suas mãos nos bolsos do casaco escuro. “Você é diferente, Elena. Há algo em você que me intriga. Matar você agora seria um desperdício.”“Um desperdício,” repetiu Elena, com amargura. “Sou apenas um passatempo para você?”Ele sorriu, um sorriso frio e calculado.

“Talvez. Mas eu sinto que há mais em jogo aqui do que você ou eu compreendemos.”Elena bufou, mas a fome falou mais alto. Pegou um pedaço de pão da bandeja e começou a comer, sem tirar os olhos de Adrian. “E o que você planeja fazer comigo? Me manter aqui como um prisioneiro eterno?”
Adrian se aproximou mais, parando a poucos centímetros dela. “Não sou seu inimigo, Elena. Pelo menos, não ainda. Há uma guerra maior acontecendo, uma guerra que vai além de nossos conflitos pessoais. Quero que você veja isso.”Ela arqueou uma sobrancelha, cética. “E por que eu deveria acreditar em você?”

Adrian suspirou, seus olhos refletindo um cansaço antigo. “Porque o inimigo que enfrentamos é uma ameaça para ambos os nossos mundos. E porque, no fundo, você sente que há verdade no que digo.”Os dias se transformaram em semanas, e Elena começou a perceber que a mansão de
Adrian era um lugar de muitos segredos. Ela explorava os corredores, descobrindo antigas pinturas e livros que contavam histórias de um tempo esquecido. Adrian estava sempre perto, observando, mas nunca interferindo.

Em uma noite particularmente silenciosa, Elena encontrou uma sala secreta, escondida atrás de uma estante de livros. Lá dentro, viu documentos e mapas que detalhavam planos e alianças que ela nunca imaginou. Entre os papéis, uma carta chamou sua atenção.

Era de um caçador de vampiros famoso, dirigido a Adrian.“Por que um caçador escreveria para você?” perguntou ela, segurando a carta na mão quando Adrian entrou na sala.Ele fechou a porta atrás de si, seus olhos sombrios encontrando os dela.

“Porque, às vezes, para derrotar um mal maior, precisamos fazer alianças improváveis.”Elena sentiu seu coração acelerar. A revelação de que os caçadores e vampiros poderiam trabalhar juntos era perturbadora, mas também explicava o comportamento de Adrian. “Então, o que exatamente estamos enfrentando?”Adrian se aproximou, seus olhos azuis brilhando com uma intensidade que Elena nunca tinha visto. “Uma escuridão que faz até os vampiros parecerem inofensivos. E precisamos de toda a ajuda que pudermos obter—incluindo a sua, Elena.”A caçadora olhou para Adrian, vendo-o sob uma nova luz. Talvez ele não fosse o monstro que ela sempre acreditou. E talvez, juntos, eles poderiam enfrentar a ameaça que pairava sobre ambos os seus mundos.

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