N.L. Paranoid - Contos de Nil

Circo Maldito

Erick está muito animado hoje, é sua primeira vez indo ao circo da cidade
- Mãe, vai demorar muito pra gente chegar? - Pergunta o menino ansioso
- Só uns 5 minutos, filho - Responde a mãe, enquanto arruma algo em sua bolsa
- Quanto tempo é um minuto? - Pergunta o menino curioso
- Um minuto são 60 segundos.. - Fala o pai, se concentrando na pista
O menino então tenta contar até sessenta, porém, se perde quando chega no vinte e começa a apenas citar números aleatórios, ele faz isso cinco vezes e, como não chegaram ainda, decide ir dormir, as últimas coisas que Erick escuta antes cochilar é sua mãe dizendo "Precisamos contar para ele...".
Os cinco minutos se passam e Erick é acordado pelo seu pai
- Ei, filho! Acorda, você vai perder todo o circo desse jeito - Dizia o pai enquanto saía do carro
- Já acordei, já acordei - responde o garoto sonolento
Erick se levanta lentamente e vai até perto da mãe, eles então começam a andar, começa a chuviscar sobre suas cabeças.
Eles entram no circo que já estava cheio, logo após isso as portas se fecham, uma fumaça pode ser avistada mais à frente e uma voz sai de alguns alto falantes
- caros telespectadores, peço que todos se sentem pois o espetáculo está para começar. - Dizia a voz, enquanto a fumaça se dissipava aos poucos, uma música clássica de palhaço toca e junto disso vários palhaços começam a aparecer no palco, vindo de todos os lugares, até mesmo da platéia, um desses palhaços chega atraso, eles brigam com ele e toda a platéia começa a rir, menos uma única pessoa que, após ver estes palhaços, decidiu sair do circo. Até que o que aparenta ser o palhaço apresentador começa a falar
- Nós somos um circo de palhaços, senhoras e senhores, todas as nossas atrações são feitas por palhaços, então se preparem para morrer de rir - Após falar isso, o tal apresentador e todos os outros palhaços saem do palco, pouco tempo depois pode-se ver alguns palhaços trazendo uma "roda da morte", dentro haviam palhaços montados em motos, eles começam o show e todos aplaudem.
Várias apresentações são feitas durante esse meio tempo, Erick estava maravilhado com tudo aquilo, mal tirava seus olhos do palco, até que algumas pessoas começam a falar entre si
- Ei, alguém viu o Jorge? Ele tava do meu lado a um segundo atrás - Dizia um homem para algumas pessoas
- Não sei... Moço, você viu uma mulher de óculos, loira e baixinha? Ela também sumiu do nada - Fala uma mulher preocupada
- Parece que muitas pessoas saíram para usar o banheiro... Ao mesmo tempo - Diz o pai de Erick
Erick não se importou muito com tudo isso e continuou assistindo o espetáculo, após mais uma hora de show ele então decide se virar para sua mãe e perguntar
- Mãe, quando eu crescer eu posso...? Mãe? Cadê você? - Pergunta o garoto - Pai? Vocês estão se escondendo? Não tem graça... Cadê todo mundo? Eu tô sozinho aqui? - O garoto dizia prestes a começar a chorar, Erick está sozinho na platéia, as únicas pessoas presentes são os palhaços, ele então observa um dos palhaços entrando em uma espécie de corredor que leva até a parte de trás do palco, "Eu vou perguntar pra eles... Talvez meus pais tenham preparado uma surpresa pra mim e estão esperando eu sair pra procurar eles... Eu espero" Pensa o menino, enquanto começa a descer as escadas para ir até o corredor, pouco antes do garoto chegar lá, o apresentador aparece mais uma vez e diz
- Senhoras e senhores, o espetáculo infelizmente está quase chegando ao seu fim... Mas não fiquem tristes, pois deixamos o melhor para o final, contamos com a colaboração de todos vocês para a atração final... Vejo vocês logo! - Após recitar isso tudo ele mais uma vez some, Erick percebe que até agora viu apenas o rosto deste apresentador, o que é meio estranho já que era para ele estar no meio do palco, não escondido atrás de cortinas, mas o garoto não liga e continua sua busca.
