Corações entrelaçados na poeira da vaquejada.

O sucesso da Vaquejada.

Por uma extensa estrada de chão batido, cercada por um campo aberto com árvores pontilhando o horizonte, Jeon Jaekyung tocava seu berrante. O som ecoava, uma sinfonia rústica para os companheiros de jornada. Nascido em Busan, Coreia, Jaekyung mudou-se para o Brasil ainda na infância. Aqui, ele absorveu os costumes locais e aprendeu a arte da lida campeira, preparando-se para gerir o legado que um dia herdaria. Seu pai, descendente de uma linhagem de fazendeiros prósperos, era dono de uma das maiores fortunas agrícolas do país - um patrimônio construído sobre o suor de antepassados que cruzaram mares em busca de um recomeço, longe das adversidades de sua terra natal sul-coreana.

Com um olhar cintilante de orgulho, Jaekyung contemplava a vasta manada que se estendia à sua frente. Ao seu lado, o jovem Jeon Jungkook, seu filho de 12 anos, compartilhava da mesma paixão. Crescido entre viagens e trilhas, Jungkook era quase um com a sela, um verdadeiro vaqueiro nato, conforme os antigos do campo costumavam dizer.

A cada passo, a poeira da estrada se erguia, envolvendo a comitiva em um véu dourado. O sol escaldante castigava a pele de Jaekyung e de seu filho, mas eles seguiam adiante, guiando a boiada rumo a terras mais verdes e promissoras.

Jungkook admirava o jeito firme e experiente com que o pai manejava o berrante. Aquele instrumento, gasto pelo tempo e pelas intempéries, era como uma extensão de Jaekyung. Quando ele soprava, o som ecoava pelas colinas, chamando os bois para a marcha. Jungkook sonhava em dominar aquele artefato um dia, conduzindo a boiada com a mesma maestria.

As histórias do avô de Jaekyung, um dos primeiros imigrantes coreanos a se estabelecerem naquelas terras, ecoavam em sua mente. Ele imaginava os desafios enfrentados por aqueles pioneiros, a coragem que os impulsionara a deixar sua pátria distante e a buscar uma nova vida sob o céu brasileiro. O legado da família estava entrelaçado com a terra, com os cascos dos bois e com o vento que soprava entre as folhas das árvores.

A jornada foi extensa, porém repleta de momentos alegres. Jungkook observava com admiração a lealdade dos que seguiam seu pai. Ao finalmente alcançarem uma acolhedora fazenda de um amigo íntimo, Jaekyung confiou o gado aos cuidados do campo amigo e prendeu seu cavalo; os outros vaqueiros seguiram seu exemplo. Um bar convidativo os esperava, um ponto de encontro tradicional para os vaqueiros daquela região. Quando o relógio marcou 20 horas da noite, Seu Jorge, um velho aliado e companheiro de Jaekyung, requisitou garrafas de cachaça, distribuiu entre os presentes e brindou à jornada. Jungkook, satisfeito com seu refrigerante, observava o ambiente. Os homens, embora exaustos, mantinham o ânimo, compartilhando histórias entre goles, enquanto alguns se entregavam ao jogo de bilhar e outros à dança, acompanhados pelas mulheres que frequentavam o local.

O tempo voou, e com ele, Jungkook alcançou a marca dos 23 anos. Conhecido como um dos vaqueiros mais habilidosos da região, sua fama se estendia pelas vaquejadas onde, frequentemente, conquistava o primeiro lugar. Celebrando mais uma vitória, Jaekyung o levou ao bar local, um ponto de encontro para amigos e colegas de profissão. Ali, entre danças e risos, eles brindaram à vida, cercados pelas mulheres mais encantadoras do lugar. Jungkook, com sua beleza robusta e sorriso sedutor, herdado do pai, era o centro das atenções. Jaekyung, observando o filho, sentia uma mistura de orgulho e nostalgia. Nos olhos do jovem, ele via o reflexo da esposa amada e saudosa. E a cada sorriso que brotava em sua face, Jaekyung reafirmava a promessa feita a ela: cuidar de Jungkook, guiá-lo pelo caminho certo, um legado de amor e dedicação.

Jungkook trocava impressões com uma encantadora senhorita, enquanto saboreava um litro de dreher. Ela, cativada, sorria incessantemente às palavras do jovem de cabelos ébano. Inesperadamente, Jaekyung interrompeu o momento, convidando Jungkook para um recanto mais reservado do bar. Sentaram-se à uma mesa desocupada, e apesar do barulho da música e dos efeitos da bebida, Jaekyung conseguiu expressar seu imenso orgulho pelo filho. Com olhar sincero, revelou a Jungkook sua convicção: em breve, ele superaria o pai.