Crime sem solução

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Eu mal poderia acreditar no que estava vendo. Roupas elegantes, carros antigos, crianças brincando de pipa, pião... Mas eu precisava confirmar:

- Senhor, sabe me dizer que horas, dia mês e ano estamos? - perguntei.

- Sofri uma perda de memória, e ainda estou meio confusa - completei, enquanto o cidadão me olhava torto com a pergunta.

- Bem, são 10:00 da manhã, hoje é dia 14 de Abril de 1955, senhorita - agora me olhando com compreensão e simpatia.

- Obrigada, e desculpe-me o incomodo - disse.

Não há de que madame; inclusive suas roupas são tão diferentes, nunca vi uma mulher de terno. Exótico!! - Comentou.

Me esqueci completamente de mudar minhas roupas antes de vir para cá - pensei.

Muito obrigada, tenha um ótimo dia! - falei me despedindo então do homem.

Com isso, acabara de confirmar: eu estava há 80 anos no passado. A viagem foi um sucesso.

Com a invenção da máquina do tempo em 2032, o governo permitiu investigadores e policiais de usarem- nas para fins judiciais, seja para ter mais detalhes sobre um crime impreciso, comprovar testemunhos ou até mesmo assistir assassinatos para soluciona- los, como o meu caso. Estou aqui para desvendar a morte de Emilly Bow, uma atriz que teve seu corpo encontrado no camarim do show em que se apresentava, com os pulsos cortados.
  Até aí podemos concluir como suicídio, porém por conta da época, evidências, como o canivete que estava ao seu lado foram mal manipulados provocando alterações de provas. O que abriu brecha para um possível homicídio, já que a atriz estava crescendo em sua carreira e muitos a invejavam.
  Com isso ,eu, detetive Samantha Jones, estarei observando todo o crime para dá- lo um ponto final, mas é claro sem alterar a linha do tempo, pois infelizmente isso traria danos irreversíveis.

O assassinato/ suicídio ocorreu no festival de música e teatro da Broadway, então é para lá que vou, o que também é muito oportuno para mim, já que lá vendem roupas para eu me infiltrar na multidão; e comida para recarregar as energias.
  Chegando lá, tudo era perfeito, as pessoas estavam se divertindo, comendo e aproveitando o show, tanto os cidadãos quanto os artistas. Mas mal sabiam eles que essa alegria seria coberta por uma nuvem de terror, que com ela traria parasitas que sugariam todo o ânimo e esperança que eles estavam tendo naquele momento.
E eu precisava descobrir quem era o parasita que fez tudo isso para, pelo menos, aliviar essa dor que até então parece sem fim.
  Então, de vestes trocadas por uma mais semelhante com os cidadão desse tempo, e com as energias recarregadas por um delicioso Sanduíche de Pastrami, comecei a me infiltrar entre a multidão e funcionários do evento até chegar ao banheiro maís próximo do camarim onde Emily foi encontrada.
  Com as novas tecnologias que o governo forneceu a nós oficiais da lei, seria muito fácil assistir ao crime ocorrido.
  Apenas enviei um pequeno drone invisível com câmera e microfone no lugar do crime. Agora era só aguardar as 21:00 horas, o horário do falecimento da atriz. Aguardar a morte precoce de Emilly aos 30 anos de idade, com a carreira se construindo, tendo novas experiências e muito a se viver, mas infelizmente não há nada que poderia fazer.
   
Perdida e irritada com os meus pensamentos, não notei que o tempo havia passado e já eram 20:30 da noite e Bow acabou de entrar em seu camarim após se apresentar. Então rapidamente liguei a câmera e o microfone e comecei as assistir pelo meu monitor.
Na imagem eu via Emily e um rapaz, e eles pareciam estar tendo uma conversa séria:

- Eu não aguento mais isso James, não aguento mais essa vida. Eu tenho que esconder o que sinto sobre você, quem sou, do que gosto e não gosto! - esbravejou Emilly.

- Mas querida isso vai acabar logo! Fugiremos assim que suas apresentações aqui acabarem, estaremos livres! - refutou James, calmante olhando para sua amada.

- Não, eu nunca estarei. Enquanto estiver viva irão me caçar e me destruir, arrancando tudo o que há em mim e me separando de você... - falou a jovem com voz triste.

- Mas na eternidade podemos estar juntos. Podemos ser felizes! - completou Emilly, agora empunhando um canivete encarando James.

- Não! Nós podemos ficar juntos! Temos muito o que viver! - Exclamou o rapaz agora assustado com Emily.

- Realmente, você tem muito o que viver. Eu jamais seria capaz de te pedir para fazer algo assim. Espero que possamos nos encontrar um dia... Adeus James - suspirou Bow que cortou seus pulsos.

O rapaz então num ato de desespero fugiu do local, deixando então só o corpo da jovem, que agora então tinha os braços ensanguentados.
Assim então encerrando o caso e talvez aliviando a dor da atriz, que agora descansa em paz na eternidade junto de seu amado James.

E eu, agora em meu tempo, sei quem é o parasita que suga a felicidade da sociedade: a própria sociedade

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