Agnes Winyler sobrevive em meio aos pesadelos de uma vida marcada por perdas, violência e dor. Perdeu a irmã, os pais e agora luta para sustentar a avó Mirla. Em busca de um novo começo, ela tenta mudar por si mesma, por sua vó e seu futuro. Mas o b...
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09/01/2017, Segunda. 05:13 AM, Ponto de ônibus.
Nunca fui o tipo de pessoa que acorda com a cara emburrada, pedindo para morrer, ou desejando que o dia anterior voltasse, mas hoje, em específico, eu queria morrer.
Morrer muito. Morrer bem demais. Morrer do tipo morrer mesmo. Morrer bem morrida.
No ano passado, fiz a prova para entrar na CTEA, a melhor escola do meu país, mas não por decisão própria. Minha avó queria muito que eu estudasse em uma escola de grande nome e me tornasse alguém melhor do que os meus pais. Fiz por ela. Minha velhinha merece ter um lugar bonito e confortável para descansar e se eu dependesse dos ensinos das escolas públicas de Morgan City, eu não conseguiria pagar sequer o seu caixão.
Sair de uma escola de concreto para uma escola de ouro, de um dia para o outro, me deixa preocupada e com a cabeça cheia de pensamentos sobre o que irá acontecer assim que pisar meus pés lá, mesmo que eu tenha minhas melhores amigas junto comigo.
Mas aqui estou eu, com medo da escola nova e sentada no banco velho e acabado do ponto esperando o ônibus chegar. Bocejo cobrindo minha boca com a mão. Olho para o céu, encontrando apenas o sol nascendo aos poucos. — Que lindo... — Sussurro e fecho os olhos para sentir a brisa fria do amanhecer. — Queria poder sentir esse friozinho mais vezes.
— Eu também queria. — Sobressalto no banco abrindo os olhos, colocando a mão no coração.
— Sério, Chiara!? — Questiono irritada e ela caminha em minha direção com seus olhos azuis cintilantes e um sorriso divertido contornando os lábios.
A garota tem descendência é russa, é milionária e tem um corpo magro, mas cheio em partes específicas. Está fardada exatamente como eu, de saia rodada, um pouco acima dos joelhos, na cor azul-marinho, camisa social branca escondida por debaixo do blazer também azul-marinho, mas com botões, bolsos embutidos e barras em vermelho bordô. Diferente de mim, que uso uma gravata quadriculada azul e vermelha, meias brancas comuns etênis all star sujo e velho, a loira usa meias brancas cobrindo metade de suas panturrilhas e calça sapatos Mary Jane com um pequeno salto e uma gravata laço azul e vermelha. Seus cabelos estão soltos com um arquinho de laço branco e em suas orelhas brincos pendentes de pérolas.
O rosto fino em formato diamante, sobrancelhas claras e naturais, olhos azuis claros e amendoados finos, lábios pequenos mas carnudos e sempre sorridente e contornados por gloss, nariz fino, pequeno e empinado, queixo pequeno e marcado. Sempre aparece com mais intensidade quando ela sorri e fecha seus olhos.
— O que foi? — Ela levantou uma sobrancelha. — Te peguei desprevenida? — Chiara tira sua mochila das costas e coloca em seu colo se sentando ao meu lado. — Bom dia, pãozinho. — Desejou contente..
Bufo em irritação. — Você é doida! — Afirmo e ela me manda um beijinho. — Reviro os olhos. — O que está fazendo aqui? — Pergunto direta. — Ontem você disse para mim que ia voltar para a casa dos seus pais.