Erick então se vê andando por um corredor escuro e assustador, ele escuta gotejos vindo do lado de fora, "parece que a chuva está parando aos poucos" pensa Erick, uma luz fraca pode ser avistada, lá Erick consegue ver algo estranho... Um dos palhaços está carregando um saco grande, este saco fica se debatendo como se estivesse vivo, Erick se aproxima aos poucos, ele fica curioso e se enconde atrás da porta que leva à sala, lá ele pode escutar uma conversa entre palhaços do circo
- A apresentação final já está quase pronta, chefe - dizia um dos palhaços, enquanto jogava o saco em movimento em uma maca hospitalar
- Muito bem, muito bem... Ao meu ver, falta apenas uma pessoa, correto? Traga-a até mim. - Diz o apresentador, um tanto quanto irritado
- Sim, chefe. - o palhaço responde e logo sai da sala para poder procurar pela última pessoa, Erick logo percebe, ele era a última pessoa.
O garoto espera um tempinho e quando acha que está seguro, entra na sala, Erick se depara com uma das pessoas da platéia presas à maca hospitalar, antes mesmo que ele possa pensar em fazer algo, ele precisa se esconder novamente pois um palhaço com roupa de enfermeiro entra na sala com tudo, a pessoa tenta gritar e se soltar, mas ela está presa e amordaçada, o palhaço enfermeiro logo diz
- Se acalma, logo, logo você será parte de algo maior... Literalmente hahahahahah - O palhaço cai na gargalhada e isso abre oportunidade para o garoto sair correndo, Erick então tenta fugir mas é pêgo por algo extremamente grotesco, o apresentador repleto de pedaços humanos, órgãos pulsando, ele é enorme e tudo nele parece estar vivo, os membros se mexem como se tentassem fugir de lá, como se estivessem sofrendo em agonia, pode-se ouvir gritos abafados vindo de dentro do apresentador, Erick horrizado tenta fugir, mas o apresentador é muito grande e cobre a porta toda, o apresentador pega o Erick e diz
- Ora, ora, não é que eu achei o último? Hahaha - ele prende o Erick em outra maca hospitalar - Eu acho que eu quero... Vejamos... Os olhos dele na minha nuca... Isso! Perfeito! Assim eu poderei ver em todas as direções... Nada e nem ninguém conseguirá fugir de mim... Não de novo! - O apresentador diz para o enfermeiro, que está costurando os braços da pessoa da platéia no apresentador - Pode deixar, quando eu acabar aqui eu já faço, chefe! - O enfermeiro termina, pega um bisturi e se aproxima de Erick, o garoto tenta gritar por ajuda mas seus gritos são abafados pela mordaça e pelas risadas insana do apresentador, que logo diz
- Acalme-se criança, fazer parte de mim é uma bênção, poucos tem esta oportunidade, alguns viram lacaios para meu circo e a maioria vira a apresentação final, sinta-se privilegiado... Enfermeiro, deixe-me mostrar a esta criança a apresentação final, como ele é o último sobrevivente, nada mais justo do que mostrá-lo nossa obra prima
Erick é levado para o palco, lá ele vê um ser mais terrível que o próprio apresentador, desta vez com todas as pessoas da platéia costuradas em uma única coisa, uma monstruosidade que nem Erick nunca sequer imaginaria presenciar, o garoto começa a chorar após ver a cabeça de seus pais gritando de dor e por socorro, tudo o que ele queria era se divertir em um circo
- Ei, não chore criança, irá estragar os seus... Bom, os meus olhos hahahahah... Vamos, comece o procedimento, doutor - diz o apresentador, esperando para ser anestesiado.
O enfermeiro então começa a cirurgia, ele arranca os olhos de Erick e costura eles na nuca do apresentador, a última visão que Erick pôde ter foram seus pais agonizando de dor, presos à um monstro terrível coberto de outras pessoas.
Um som de queimada pode ser escutado, o enfermeiro olha para a porta de entrada e vê aquela mesma pessoa que havia saído do circo anteriormente, ateando fogo em todo o circo. Tudo é perdido. Todos eles queimaram até a morte. Erick entrou em combustão. O apresentador foi derretido vivo. O enfermeiro consegue fugir. É assim que o Circo acaba e vira notícia em todo o país, os jornalistas o chamam de "Circo Maldito", sabe-se que muitas outras vidas foram perdidas naquele local, as autoridades descobriram que aquele apresentador tinha uma coleção de monstros vivos, não se sabe o que aconteceu com o enfermeiro e nem por onde ele anda, as buscas não acabaram ainda.
Fim