Dia 06 do mês de Abril de 1.706 | Inferno
Em um dia mundano na paisagem avermelhada como carmesim de uma sociedade desordenada em que se mantinha o Anel do Orgulho, em uma avenida escura e desértica aonde nem o pior dos demônios se atrevia a passar, um ambiente tão carecido e miserável que nem mesmo os sinais de rádio se atrevem a ecoar através e no qual a presença da energia elétrica já foi cortada a tempos, um senhor com brilhantes cachos flamejantes, pele pálida e escura como um crepúsculo e de altura considerável estava em uma passada normal na mesma rua que sempre andava, com sua capacidade limitada para locomoção, para que esta manhã mudasse sua rotina de vez.
Com expectativas tão baixas como as profundezas de um límpido oceano, o senhor consegue perceber uma estranheza em uma das lixeiras que estavam em seu caminho e sons abafados vindo da mesma, e ao se aproximar, se abalou com a visão que ele teve naquele objeto restrito de saúde ou limpeza.Havia um bebê de pele pálida, de brilhantes olhos heterocromáticos de um vinho claro e um dourado esbranquiçado, o mesmo esteve embalado em uma sacola escura e rígida, assim como as outras que estavam ao seu lado, e assim como esperado, se manteve chorando e desorientado. Ao encarar tal atrocidade que havia sido cometida em sua frente, o senhor segurou a criança com suas mãos e o encarou, com palavras preenchidas em lástima e pena:
-Mas que terrível criatura faria algo deste nível? Uma criança em uma lixeira embalada como descarte? Nem mesmo alguém como eu teria coragem para tamanha barbaridade.
-Venha garoto, você ficará comigo, não me importa se teria alguém para que pudesse lhe pegar aqui, não deixarei com que os mesmos que te jogaram aos lobos desta forma tenha uma vida em mãos.
E com a criança em mãos, o senhor então volta para sua caminhada, mas com um novo objetivo, ele foi procurar algum alimento para que a criança pudesse se acalmar do seu atual choro, ao qual ele conseguiu em horas enquanto recebia ajuda de moradores locais assim como ele, seus dedos entrelaçam os fios dourados que seriam o futuro cabelo desta criança e então observou seu rosto, aquele indivíduo possuía traços semelhantes ao mesmo homem que permitiu com que o lugar em que ele vive estivesse naquele desastre, e que inconsequentemente deixou com que aquela vida fosse encontrada em uma situação tão lastimável, por sua falta de atitude quanto ao seu reino, portanto, nomeou a criança de "Cinaede" para que pudesse ter o gosto de estar descontando sua frustração ao rei utilizando de uma língua morta.
Naquela avenida este senhor era tratado como um líder, uma autoridade confiável, na qual os habitantes confiavam sua segurança e comodidade, este era senhor era... Judas Iscariotes!
Sob os cuidados de Judas, o garoto pôde ter uma vida confortável e segura mesmo que ainda fosse alvo de comentários, mas nos quais nunca elevaram devido ao homem que esteve a seus cuidados e assim como sua estranha resistência às armas que haviam presentes lá, sempre conseguiu se manter sob condições aceitáveis para a vida mesmo na extrema pobreza e desigualdade, sem a capacidade de ter muito, ele se manteve com os poucos que tinham e os que restavam após os extermínios, nos quais ficavam seguros em um bunker. Sobretudo, no dia 27 de Fevereiro da década de 40, em um passeio que passou mais tempo que o devido acabou por terminar no momento em que os exorcistas desceriam ao inferno, e sem muita opção, ao ver um exorcista se aproximando do bunker, Cina fechou a entrada e aceitou um destino que parecia ser inevitável.
Mesmo que imaginasse o pior, o garoto confiou em sua imunidade desconhecida e se manteve parado enquanto o exorcista lhe dava um sádico sorriso, avançando para acertar sua cabeça, mostrando a afiada e brilhante ponta de sua lança que possuía um estranho brilhar, e ao chegar em uma distância próxima suficiente para que houvesse um golpe direto em sua cabeça, Cina pôde mover seu braço para barrar o golpe e teve o mesmo atravessado com a lança estando no meio do seu osso. Para surpresa da exorcista, o sangue que derramou da carne desta alma pecadora era dourado e divino assim como um anjo, e por confusão, deu-lhe mais uma verificada e percebeu sua pele pálida e cabelo amarelo como o mais brilhante farol.
Era surpreendente ver que um anjo esteve presente entre tantos demônios, ainda mais um na qual nunca foi visto ou conhecido nos Céus para que fosse denominado caído, então ela o segurou pelos braços e voou na direção de seu líder Adão, que não conseguia reconhecer aquele rosto:
-Assim, tirando aquela imbecil do Lúcifer, não conheço nenhum anjo com um rosto desses. Aí pivete, tu tem certeza que não é o Miguel?
-Não, eu não... Sou.
-Porra! Então como a gente vai adivinhar?! Ei, leva esse idiota lá pro Céu e volta pra cá depois, vamos ter uma conversa com a Sera!
E assim o fez, Cina presenciou uma visão única na qual poucos demônios poderiam ter um vislumbre tão privilegiado de um ambiente tão brilhante e encantador como aquele, no qual pôde tocar os pés assim que o grupo retornou. Decerto foi estranho para os serafins, mas que chamou a atenção de alguém inesperado e na qual ninguém poderia prever que faria presença naquele momento.
VOCÊ ESTÁ LENDO
[WHAT IF] Hazbin Heaven - C!
Fanfiction-Após os acontecimentos da primeira temporada de Hazbin Hotel, e o terrível fracasso dos anjos exorcistas, os Céus tiveram de tomar uma drástica medida para que se impedisse o escalonamento da situação, libertando então o anjo suspenso Chacanadiel...