゜★ 𝗡𝗲𝗿𝗱 𝗧𝗿𝗮𝘃𝗲𝘀𝘀𝗮 | 𝔍𝔢𝔫𝔩𝔦𝔰𝔞 (𝐆!𝐏)

❥ 𝟭. 𝓢𝓲𝓷𝓽𝓸 𝓶𝓾𝓲𝓽𝓸

Lalisa Manobal

❣️ Dias atuais, vinte e três anos ❣️

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Meu corpo corta a água silenciosamente, meu corpo funciona como uma máquina bem lubrificada enquanto começo minha última série de voltas. O único afogamento que ocorre enquanto estou na água é o dos meus pensamentos, a tela em branco é um alívio bem-vindo da cacofonia de coisas que preciso acompanhar. Sabendo que meu tempo diário na piscina chegará ao fim em breve, meus músculos desaparecem da memória, como uma velocista expelindo aquela última explosão de energia para alcançar a linha de chegada. Eu me esforço com mais força, rapidez e fluidez em direção ao final do longo retângulo de água que considero meu porto seguro, determinada a melhorar meu tempo do dia anterior.

Chego à beira da piscina olímpica e, como sempre, estendo uma mão para o cronômetro enquanto limpo o rosto com a outra. Em vez de um plástico suave, meus dedos se fecham em torno do que parece ser a parte superior de um sapato. Eu sei quem é sem olhar, então balanço a cabeça para fazer voar o máximo possível de gotas de água. Uma risada familiar estridente chega aos meus ouvidos e eu sorrio enquanto olho para minha melhor amiga.

— Você reduziu dois segundos em relação ao tempo de ontem, mas estou adicionando três segundos por me borrifar água — Rosé repreende. Sua voz é severa, mas o brilho em seus olhos a denuncia.

— Desculpe por isso, Rosé. — Sorrio para ela enquanto afasto o cabelo da testa e apoio os antebraços na beira da piscina. — Obrigada por cronometrar meu tempo.

— Duh. Para que servem as melhores amigas? — Ela se afasta de mim e se senta no banco encostado na parede, provavelmente para evitar respingos. Ela me conhece muito bem. — Falando em melhores amigas, achei que eu deveria avisar que você corre o risco de se atrasar.

Olho acima dela para o relógio na parede. Sou bem pontual. — A aula da qual sou professora assistente só começa daqui a trinta minutos, Rosé. Tenho bastante tempo.

— Resposta errada, Lisa. Eu estava lá quando você recebeu o e-mail designando você para a aula na qual você estará ajudando. O professor Kim pediu que você aparecesse quinze minutos antes do início da aula de hoje para que ele pudesse falar com você e chegar lá no horário. Conheço bem até demais. Com base nessas informações, sugiro que você vá para a aula agora. Você precisa vestir algumas roupas e preciso te levar para o outro lado do campus. Espero você lá fora. Você tem treze minutos! Vá! — ela grita atrás de mim.

Eu estava fora da piscina e correndo em direção ao vestiário para eu me banhar e me trocar assim que ela disse a palavra — vá — seu aviso e a risada que a acompanhava ecoavam nas paredes ao meu redor. O semestre de outono começou esta semana, mas a aula que terei como assistente começa hoje. Estou determinada a causar uma boa impressão, por isso estou pronta e apresentável em tempo recorde. Estou limpando meus óculos enquanto praticamente corro até o carro da Rosé. Abro a porta do passageiro e afivelo o cinto rapidamente.

— Bom trabalho. Estaremos lá em cinco minutos, o que lhe dará três minutos de sobra — diz ela presunçosamente.

— Você é muito boa — eu admito.

— Eu sei — ela ri. — Eu sabia que você não seria capaz de ficar longe da piscina durante o horário de natação livre, e sei que você estaciona do outro lado do campus. Pensei em jogar pelo seguro e verificar você depois de visitar meu pai. Hoje provavelmente é meu dia iluminado.

O pai da Rosé trabalha na Universidade, onde estudamos, então ela faz questão de visitá-lo sempre que pode. Ela é uma das pessoas mais inteligentes que conheço, mas ele ainda é exigente com as notas dela. Parte de mim pensa que suas visitas frequentes são para ter certeza de que ele não está respirando demais em seu pescoço.

Olho para a minha melhor amiga de infância e sorrio em gratidão. Ela pode sentir meu olhar e se vira para mim, seu sorriso iluminando seu rosto. Depois de todos esses anos, mantivemos nossa amizade. Provavelmente o fato de ela morar na casa ao lado ajudou e, embora ela seja mais nova que eu, o fato de ela ter pulado séries na escola definitivamente nos ajudou a permanecer próximas. Agora que estamos na faculdade, alugamos uma casa juntas fora do campus. É reconfortante tê-la como uma constante em minha vida e confio nela mais do que em qualquer outra pessoa que conheço.

— Obrigada por salvar minha bunda hoje, Rosé.

— A qualquer hora, Lisa. Tenho um pequeno favor para pedir a você, por favor. — Ela se vira para mim novamente e tenta fazer uma cara de cachorrinho muito fofa.

Eu ri da expressão dela. — O que você quer?

— Diga-me o que você acha do Kim e sua turma, por favor. Ouvi dizer que ele pode ensinar Simbolismo dos Contos de Fadas em Psicologia de Adultos no próximo semestre, e quero ter certeza de que ele é tão bom quanto dizem que é. Qual a melhor fonte para informações do que sua confiável assistente de ensino?

— Vou deixar você saber o que penso — digo a ela assim que ela para no meio-fio.

— Obrigada, Lisa. Agora vá para a aula!

— Sim, senhora. — Eu a saúdo simuladamente antes de me inclinar para lhe dar um abraço. — Vejo você hoje à noite em casa.

— Parece um bom plano. Mal posso esperar para saber como vão as coisas.

Saio rapidamente do veículo e bato duas vezes no topo do capô em agradecimento antes de me inclinar e dar tchau. Verifico meu celular e vejo que tenho dois minutos de sobra antes de precisar chegar. Droga. Corro em direção à sala de aula, minhas pernas se movendo com a rapidez de Hermes com uma mensagem para Zeus.

Não tenho certeza de como isso aconteceu, mas num minuto estou voando e no outro alguém está colidindo comigo. Minha bolsa de ombro se abre com o impacto, o conteúdo flutuando como confete, mas antes de eu tentar pegar minhas coisas, procuro ter certeza de que a pessoa com quem esbarrei está bem. Eu me viro e vejo uma garota esbelta com cabelos desgrenhados correndo enquanto grita — Sinto muito! — por cima do ombro para mim, sua blusa ondulando atrás dela enquanto ela foge. Fico parada por alguns momentos enquanto olho para ela, as partes do meu corpo onde nos esbarramos ainda quentes pelo contato.

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