Manicômio estadual de Baltimore - Maryland
Will's pov_
Sinto o vento soprando meu rosto e o frio é de cortar a respiração,meus passos ecoam pelo vasto saguão junto a murmúrios vindos de algum lugar dentro dessas portas.
Ainda posso sentir o peso das algemas em meus pulsos,mesmo que elas não estejam mais ali.
É muito estranho estar livre outra vez. Desde que me jogaram nesse maldito manicômio eu não tenho um momento de paz. É irônico, não? Passei dias e dias sem fazer nada além de visitar memórias,e me sinto mais cansado do jamais me senti em toda minha vida.
Talvez o desgaste emocional, do qual Alana sempre me falou, esteja finalmente dando às caras.
De qualquer modo não me arrependo,o tempo que passei aqui foi esclarecedor. Tive a oportunidade de analisar a situação em um todo,sem o risco de agir por impulso. E sem pôr outras pessoas em perigo.
Eu consegui bons aliados...ou talvez nem tão bons assim,mas eles me foram muito úteis. Tilton me fez ver o que realmente aconteceu, lembranças não servem de muita coisa agora mas...aliviam a consciência. Isso sem contar que Matthew Brown chegou muito perto de matá-lo, Hannibal Lecter quase deu ar de graça no inferno. É uma pena que Jack tenha chegado a tempo.
Apenas mais alguns segundos e o mundo estaria livre de um monstro como ele.
Hannibal é uma incógnita indecifrável. E como se não bastasse ser um louco canibal,o Dr.Lecter ainda tem essa síndrome de deus. Se divertindo ao determinar quem é digno ou não estar aqui,vivo. Agindo como se o mundo devesse se curvar sobre seus pés. Porque ele é,ou pelo menos se considera, superior a tudo e a todos.
De qualquer forma, não é hora pra isso. É bom poder finalmente sair desse buraco de coelho. Mais um dia aqui e eu realmente ficaria louco.
Mas ao sair tenho uma surpresa.
-Will!
É ,o bom filho à casa torna.
-Jack? O que faz aqui?
Caminho em sua direção com passos incertos.
Ele está escorado no carro preto já tão conhecido. Vestido dos pés a cabeça como se estivesse em um funeral.
Talvez ele esteja de luto, por sua dignidade,quem sabe? Afinal deve ser doloroso para ele ter que admitir que estava errado.
É até estranho vê-lo aqui, já que tecnicamente Jack foi o culpado pela minha recente estadia nesse inferno.
-E-Eu vim buscá-lo...acho que te devo isso depois de...bem, você sabe.
É nítida a vergonha que ele sente em estar aqui na minha frente.
-Depois de ter me acusado de assassinar todas aquelas pessoas,e me tratado como se fosse um animal perigoso?- digo irônico dando de ombros.
Por um momento ele parece desconfortável,mas assume rapidamente uma expressão dura.
-Todas as evidências apontavam para você,Will. Não pode me condenar por comprir com meu trabalho.
-Não estou condenando ninguém,Jack. Apenas me questiono o quão cego você pode ser às vezes.
Ele me olha por alguns segundos,me analisando de cima a baixo. O olhar é de julgamento,inconsciente julgamento,mas já tive tanto disso nos últimos tempos que até me acostumei com a sensação.
Depois dessa curta análise ele parece suspirar cansado, soou quase como um pai quando desiste de discutir com seu adolescente rebelde.
Então ele se aproximou pondo a mão em meu ombro apertando-o,e olhando no fundo dos meus olhos disse:
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O abismo da verdade - Hannigram
General Fiction- Ainda que tenha sido apenas um delírio,suas palavras me abriram os olhos pra realidade. "Ninguém pode conhecer plenamente outro ser humano a não ser que o amemos, é por esse amor que vemos o potencial do nosso amado. Através desse amor permitimos...