Minha ex maníaca

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— Eu não entendo sua insistência, eu já disse um milhão de vezes para vocês que não tenho nada a dizer. — Andrea suspirou frustrada.

Aquela era apenas uma das incontáveis vezes em que foi abordada por um jornalista após seu término com Miranda, isso porque já havia ao menos um ano que não estavam mais juntas. 

— Vamos lá, é literalmente impossível que não haja nada interessante a dizer depois de namorar a rainha de gelo por três anos. — Insistiu.

Andrea parou, deixou a garrafa de cerveja em cima da mesa e analisou aquele jornalista da cabeça aos pés, finalizando com o clássico olhar de desdém que havia aprendido com um certo alguém.

O homem praticamente se encolheu.

— Foi realmente para isso que enfrentou quatro anos de jornalismo na faculdade? — Questionou de maneira cínica. — Para perseguir a ex-namorada de Miranda Priestly? — Os amigos de Andrea soltaram um risinho com o visível constrangimento do rapaz.

Ainda envergonhado, ele reuniu suas coisas e se retirou sem dizer mais nenhuma palavra. 

— Uau. — Lily disse em meio a risos. — Você realmente ficou igual a ela após todos esses anos.

Andrea revirou os olhos. 

— Não fiquei igual a ninguém.  — Resmungou. — Inclusive, não sei porque sempre voltamos a esse assunto, eu só quero esquecê-la. 

— É verdade. — Doug saiu em concordância com sua amiga. — Andy odeia a Miranda, sequer devíamos tocar nesse nome. — Mas enquanto Lily maneou a cabeça em acordo, a morena apenas encolheu os ombros desconfortável.

Eles seguiram sua noite, em meio a bebidas, piadinhas e histórias infames, todos estavam realmente se divertindo. Andrea era grata pela companhia daqueles dois, pois caso o contrário seria mais um domingo em casa se afundando em trabalho ou em uma melancolia que parecia jamais ter fim.

Seu término com Miranda fora longe de algo que possa ser considerado conturbado. Bom, 'aquele dia' havia sido, sem sobra de dúvidas, mas tudo que foi posterior a ele correu de maneira absolutamente tranquila.

Miranda não se exaltou em momento algum, nem mesmo no dia em que de fato o relacionamento  das duas chegou ao fim. Andrea secretamente se perguntava se a Editora chegou a sentir algo por ela algum dia, pois jamais participou de um término onde tudo o que recebeu no final foi um bilhete a desejando boa sorte.  

Infelizmente, o que Miranda  tinha de controlada, Andrea descobriu que possuía de obsessiva, pois promoveu inúmeros encontros vexaminosos entre as duas. Além de mensagens que jamais foram respondidas, ou e-mails que sequer chegaram a ser lidos. Andrea se humilhou de muitas formas, mas sua ex namorada permanecia inexorável quanto a ideia do fim do amor das duas.

— Mas querem saber? — Começou a morena, logo após um pequeno soluço que indicava seu alto teor alcoólico. — Eu só a namorei por diversão. — Mentiu.

— É claro que foi por diversão. — Debochou Lily. — O que mais você iria ver naquela pedra de gelo?

Andrea balançou a cabeça fervorosamente em concordância. Ela definitivamente estava bêbada. 

— E sabe o que mais? — Indagou enquanto deslizava seu dedo pela tela do celular, buscando algo. — Ela me deixava simplesmente louca! Era uma obsessiva, psicopata e controladora com todo mundo, inclusive na nossa relação. — Doug e Lily se entreolharam e voltaram a gargalhar da revolta de sua amiga.

Andrea pediu licença por um minuto e se levantou indo para um distância razoável do bar, pelo menos até onde a música era mais baixa. Apertou o contato na agenda e aguardou até que a alguém atendesse o maldito telefone.

Ela escutou um suspiro cansado na outra linha.

— O que foi dessa vez? Eu estou trabalhando. — Questionou frustrada.

— Você está sempre trabalhando. — Zombou.

Miranda suspirou outra vez.

— Você me ligou para discutir? 

— Não... — Murmurou. — Eu queria ouvir sua voz. 

— Querida... Se escute por um momento, você precisa procurar ajuda. — Miranda tentou ao máximo soar delicada. 

— Miranda!

— Não me ligue mais, por favor.

Antes que a morena pudesse protestar, a ligação foi encerrada. Quando ela tentou ligar novamente, o número estava desligado. 

Andrea grunhiu em frustração e retornou para a mesa.

Ela sequer conseguia prestar atenção na conversa frívola de seus dois amigos. Na sua cabeça ela só queria falar com Miranda, precisava vê-la e ouvi-la, nem que fosse para trocarem farpas por longas horas. 

Inspirada após mais um gole em sua cerveja, ela se levantou ignorando o chamado de Doug e Lily, já fora do bar parou o primeiro taxi que passou na sua frente e partiu. 

Felizmente o local em que estava ficava a poucos quilômetros de distância do seu destino desejado. De maneira desajeitada ela saiu do carro e deu uma generosa gorjeta para o taxista, talvez o álcool a tivesse deixado generosa demais. 

Tropeçando em seus próprios pés ela subiu as pequenas escadas e bateu delicadamente na bonita porta de madeira. Dois minutos depois, ela ouviu a porta se abrir e revelar a imagem de uma Miranda Priestly vestida em um roupão cinza e com um sorriso indignado enfeitando seu rosto bonito. 

— Por que você está aqui? — Perguntou, sem fazer qualquer menção de deixa-la entrar. 

— Eu queria ver você. — Murmurou timidamente. 

Miranda revirou os olhos.

— Você acha que eu sou uma piada? — Andrea encolheu os ombros com a acusação. 

— Eu quero você de volta. 

— Querida, jovens como você sempre querem o que não pode ter,  mas não passa disso. — Despreza. 

— Eu não sou uma criança mimada, Miranda. — Ela cruzou os braços em seu peito, parte porque estava frio em NY às 02:40 da madrugada , parte porque queria soar mais convincente. 

— Por que não volta para os seus amiguinhos? Huh? Continue dizendo que só namorou comigo por diversão, conte como eu te irritava e te deixava absolutamente fora de si. — Miranda segurou delicadamente as bochechas da sua antiga namorada e a puxou para si até que seus lábios estivessem terrivelmente próximos. — Reclame de como eu sou controladora e que isso estragou nossa relação. — Em meio a seu deboche, ela sorriu de maneira sádica ao ver a morena completamente hipnotizada pelo movimento de seus lábios.

Sem aviso, ela soltou o rosto de Andrea e a mesma quase caiu para frente. 

— Saia logo da minha propriedade e para de me perseguir, sua maníaca. 

E então, bateu a porta na cara da morena. 

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