Estou de volta ao Brasil depois de 10 anos, é estranho estar de volta mas também é gratificante.
Nunca pensei que me tornaria a CEO de uma empresa grande, e muito menos no Brasil, na verdade eu nunca quis voltar, pelo menos não pra morar.
Mas acredito que algumas oportunidades são únicas.
O avião acabou de pousar no aeroporto de Brasília, mal passo pelos portões de desembarque e já vejo uma mulher alta com uma plaquinha com meu nome, o que é bem estranho! Eu aceno pra ela e vou em sua direção.- Boa noite senhorita Ester! Meu nome é Lívia, serei sua secretária, e irei te acompanhar até sua casa.
Ela estende a mão pra mim e eu a aperto.
- Boa noite Lívia! Pode me chamar só de Ester por favor, e é um prazer conhecê-la.
Ela sorri e pega uma das minhas malas.
- Vamos, o carro está nos esperando e acredito que você esteja cansada.
Eu suspiro de alívio.
- Sim! Quero muito um banho quente e dormir.
Ela acena e começa a andar, menos de três minutos e estamos no carro.
O caminho até meu apartamento é bem silencioso, talvez por que eu passei o tempo inteiro olhando pela janela pra observar como tudo tinha mudado nesses anos que estive fora do país.
- Amanhã teremos reunião pela manhã pra te apresentar como CEO e presidente da empresa, então durma bem e descanse, e boa sorte com o apartamento.
Eu olho pra ela e ergo uma sobrancelha.
- Como assim boa sorte?
Ela dá um sorriso de lado.
- Nada de mais, é só que todos os trabalhadores da empresa que não têm família moram aqui por que é mais perto do prédio da empresa, então você já deve imaginar como é.
Eu suspiro e dou um sorriso amarelo pra ela.
- Então você mora aqui também?
O carro para e o motorista sai tirando minhas malas do porta malas.
- Não! Eu sou casada e tenho uma filha.
Eu faço bico e ela ri da minha reação.
- Fico feliz por você e triste por mim, mas também não pretendo ficar aqui por muito tempo.
Ela acena em concordância.
- Desculpe a intromissão mas você não parece muito jovem?
Eu mordo os meus lábios para conter um sorriso.
- Tenho 25 anos, fui morar nos Estados Unidos quando tinha 15 anos, comecei a frequentar a universidade cedo! Eu meio que não tinha amigos então passava a maior parte do meu tempo estudando ou dormindo.
- Com certeza será um desafio pra você ainda mas com o filho do ex-presidente ou melhor dono da empresa.
Eu dou de ombros e abro a porta pra sair do carro, eu não me importo com os desafios e também não sou de desistir fácil, estudei muito pra chegar até aqui, então não vai ser qualquer um que vai tirar minha paz por causa da minha idade.
Lívia desce do carro e segura uma das minhas malas.
- Acho que ele que vai encontrar um desafio.
Eu pisco pra ela e saio empurrando minhas malas.
Lívia fala com o porteiro e me acompanha até o elevador.
- Seu apartamento é no último andar, lá só têm dois apartamentos, então não esquece, o seu é o 202.
- Tá bom! Boa noite.
Ela sorri e me empurra pra dentro o elevador.
- Amanhã passo aqui as 9:00 pra te pegar.
Aperto o botão do último andar.
Fecho os olhos e espero o elevador parar, droga! Odeio elevadores.
Assim que a porta abre eu saio correndo.
Realmente só têm três portas nesse andar uma é a minha 202 e a outra é a 203 e a que leva ao terraço e as escadas de saída de emergência.
Eu dígito a senha e entro, o apartamento é enorme e lindo a sala têm uma TV 98 polegadas, dois sofás retrátil reclináveis azuis de três lugares com um tapete preto no meio já tem alguns quadros meus com meus avós, a cozinha fica ao lado da sala, depois da cozinha têm duas portas, a primeira é um banheiro que é bem espaçoso e a segunda é o quarto, que é maior que a cozinha.
