7 anos atrás: Flórida.
Acordo bem cedo pela manhã. O sol ainda está nascendo e é uma coisa belíssima de se presenciar. Levanto-me com a ajuda de minhas muletas e vou na direção da velha cadeira de rodas, a fim de descer a rampa recente que meu pai mandou fazer.
– Lindy! Quantas vezes lhe disse para não descer sozinha? - A morena briga.
– Oh! Desculpe-me, mas eu consigo descer sem ajuda. - – Explico-me, lhe dando as costas e indo para a cozinha.
Quanto menos espero, sinto tudo muito lento, como se uma tartaruga tivesse me colocado em seu casco para me carregar. Pressiono com força os braços da cadeira, com medo de que a tontura me derrube.
– Aquelas dores de cabeça voltaram, meu bem? - Ela se dirige a mim.
– Me passa os meus remédios, por favor? - Peço, com a cabeça abaixada.
A mulher me traz uma cartela dos de sempre e estende para mim. Eu recebo, assentindo em forma de agradecimento. Ela também me entrega um copo de vidro cheio de água. Antes de tomar aquela substância, fixo o olhar em um vaso de decoração da cozinha. Durante esse curto espaço de tempo, minhas pálpebras se encontram, quando de repente…
Não consigo abrir meus olhos!
A escuridão é evidente por toda parte. E, além disso, o medo penetra meu corpo de tal maneira que me faz dar passos falhos para trás. Pela visão periférica, vejo a mesma menina dos meus pesadelos da madrugada arrastando seu corpo com a força dos braços, e é impressionante, pois eu nunca consegui ver o rosto dela perfeitamente. De repente, ela para e esconde seu rosto entre os cotovelos, que estão apoiados no chão.
– Não! Por favor… Me deixa em paz! - Um choro quebrado escapa.
– Tem alguém aí?
A garota tenta se arrastar até a entrada, mas uma sombra a puxa pelas pernas e a levanta, colocando um objeto preto em sua cabeça, e isso me deixa cada vez mais apavorada.
– Não! Ela tem que estar aqui! - A voz masculina fica mais autoritária.
–Senhor! Suas roupas estavam largadas e sujas de sangue no quarto anterior! Eu sinto muito, ela não está mais aqui. Vem, vamos!
– Não, não! Eu sei que ela está aqui! Você mente! Eu vou achar e vamos voltar para casa juntos!
Uma vontade imensurável de me aproximar e lhe avisar que a garota está ali, mas infelizmente, não seria possível.
– Por favor, leve-o! Não sei onde estava com a cabeça para trazê-lo até aqui. Seu pai irá cortar meu pescoço fora.
– Não! Me soltem. - Os gritos se tornam repetitivos em meus pensamentos, tomando conta de cada canto do meu corpo.– Querida? - A mulher se posiciona na minha frente. - Tem certeza que está bem? Se quiser, eu ligo para seu pai e... aliás, tome logo seu remédio.
– Tem alguma princesa querendo encontrar seu velho amigo? - A voz masculina familiar percorre meus ouvidos, fazendo-me virar em sua direção.
– Vô? - Conduzo as rodas, indo em sua direção. - Estou com tanta saudade! - Fico de pé por pouco tempo, e quando sinto que vou perder o equilíbrio, me atiro em seus braços, sentindo seu corpo quente.
– Cadê a princesinha do vovô? - Ele alarga um sorriso para mim.
– Aqui! - Uma gargalhada genuína escapa de minha garganta, quando o mais velho me joga para cima.
– Bom dia! - A voz de meu pai me rouba a atenção. - Lindy, querida, trouxe o que me pediu, filha! O ignoro, voltando a brincar com o vovô. Ele pisca para mim, como se fosse um combinado nosso.
– Lembra que hoje iríamos ao parque? - O homem, que me segura, pergunta. Franzo o cenho com seu questionamento, pois não me lembro de nada sobre a semana passada.
– Não? - Fecho um dos meus olhos, tentando lembrar.
Ele fica surpreso e logo corre comigo nos braços, indo até o sofá para fazer-me cócegas em todo meu corpo. Não aguento tudo isso e uma série de risos escapa de meus lábios, me impossibilitando de parar.
– Lindy, sua fisioterapeuta chegou, querida! - A mulher avisa.
Me apoio em meus cotovelos e ergo os olhos para o meu avô, lhe dou um sorriso e o de cabelo grisalho faz menção de se abaixar para me pôr em seus braços mais uma vez.
Chegamos na sala, a loira está lá, seu nome é Maya.
Sempre gentil e carinhosa. Ela estava montando o nosso espaço de treinamento, hoje irei poder andar naquelas barras de ferros sozinha.A doutora olha para mim e dar um sorriso demorado, tirando do seu jaleco meu doce preferido.
- Shhh! Será o nosso segredo, tudo bem? - Pergunta, colocando seus joelhos no chão frio.
- Ishh! Acho que só nosso não, tia... - Olho por cima de seus ombros. - O vovô também vai saber. Que feio! O senhor escutou a conversa particular que estamos tendo.
- Eu não ouvir nada! - Desvia o olhar algumas vezes e caímos na gargalhada mais profunda.
_____________________________________Notas da autora:
Pelo amor de Deus!!! Até eu fiquei surpresa com essa história 🤭.
Demorei mais cheguei e é isso que importa, não?
Coloquem suas emoções nos comentários, vou ler todas!!
Beijos da Bru,
galera!
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Sombras de Toques Esquecidos.
Mistério / Suspense❌ Dark Romance ❌ A casa abandonada traz lembranças, das quais, Lindy não gostaria de lembrar. Reviver tudo mais uma vez e não lembrar-se de nada é torturante, já que, sofrera um acidente grave e depende da fisioterapia para voltar a andar. Ter flash...