ραɾƭε 𝟻 ⬩ ɦσɾα ∂ε ∂αɾ α∂εµs

15 3 2
                                    

Ainda na floresta encantada...

ㅤ A noite chegou e, com ela, a necessidade do jovem humano aquecer-se para dormir também, pois, conforme foi escurecendo, esfriou. Assim, os rapazes viram-se obrigados a fazer uma fogueira − Kairo, na verdade, pois Rayn nunca havia ouvido falar daquilo, apenas observou-o dar vida às chamas quentes com gravetos em um círculo de pedras, enquanto enchia-o de perguntas que ele não sabia responder muito bem, fosse por sua falta de lembrança ou conhecimento do assunto mesmo, mas isso não frustrou a criatura curiosa, absorvia tudo que o outro contava e compreendia a situação. O amava muito para sequer passar por sua cabeça julgá-lo.

ㅤ Com a fogueira feita e ardente, sentaram-se ao redor dela e ficaram em silêncio. O desconforto da parte de Kairo com relação àquele mundo em que fora inserido, além de sua falta de memória haviam voltado, deixando-o mais recluso, porém, mantinha-se convicto de que tudo aquilo não passava de um sonho.

ㅤ Rayn queria conversar, mas mais do que isso, queria tocá-lo, envolvê-lo em seus braços e não mais soltá-lo, queria amá-lo, porém, aquilo o fazia se sentir errado. Tentou afastar aquele sentimento balançando a cabeça, lembrando-se mais uma vez de olhar para o humano, colocar suas necessidades antes das suas próprias vontades. Não queria que ele fosse embora e não sabia quando poderia vê-lo de novo, ter a chance de tê-lo tão perto. Sofria.
ㅤ Encolheu-se, abraçando as próprias pernas, sentindo falta da água ao mesmo tempo querendo manter-se próximo.

ㅤ Por fim, tomou uma decisão. Olhou para o humano, vendo estar focado nas chamas da fogueira. Chamou por ele:

─ Kairo... ― o jovem rapaz desviou o olhar do fogo. ─ Irei para o lago, mas voltarei muito em breve.

─ Está bem. ― ele respondeu, voltando-se para as chamas, mas prestando atenção aos movimentos da ondina pela visão periférica, e no som de seus passos se afastando.

ㅤ Quando Rayn retornou, Kairo já havia adormecido e parecia com frio. A ondina, então, deitando-se ao lado, o envolveu delicadamente em seus braços, como tanto queria fazer, e, com o calor de seu corpo, aqueceu o humano, acabando por adormecer junto a ele um tempo depois.

⬩⬧⬩

ㅤ No meio da noite, Kairo acordou sentindo-se sufocado. Desesperado, lutou para abrir os olhos, vendo Rayn em sua frente, tão desesperado quanto, parecendo não saber o que fazer também. Segurava o pescoço, tentando dizer alguma coisa, mas não conseguia. Sentia uma imensa necessidade de água.

ㅤ Era chegada a hora de voltar.

ㅤ Por instinto, Rayn o carregou até o lago, na esperança de que aquilo pudesse ajudar. Kairo parecia mais aliviado debaixo d'água, mas entorpecido. Seu olhar, que antes era fixo nos olhos da ondina já em sua forma natural amedrontadoramente bela, se perdeu.

ㅤ De repente, um portal luminoso em espiral se abriu no fundo do lago. O coração de Rayn apertou no peito. Seus olhos escuros brilhavam como uma noite estrelada. Estava a transbordar em tristeza. Sabia que era o momento da despedida.
ㅤ Abraçou o humano fortemente, sentindo serem puxados lentamente para o portal, não ousando abrir os olhos. Esperava que fosse junto a ele.

ㅤ Naturalmente, como se não tivesse mais controle dos próprios braços, eles soltaram o corpo adormecido de Kairo, que atravessou o portal.
ㅤ Com seu coração dilacerado ao não sentir mais sua alma gêmea de amor, abriu os olhos, só para ver o portal fechando-se e Kairo... já não estar mais ali. A ondina apagou no fechamento total do portal. Faleceu de dor no coração.

⚣ ᐧ sσɓ αs άɠµαs ∂σ αɱσɾ (ѵεɾsα̃σ σɾíɠíɳαℓ)Onde histórias criam vida. Descubra agora