Pra completar é ao lado da parede do apartamento vizinho espero que ele/ela seja silencioso.Abro o guarda-roupa, pego uma toalha e uma camisola, e vou tomar um banho.
5 minutos depois estou deitada com o cabelo molhado, não gosto de dormir com o cabelo assim mas estou muito cansada pra secar, não demora muito e pego no sono.Pela primeira vez não sou acordada no meio da noite por causa dos pesadelos, apesar que ser acordada por esse som infernal é bem pior, quem faz festa em plena terça-feira?
Eu bufo de raiva e levanto pronta pra derrubar a porta do vizinho sem noção.
Passo as mãos pelos meus cabelos e bato na porta bato até minha mão doer, mas funciona já que diminuem o som, ouço uns resmungos e alguns minutos depois alguém abre a porta.- Acho que estou muito bêbado!
Meu coração quase sai pela boca quando um par de olhos castanho escuro me encaram.
Respira Ester você não têm mais 13 anos.
Abner o garoto por quem sempre fui apaixonada, mas também o motivo de eu ter ido embora, na verdade não foi ele mas sim seus amigos babacas.
Ele sorri pra mim e posso ver as duas covinhas que sempre deixou seu sorriso perfeito, seus cabelos negros da um belo contraste a sua pele clara, ele está bem maior do que eu me lembre, bem mais forte também.
Ele me encara dos pés a cabeça e balança a cabeça.- Galera vocês precisam ver isso aqui! Acho que estou tão bêbado que estou vendo coisas.
Mais barulhos, alguma coisa cai no chão e logo estão todos lá me encarando.
Ótimo tudo que eu precisava nesse momento era do grupo de babacas reunidos e me observando como se eu fosse um fantasma.- Mano essa é a aquela garota?
Eles limpam os olhos e me olham dos pés a cabeça.
- É melhor vocês desligarem esse som ou eu mesmo vou desligar, e podem acreditar, que do meu jeito ele não vai fazer barulho nunca mais.
Um deles tenta segurar meu rosto mas eu sou mais rápida e seguro sua mão e torço até ele gritar de dor.
- É melhor não encostar em mim, da próxima vez você não terá mais dedos nem pra limpar o nariz.
Eu ergo a sobrancelha e cruzo os braços.
Ele sai andando de fininho e se esconde atrás do Abner.- Cara ela está mais arisca.
Eu reviro os olhos e dou as costas pra eles.
- Só desliguem a droga do som de vocês.
Volto pro meu apartamento sentindo olhos fuzilando.
- Você viu Abner, como aquela garota ficou assim tão sexy olha a camisola dela.
Droga! Esqueci que estava com a camisola minúscula.
Sinto minhas bochechas esquentarem, mas continuo andando normalmente, só pra não perder o restinho de dignidade que ainda tenho.Assim que entro em casa vou direto pra cama, são 4 horas da manhã, ainda posso ter umas horas de sono.
Mas como o Abner pode ser meu vizinho, e ele ainda anda com os três patetas, Mike, Danilo, Renato.
Eles fizeram da minha vida escolar um inferno, eu era muito gordinha e timida na adolescência, então sofria bastante bullying pelos populares da escola e no casa o grupinho deles eram uns dos populares, Abner nunca me maltratou, algumas vezes até me defendeu.
Mas isso não muda o fato dele estar com aqueles babacas como sempre, eu suspiro e balanço a cabeça.
Pelo menos eles não ligaram o som novamente, rever Abner assim ainda faz meu coração palpitar, acabo pegando no sono lentamente com esses pensamentos.
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O Sol que abraça a Lua
General FictionJá parou pra pensar que a Lua só têm o seu brilho por que o Sol a faz brilhar, e que os dois são o completo oposto, um é quente e o outro frio, um trás o dia e o outro a noite, mas que os dois juntos se completam. Ester sempre foi a Lua, Fria solitá...