Um Lanche De Lanchonete

14 4 1
                                    

Quando voltei pra casa, ainda me restava 2 horinhas pra dormir, então no segundo em que dormi, eu acordei também.

- Mas que inferno...-

Eu sai com desânimo da cama, andando até a cozinha para comer meu café da manhã. Com a esperança de que meu pai havia explodido ou sumido da face da terra.

- Se divertiu bastante ontem sua putinha?- meu pai que estava na sala falou enquanto eu parei no meio do caminho até o balcão da cozinha e o olhei com desprezo e surpresa, realmente não havia notado ele alí.
Não respondi a sua pergunta agressiva e peguei a caixa de cereais que sempre como de manhã, mas ele ignora meu silêncio.

- Saiu ontem na sorrateira achando que eu não iria perceber? Você é muito ingênuo "marjorie"- deixo a caixa de cereal no armário novamente, eu estava com tanta raiva desse maldito que não conseguia nem comer com ele por perto!
Saio da cozinha e vou me arrumar para a escola. Eu obviamente estava visivelmente irritada com as duas frases de merda que meu pai havia dito.

-------/ /-----

Enquanto eu caminhava até a escola, lembrei que havia combinado com aquele garoto Kenny, de ir a lanchonete, fico feliz que alguém nesse planeta chamado South Park, não se incomode com o fato de eu ser trans.
Espera aí..... Talvez ele não saiba! Não é como se eu fosse um celebridade que todos conhecem, então é óbvio que ele não sabe.

Ahh me sinto tão iludida em pensar que alguém nesse mundo gostaria de mim pelo que sou.

- Marj? Você tá bem?- era Wendy, aquela garota que só fala comigo pra "apoiar uma pessoa trans" depois disso é como se pensasse, "bem minha parte eu fiz" e esquecesse de mim a semana toda. Ela até é legalzinha...
Mas não consigo acreditar que ela realmente quer fazer amizade comigo.

-A-ah sim eu tô bem. Porque perguntou?-

- E que você anda meio cabisbaixa esses dias, tá tudo bem? Se quiser conversar com alguém pode me chamar, ok?- antes que eu pudesse responder ela continuou.

- Aliás, eu estou fazendo um grupo de literatura, onde fazemos poemas, compartilhamos nossos livros e histórias favoritas.
Você poderia tentar entrar e expressar seu sentimentos através da escrita. É toda sexta depois das aulas- ela com certeza queria achar uma brecha pra falar disso.
Talvez precise de mais membros? Bem de toda forma não é má ideia... É uma desculpa pra não ficar em casa com aquele cara que se diz meu pai.

- Tá, ok, eu entro nesse grupo de literatura. Mas não garanto muita participação vinda da minha parte- ela pareceu surpresa, mas não era isso que queria?

- sério mesmo?! Nossa faz tempo que alguém quer entrar no grupo, eu já estava esperando um não logo de cara- ela deu uns gritinhos de felicidade, algo meio bobo mas também fofo.

Ela e eu continuamos a andar juntas, já que íamos ao mesmo lugar. Wendy tentava trocar uma ideia ou outra comigo, vou confessar que esses momentos me deixam nervosa. Como eu vou responder algo se eu não tive tempo pra raciocinar a questão? Essas coisas são mesmo complicadas...

- hey, Marj! Eu acho que vi um garoto acenando pra cá. Acho que é pra você- por um momento achei que iria surtar. Alguém provavelmente quer me esmurrar...
Não vai sobrar nem os meus farelos!

- d-deve ser pra você, ou eles nos confundiram com outras pessoas- antes que qualquer argumento meu para fugir da situação fosse aceito pela Wendy, o garoto que parecia estar acompanhando começou a chamar atenção.

- MARJORINE!- o garoto gritou, eu ainda não conseguia identificar quem era. Eu realmente preciso usar óculos.

- você conhece aquele garoto?- ela me pergunta me deixando sem graça

- Ãh, eu não sei, não consigo enxergar daqui- de forma incerta respondo Wendy enquanto coço minhas mãos.

- é um garoto com um casaco laranja, acho que é o Kennedy, ele faz as aulas de biologia com a gente- ela tenta adivinhar quem era o garoto, e seu chute não podia ser mais certeiro.

- ah, sim, eu vou com ele a uma lanchonete depois das aulas, vou ver o que ele quer, a gente se vê- eu estaria mentindo se não falasse que já imaginava que fosse ele, porém é melhor se precaver não é? E se realmente fosse um idiota quando implicar comigo?

- beleza, boa sorte com seu encontro- Wendy riu e desviou o caminho para outra estrada, enquanto eu ia para outra, me deixando perplexa com o que foi dito.

Encontro? Isso era um encontro? Não a Wandy só estava brincando não é? Bem haja naturalmente, ignore isso, não se preocupe com algo que nem sei se é verdade.

- Marjorine! Tudo bem? Vamos juntos no caminho pra escola, eu queria passar mais tempo com você- não sei porque ele está sendo tão gentil comigo, o que caralhos você quer cara?

- ei Kenny! Você vai mesmo deixar a gente pra trás pra andar com essa guria? Quem é ela mesmo, Margarete?- stan o interrompeu pra reclamar com Kennedy, acho que estou atrapalhando algo aqui.

- olha eu não quero atrapalhar qualquer coisa, então eu já vou indo- antes mesmo de dar o primeiro passo, o garoto de casaco laranja segura meu braço.

- calma ai! Não se preocupa com esses idiotas-

Eu e Kennedy passamos o resto do caminho conversando, ele é um cara... No mínimo interessante, ele é diferente de todas as pessoas que eu conheço, é tão receptivo... Chega a incomodar as vezes.

Quando chegamos a escola, nos separamos e fomos para as nossas salas de aula, aonde eu estou no momento e ignorando a professora que está falando da vida pessoal dela.
Espero que esse dia passe rápido, não aguento ficar mais um minuto com essa mulher que não ensina nada.





----/ /----
Fim do capítulo! Eu provavelmente não postarei frequentemente, então me desculpem a demora para atualizar ′:3






margarina derretida (KENJORINE SP)Onde histórias criam vida. Descubra agora