Epílogo

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── E isso é tudo

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── E isso é tudo.

Charlotte me olhava em silêncio. Ela retirou os óculos, parecia pensativa sobre o que me diria.

── Depois de tudo isso, como você está? Sente que falar sobre isso te faz se sentir melhor? - perguntou.

── Hm, vamos ver. - levantei minhas mãos, insinuado que iria fazer uma contagem nos meus dedos. ── Eu estou preso, agora em um lugar menor ainda, rodeado de pessoas as quais não suporto e tendo que vir aqui te ver toda semana. - a encarei. ── Acha que isso é vida, doutora?

── Eu creio que esse destino foi o melhor que você conseguiu no fim disso tudo.

── Claro. Viver em uma cela pequena de uma cadeia consegue te deixar louco o suficiente a ponto de você não querer pensar em se matar.

── A propósito - Charlotte se endireitou na poltrona. ── , eu soube que dois dos detentos que dividem cela com você foram encontrados mortos. - ela afinou o olhar, continuando: ── Envenenados. Gostaria de compartilhar algo comigo sobre isso?

── Que importância tem se eles morreram ou não? Todos nós vamos morrer alguma dia Charlotte, é só uma questão de tempo ou um empurrãozinho. - falei, cruzando meus braços e fixando meu olhar no ventilador que girava no teto. ── Se eu os matei o que isso importa? Uma ou duas mortes nas costas são o de menos para alguém como eu, que foi condenado com a pior das dores.

── Pietro, sobre isso - Charlotte deixou sua prancheta em cima da mesa de centro e se arrastou um pouco para a ponta da poltrona. ── , você realmente acredita que ele vai voltar?

── Acredito.

── Mas você mesmo me disse que o viu ser morto pela polícia. Me contou que Victor foi alvejado e que viu o corpo dele cair no mar.

Girei minha cabeça na direção dela.

── Eu sei que ele vai voltar. Ele me pediu para o esperar.

── E a quantos anos você está esperando? - fiquei em silêncio, então desviei o olhar. Charlotte suspirou. ── Pietro, essa é a última vez que vamos nos encontrar. Eu queria que essas sessões que tivemos tivessem surtido algum efeito em você, mas percebo que elas falharam.

── E você não é a primeira nem a última psicóloga a falhar. Na se sinta um fracasso. - fora a minha vez de suspirar. ── Ninguém vai poder me ajudar se ele realmente não voltar para mim.

── E mesmo com tudo o que ele lhe fez, ainda sim você estaria disposto a voltar para ele? Esse tipo de amor, Pietro, foi o que te trouxe onde você está agora.

── E o que você sabe sobre isso? - a questionei, lançando-lhe um olhar frio. ── Victor me amava. Ele fez absolutamente tudo por mim até o último momento de vida dele. Acha que ele me empurraria daquele lugar por que queria e que está vivo por ai? - conforme eu aumentava meu tom de voz, ia me levantando do sofá onde eu estava deitado, me aproximando dela. ── Acha que ele me deixaria mofando aqui por todo esse maldito tempo? ME RESPONDA, SUA VACA! - gritei, vendo-a se assustar. As lágrimas já desciam pelo meu rosto. ── Era eu quem deveria ter morrido naquele dia, não ele. - sussurrei.

── Guardas. - Charlotte chamou.

Rapidamente os dois homens que estavam do lado de fora da sala entraram. Charlotte os olhou.

── Nossa sessão acabou. Queiram levar o detento, por favor.

Os dois assentiram e se aproximaram de mim. Como de costume eu coloquei meus braços para frente, mostrando os pulsos para que as algemas fossem passadas neles. Antes de sairmos, Charlotte parou na porta.

── Eu sinto muito por você, Pietro.

── Vai pro inferno, piranha. - falei, cuspindo no rosto dela.

Na saída, ao passarmos pela recepção, observei o noticiário que passava na televisão. A moça na TV comentava sobre o triste enterro de Olivia e William, os agentes aos quais ela destacou a determinação e coragem de ambos até o último momento de suas vidas diante do líder do maior império de Vadronia. Sorri com tal notícia, mas senti meu coração pesas quando em seguida vi a foto de Victor e logo abaixo dela a palavra morto.

Os dias na prisão me faziam ansiar pelo dia em que sairia daquele lugar. Eu sabia que demoraria, mas toda aquela demora de anos estava me deixando louco.

Assim que chegamos, enquanto caminhávamos em direção a minha cela, observei com atenção os olhares dos demais detentos sobre mim. Com o passar dos dias, todos aprenderam a temer minha presença, tinham medo do que poderia lhes acontecer caso tocassem em mim. Quando era preciso, quando algum desavisado tentava me intimidar ── como meus queridos colegas fizeram ── eu me encarregava de coloca-los em seu devido lugar. A falta da humanidade havia me transformado em outra pessoa. Talvez melhor, ou quem sabe pior.

Quando o dia acabava e a noite caía, era a pior hora. Era quando deitava minha cabeça no travesseiro murcho daquela cama dura e pensava em todas as coisas que fiz.

No silêncio da noite, enquanto eu tentava fechar os olhos para dormir, ouvi um barulho vindo de cima. Do Alto. E então, um breve silêncio, para em seguida eu ser surpreendido pelos pedaços de bloco que caíram do teto.

Levantei da cama assustado, assim como os demais companheiros das celas ao lado. Vi uma escada de corda atravessar o buraco e cair ali na minha frente. Sem pensar duas vezes subi nela e me vi sendo puxado para fora daquele cubículo que fedia a urina de rato. Olhei para baixo e constatei a prisão se tornar um pontinho pequeno cada vez mais. Passaram-se alguns segundos e eu estava dentro de uma aeronave cargueira.

Olhei em volta, para o rapaz que me ajudou a subir e o reconheci logo de cara. Olhei os demais, dando-me conta de quem eram. Foi então que um único rosto roubou toda a minhs atenção, fazendo com que meus olhos inundassem.

Victor se aproximou de mim e agarrou minha cintura. Cada parte do seu corpo parecia inteira e o aperto que seus braços davam em meu corpo eram muito reais. Mão era um sonho.

── Você... eu pensei que... você realmente...

── Eu disse para você me esperar. - ele falou. Sereno e calmo. ── Está atrasado para o nosso casamento, meu amor.

Sorri.

── O que estamos esperando então?

Victor devolveu o sorriso, beijando-me em seguida.

Minha Vingança É Ter Você (SERÁ RETIRADO EM BREVE)Onde histórias criam vida. Descubra agora