Mais uma vez herói.

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Namjoon repousava num singelo banco de madeira, enquanto Yoongi jazia na grama, fiel ao seu hábito. Rafael o acompanhava, sentado ao lado. Zé, por sua vez, fumava um cigarro, atento ao diálogo entre Namjoon e Jungkook.

— Assim que o relógio marcar duas da tarde, partiremos. — anunciou Jungkook, despojando-se da camisa devido ao calor, restando apenas em calças. Zé seguiu o exemplo, descartando sua camisa sobre o ombro.

— As selas já estão ajustadas.— informou Zé, tragando o cigarro.

— E os bois já estão no cercado. Agora é só nos aprontarmos para mais tarde.— acrescentou Namjoon, planejando os próximos passos.

No bucólico cenário da casa de campo da família Jeon, o grupo descansava após uma manhã de trabalho árduo. Quando o relógio marcou duas horas, eles selaram seus cavalos e partiram rumo à vaquejada. O trajeto até a fazenda onde ocorreria o evento era longo, mas as conversas animadas tornaram a distância mais curta. Foi então que uma caminhonete conhecida parou ao lado deles: era Eunwoo, um velho conhecido. Iniciou-se uma conversa entre eles, mas Jungkook notou especialmente os três rapazes desconhecidos no carro. Eram diferentes dos jovens da região. Ao olhar para o banco da frente, Jungkook percebeu que um dos garotos o observava, mas ele desviou o olhar rapidamente, visivelmente tímido. Jungkook achou-o adorável; certamente não passava dos 16 anos, com sua aparência delicada e rosto jovial.

Após a conversa, o grupo retomou o caminho, mas aquele rosto permaneceu na mente de Jungkook.

— Nunca vi pessoas tão bonitas como aqueles três. — declarou Rafael.

— Ficou apaixonado, Rafael? — Zé provocou, rindo.

— Eu não descarto nada. — rebateu Rafael. — Eles são bonitos, até casaria.

— Falando como se algum deles aceitasse ficar com você, sendo feio desse jeito, provavelmente sairiam correndo. — alfinetou Yoongi.

— Se o Seu Joaquim ouvisse você falar que está interessado em homens, ele te expulsaria de casa. — acrescentou Zé, com um riso, mas a verdade era que o preconceito ainda persistia.

— Para quem ama, não existem barreiras.— comentou Jungkook, com seriedade.

Jungkook sempre foi reconhecido como um rapaz exemplar, tendo sido criado pelo pai após o falecimento precoce de sua mãe, quando ainda era um bebê. O carinho e a dedicação de Dona Maria supriram a ausência materna, deixando marcas profundas de amor e cuidado na vida de Jungkook. Maria foi a matriarca que incutiu nele valores de respeito, presteza e educação, atributos que o destacavam entre os homens da região.

Ao chegarem à fazenda, o grupo foi calorosamente recebido pelo proprietário, que os convidou a se deliciar com uma suculenta carne assada e bebidas refrescantes, oferecendo um momento de confraternização antes do início do torneio.

Seu Jonas sempre tratou a família Jeon com grande consideração, apesar da rivalidade que existiu entre ele e Jaekyung no passado. Jungkook compreendia bem os motivos por trás desse tratamento especial. Quando a família Jeon se tornou a mais abastada da região, Jonas mudou completamente sua atitude. Aos finais de semana, ele frequentava a fazenda e fazia questão de levar sua filha, Eliana, que era um ano mais nova que Jungkook. Jonas sempre deixou claro o quanto apreciava a união entre os dois.

— Se quiser, pode descansar lá dentro de casa, Jungkook. Não precisa ficar ao relento com os outros vaqueiros. — sugeriu Jonas.

— Não precisa. Gosto de estar ao lado dos meus amigos. — respondeu Jungkook.

— Eliana preparou um bolo delicioso de cenoura para você. — insistiu Jonas.

— Agradeço, mas estou satisfeito. — concluiu Jungkook.

Corações entrelaçados na poeira da vaquejada.Onde histórias criam vida. Descubra agora