Capítulo 4: Akai Ito.

77 15 219
                                    

"Isaac, não!" Hope exclamou puxando seu beta pela malha da camisa. Isaac estava prestes a atravessar com tudo a divisória de meia-parede que separava a sala de espera do consultório da clínica veterinária.

"Ai! O que foi?" Isaac choramingou confuso. Teve que se equilibrar em uma perna só para não cair no chão.

Hope rolou os olhos.

Além de ter se tornado alfa contra sua vontade, seu beta ainda era um bebê chorão. Ela agarrou a mão do cacheado, e se aproximou lentamente da divisória, delimitando um espaço seguro entre eles e o móvel de madeira.

"Devagar, tente se aproximar," Hope o ordenou e soltou sua mão, como uma mamãe loba guiando seu filhote para fora da toca pela primeira vez.

Isaac piscou algumas vezes para a meia-parede, um tanto intrigado, porém não questionou as ordens da alfa. Deu um passo a frente, encarando fixamente a divisoŕia, tentando apreender seu segredo. Com mais um passo, esticou a mão para tocar a madeira.

Hope observava atentamente seu beta, "Não toque, apenas faça menção," Hope mentoreou.

Isaac assentiu. Sua mão obediente lentamente ameaçou tocar a divisória, mas no mesmo segundo foi repelida por uma queimação oculta. Isaac deu pulo abrupto para longe, sendo apanhado na retaguarda pela bruxa.

"Tá vendo? E isso é sem tocar," Hope explicou equilibrando o corpo do beta. "Seria ainda pior se tocasse."

"Você poderia ter só avisado," Isaac resmungou com um bico, massageando a mão.

"Mas aí não teria graça, não acha?" Hope falou, travessa. Em seguida, caminhou para a parede ao canto da divisória e apertou a campainha instalada na parte posterior à parede. "A experiência tem que ser completa, e acredite, eu ainda aliviei pra você, podia ser o corpo todo."

"Obrigado?" Isaac respondeu com as sobrancelhas franzidas.

"Own, de nada," Hope agradeceu com um falso sorriso meigo.

"Mas o que é isso? Na parede?" Isaac perguntou, curioso.

"Tramazeira," Hope respondeu concisa. Apertava impacientemente a campainha, quase a afundando na parede.

"E esse efeito? O que é?"

Hope suspirou. Por isso não servia para essa posição. Sua paciência era limitada. Era restringida a apenas algumas doses diárias.

"A tramazeira é uma árvore com propriedades especiais de proteção contra o sobrenatural. Essa divisória foi feita com a madeira dessa árvore, então qualquer ser sobrenatural que tenta atravessar é repelido violentamente. Essa sensação que você sentiu agora, não é nada. Dito isso, nunca tente romper a barreira, entendeu?" Hope endureceu o olhar sobre seu beta, para deixar claro que aquilo não era um pedido; "Você sucumbiria."

Isaac abaixou a cabeça, acatando a ordem da sua alfa sem questionamentos. Hope pensou em reprovar o comportamento submisso do beta, mas não faria nenhuma diferença. Não é da natureza dos lobos passar por cima da cadeia hierárquica. Apenas tomaria cuidado para não subjugá-lo com frequência.

"Hope?" Deaton indagou quando atravessou a entrada principal da veterinária e se deparou com a bruxa na sala de espera. Estava agarrado a uma sacola de papel branca com a logo da 'Satoru Restaurant'. Único restaurante que servia comida asiática na cidade.

'Inferno de tramazeira.' Hope ralhou. O druída sequer estava na clínica.

"Preciso da sua ajuda," Hope soltou sem rodeios, encarando seriamente o druída.

"Hmm," Alan vocalizou caminhando para o outro lado da divisória de tramazeira, não esquecendo de fechá-la logo em seguida. "E por que eu te ajudaria?" O druída indagou, desviando sutilmente o olhar para o garoto que se mantinha afastado da conversa, curioso de quem seria.

ʟᴇɢᴀᴅᴏꜱ || ᴄʀᴏꜱꜱᴏᴠᴇʀOnde histórias criam vida. Descubra agora