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    A chuva que batia na janela do quarto tinha como único objetivo de acalmar seu coração e alma. Sempre teve esse efeito, Sophia amava ficar olhando pela janela quando chovia por causa da sensação de estar só e de estar em paz com todos. Mas, honestamente, não parecia esse o caso.

    Ela sabia, do raso ao fundo do seu ser, que ele estava vivo e que o governo jamais conseguiria pegá-lo, mas... Oh, céus, a cada gota gorda que atingia o vidro furiosamente ela sentia folhas de dúvidas caírem em suas águas de otimismo. Vários "e se" tirando o resto de sanidade que vinha tentando manter nos últimos três dias. Mas ela estava no escuro.

    Não tinha uma única notícia desde às 15:30 da tarde, há cinco minutos atrás.

    É claro que estava vivo, estava bem, estava escondido mas continuava a ser um procurado pelo FBI em uma cidade onde 50% da atual população é composta por agentes federais. Ela deveria ter pedido para ir direto para a cidade, ver como estava, mas a única coisa que Jake havia implorado a ela quando soube de sua chegada à Alemanha era que não pisasse os pés em Duskwood para não levantar mais suspeitas.

    Estava no chalé da floresta havia algumas poucas horas, cumprimentou e conversou com todos. Ouviu agradecimentos que pareciam infinitos de Lilly, Jessy e, principalmente, Hannah. A conversa se estendeu até a brasileira espirrar devido ao banho de chuva que levara ao chegar ali. Segundos depois, Dan e Lilly obrigaram a mulher a subir para o quarto que lhe foi designado e tomar o banho mais quente da história de todos os banhos.

— Sophia? - ela escutou Lilly bater na porta antes de entrar. - Tudo bem?

— Sim, está. - a loira ergueu a sobrancelha antes da mulher suspirar e admitir: - Não, não está.

    A possível futura cunhada de Sophia deixou que Jessy passasse após dela e fechou a porta. As duas se juntaram a ela na janela, uma se sentando no estofado da banqueta enquanto a outra a observava de pé.

— Não sei se ele está bem...

— Ele não mandou mensagem pra você?

— A cada minuto em que ele não está online é um minuto torturante, Lilly. - Ela virou seus olhos para a janela brevemente - Eu sei que ele é esperto e que dará um jeito, mas isso... bom...

— Isso não impede que fique preocupada? - ela afirmou. - Vocês realmente se amam, né?

— Eu nunca pensei que isso um dia pudesse acontecer comigo. - Sophia sorriu - Não de verdade. Amar uma pessoa nessa intensidade me assusta, mas parece tão certo.

— O que acha que vai acontecer quando finalmente se encontrarem?

    Jessy quem perguntou, mas Lilly sorriu com tanto interesse que ela se sentiu pressionada a responder por causa dela. Ela riu e encarou o teto, sonhadora.

— Sabe que eu não sei?

— Como assim!? Você não imagina?

— Todos os cenários que crio na minha cabeça com Jake são meio... complexos. - as duas a encararam confusas - Bem, não é uma tarefa fácil imaginar um homem sem ros... cabeça, um homem sem cabeça me beijando.

    É claro, o clima pesou, ninguém falava sobre aquilo, todos naquela cabana se recusavam a pensar sobre o que aconteceu, quem perderam e o que sentiam com isso. Era mais fácil pensar que Richy estava bem, em um outro estado, com uma ficha limpa e um emprego do qual gostasse de verdade.

    Ninguém estava pronto para falar sobre aquilo ainda.

    Sophia se desculpou, sentindo o peito afundar de culpa, ainda mais quando viu o olhar magoado e entristecido de Jessy, mas disseram que estava tudo bem.

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