Capítulo único

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  Garro sentia sua sanidade esvair a cada dia que passava, um certo paraguaio dos cabelos morenos vivia em seus pensamentos. Nem na hora de dormir havia paz, o atacante invadia seus sonhos, ora com carícias afetuosas, outrora com toques impuros. O camisa dez sentia-se um tanto quanto culpado por isso, Romero era seu amigo, ousava dizer que era a pessoa mais próxima de si naquele elenco, o medo de perder a amizade dele era gigante.

  Amar aquele homem seria sua ruína. Tinha medo da rejeição, não saberia como lidar, caso acontecesse. Acabaria afetando o desempenho do time, preferia não arriscar, morreria com aqueles sentimentos entalados na garganta, se dependesse dele. Tentava declarar-se de maneiras sutís para o camisa onze, na esperança do moreno tomar alguma atitude, porém, era uma situação difícil. O paraguaio parecia não entender, ou entendia e se fazia de difícil, não sabia dizer com certeza.

  Estavam em mais um dia de treino no CT da delegação corinthiana, Garro não conseguia evitar olhar para o artilheiro, toda ação do homem de cabelos escuros soava provocante, principalmente quando ele erguia sua bermuda deixando as coxas expostas, a costura da peça era muito marcante. Vez ou outra, seus olhares eram correspondidos, com longas encaradas vindas do camisa onze, sentia seu coração sair pela boca sempre que seus olhos cor de mel encontravam os olhos castanhos escuros do outro. 

  Garro queria pegar aquele homem e beijá-lo, ali mesmo - Você e o Romero vão ficar se comendo com os olhares até quando? Leva o cara num motel, Garrito - Raniele sussurou, tirando o acastanhado de seus devaneios - Qué? - Rodrigo ficou estático, havia sido pego no flagra encarando o artilheiro - Isso mesmo que você ouviu! Toma uma atitude, criança - Disse o camisa catorze, afagando os cabelos do argentino - No estoy seguro que él me quiera - Respondeu com uma entonação chateada, o volante riu alto - Está na cara que ele te quer, não se faça, o jeito que ele te olha diz tudo - Garro sorriu de maneira desajeitada e olhou para o artilheiro novamente, que o encarava de longe, ele o olhava de cima à baixo, umedecia os lábios cuidadosamente com a língua, quando percebeu o olhar do argentino sobre si sorriu e acenou breve. 

  A fala de Raniele deixou o meio-campista um tanto quanto esperançoso, ainda um pouco receoso, mas, menos que antes. Foram liberados após treinar duramente, alguns do elenco do Timão brincavam entre si e riam alto, típica resenha que ocorria sempre, era um ambiente muito descontraído e caloroso, Rodrigo sentia-se muito bem com seus companheiros de equipe, porém, precisava de um tempo sozinho. O atacante observava calado o argentino se afastar, ele andava em passos largos em direção ao quarto que dividiam.

  Uma das blusas de Ángel estava jogada na cama, Garro sentou na ponta do colchão e pegou a camisa, trazendo-a até suas narinas, o paraguaio tinha um cheiro delicioso, imaginava como seria poder abraçá-lo e repousar em seu colo, afagar seus cabelos pretos, beijar aqueles lábios carnudos até ficarem avermelhados. Queria ser mandado, adorado, acariciado, machucado, ser seu amante amado.

  Desejava explorar o corpo alheio com a boca, foder com ele até ter o seu cheiro impregnado na pele, questionava-se como o moreno agiria na hora H, se era carinhoso ou bruto, lembrava de seus sonhos eróticos, sentia o corpo todo arder em chamas e seu membro latejar, apertado pelo tecido, só de pensar no moreno ficou excitado, sentia-se patético, estava totalmente refém do homem de cabelos escuros - Mierda, Ángel... Mira lo que me estás haciendo - Sussurou baixo e começou a se tocar por cima do tecido fino, arfando levemente.

  A porta da suíte foi aberta rapidamente, Romero adentrava o local - Oye, Rodri... - Parou para observar o acastanhado em sua frente, o peitoral do homem subia e descia, respirava pesado, o rosto estava rosado e ele olhava para si com os olhos arregalados, segurava uma blusa sua próxima do rosto, mais especificamente seu uniforme all black - ...¿Qué estás haciendo con mi camisa? - Rodrigo ficou paralisado, não sabia oque dizer ou fazer no momento, abria e fechava a boca pensando em uma resposta, seu coração acelerava, estava fodido (talvez literalmente).

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