a nossa música;

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Pode conter gatilhos para pessoas sensíveis a temas como depressão, vício e dependência emocional.

Eu ainda me lembro da música que tava tocando quando eu a vi pela primeira vez, tragando o cigarro daquele jeito elegante e sem emoção.

Eu me lembro da música que tava tocando quando eu assisti a mão dela puxar o gatilho naquela noite fria, naquela que eu jurei ter sido a melhor da minha vida.

Eu me lembro da música que tava tocando quando ela entrou no meu carro pela primeira vez, quando ela me beijou, me apertando com as mãos manchadas de sangue seco, com os lábios borrados daquele batom que só ficava bonito nela.

Eu me lembro da música que tava tocando quando eu vi o seu corpo daquele jeito, os olhos vazios, os cabelos pingando sangue, aquela carta de despedida molhada de lágrimas com a sua assinatura no final da folha.

O pior, é que a mesma música que tava tocando quando os meus olhos encontraram os dela, quando as nossas mentes atormentadas se conheceram, quando a minha loucura compreendeu a dela, também tocou quando eu senti o meu corpo tremer, minha visão se distorcer, as pílulas fazerem efeito abruptamente e os meus olhos se tornarem sem cor, sem vida.

E essa mesma música tocou na minha cabeça quando eu a reencontrei, mais triste e melancólica do que jamais fora. Afinal, histórias trágicas de amor acontecem a todo minuto.

História (obviamente) fictícia.

1001 Coisas Que Nunca DireiOnde histórias criam vida. Descubra agora